Eólica marinha, cantos de sereia
O vento é energia, e as empresas de electricidade sabem muito bem disso. Sabem porque levam anos explorando o nosso vento com turbinas eólicas por todo o pais. Mas o vento no mar tem várias vantagens, porque é mais constante e forte que em terra desde onde nom se escoita o ruído e podem ficar case ou totalmente invisíveis. Por isso podem colocar turbinas muito mais grandes e de maior potência. Para as empresas de electricidade a nossa costa é umha grande oportunidade para se enriquecer.
No nosso pais a gente do mar conhece bem o vento, sabe que pode matar, mas também sabe que trai riqueza. Os ventos de sul e sudoeste do inverno traim temporais e removem as águas, o que é necessário para pechar o ciclo biológico começado na Primavera. O nordeste, que provoca os afloramentos de aguas frias no verao, é o responsável da alta produçom e qualidade dos nossos peixes e mariscos. Todo isto acontece nas nossas rias e plataforma continental. E também todo isto configurou a nossa forma de viver, de assentar populaçom na costa, de compreender o mundo, de desenvolver a língua... nom se pode entender A Galiza sem o mar. Tivemos e seguimos tendo umha grande dependência dos recursos do mar, desde a fabricaçom de embarcaçons, aparelhos de pesca, motores, instalaçons portuárias... a própria pesca e marisqueio e as actividades de distribuiçom, transformaçom e venda de peixes e mariscos, criam umha parte importante do nosso PIB, ademais de fixar populaçom em pequenos núcleos distribuídos ao longo dos 1.500 km do nosso litoral.
Mas coa desculpa da necessidade de procurar substituir os combustíveis fósseis por energias renováveis (haveria que falar primeiro da necessidade de mudar o modelo de consumo, antes de procurar novas fontes), o estado espanhol realiza umha nova ofensiva sobre os recursos da Galiza, neste caso o vento no mar. Nom muda nem o método, nem a consideraçom, sempre fomos tratados como umha simples colónia de Espanha de onde tirar recursos em troca de nada, e de novo aplica-se o mesmo. O estado elabora os POEM (Planos de Ordenaçom do Espaço Marítimo), onde sem importar a exploraçom pesqueira decide, sempre dentro da plataforma continental (onde estám os recursos pesqueiros) criar 5 zonas de instalaçom de “parques eólicos” as (NOR 1, 2, 3, 4 e 5) e já há várias propostas para instalar parques de turbinas eólicas nessas zonas, mas que é o que isso significa:
1.- Todas elas acima de áreas de pesca, com o qual a pesca é proibida, ademais de dificultar os movimentos de acesso a outras áreas de pesca, é proibido navegar através delas. Perda de capacidade pesqueira, despece de barcos, perda de postos de trabalho, mais pobreza e mais emigraçom.
2.- A energia eléctrica produzida vai para fora da Galiza, para o desenvolvimento económico de Espanha. Nom há nengum projeto associado a estes “parques eólicos”, vinculados ao desenvolvimento próprio.
3.- Todas as empresas som de fora da Galiza, eles pagam seus impostos fora de aqui.
4.- Nom há problema só polos parques, as linhas de evacuaçom som também um problema, os cabos que conectam a subestaçom transformadora saem com 220Kv (200.000 vóltios) a terra, isto gera um grande campo magnético que afecta à vida marinha. Alguns projetos descarregam na primeira linha de costa, outros dentro das rias. De novo proibiçom de pescar arredor e alteraçom de grande parte da fauna, em particular os peixes, que detectam os campos magnéticos.
5.- Todas as zonas NOR estám situadas dentro da estreita plataforma continental galega, o que implica ademais que som visíveis desde terra.
6.- Afetaram também às migraçons de aves e com muita probabilidade aos deslocamentos dos cetáceos, devido ao ruído que geram as turbinas.
O governo de Espanha e a sucursal Junta da Galiza regalam os nossos recursos mesmo que isso signifique umha grande afeiçom para o ambiente marinho e a economia da Galiza.
Há também quem justifica todo isto, respostando que se vam criar postos de trabalho que compensarám as perdas (nom é entendível que se tenha que perder nada quando há alternativas), esses postos criariam-se na fabricaçom de todos os componentes dos parques eólicos que se vam construir. Mas que componentes:
1.- Havia na Galiza duas fábricas que elaboravam pás para turbinas eólicas, as duas estám pechadas.
2.- As turbinas fabricam-se fora da Galiza e nom há nengum projeto para as fabricar aqui. O mesmo que os mastros sobre os vam colocadas.
3.- Os barcos para deslocar e instalar todos os componentes vam vir de fora da Galiza, nom se vam fazer nos nossos estaleiros, o pessoal qualificado que trabalha neles e na instalaçom, viram muito provavelmete também de fora.
4.- So fica aqui a construçom das bases de flutuaçom, fabricar tubos. Para isso destruírom-se as gradas de Navantia Fene, pechando assim definitivamente a possibilidade de voltar construir barcos (grande negócio este, tubos por barcos), cedendo ademais umha instalaçom pública a umha empresa privada. E de novo, quem som os grandes defensores desde grande “desenvolvimento industrial”?, os sindicatos espanholistas CCOO e UGT (sempre ao serviço de Espanha) que também tenhem via libre para escrever os seus “artigos” em La Voz de Galicia, cantos de sereia para ouvidos amolecidos.
Ainda queda um outro fator a ter em conta, também pudemos escoitar de nom sei cantas indústrias que se iam instalar na Galiza para aproveitar o excedente de energia eléctrica. Há que ter em conta aqui duas cousas:
1.- A Galiza já exporta mais electricidade da que produze, haveria umha sobre-produçom ainda maior
2.- A segunda questom é possivelmente a mais importante, umha grande parte da electricidade produzida com as turbinas eólicas perde-se. É fácil de compreender, coa térmica, nuclear ou a hidráulica produze-se electricidade quando se precisa, incluso com a solar produze-se em horário diurno que é quando há mais consumo, mas a eólica nom entende de horários ou mercados, só entende de vento, assim que umha grande parte perde-se sem se poder utilizar.
Bem, entom que fazemos com o excedente, pois há que o acumular. Primeiro porque se produze igualmente ainda que nom se gaste, e segundo porque nom todo pode funcionar com electricidade e necessitamos combustíveis substitutos (hidrogénio, metanol ou amoníaco). Temos entom duas alternativas, armazenar a electricidade (baterias, estaçons de bombeamento) ou transformar a electricidade em energia química (combustíveis), haveria ainda mais opçons mas estas som as mais simples e viáveis na nossa zona.
Ante todo isto há umha realidade, existem muitos propostas e projetos para instalar parques de eólica marinha, mas onde estám as propostas para acumulaçom do sobrante de energia eléctrica?
De novo os cantos de sereia, mas só há apenas concreçons para estaçons de bombeamento, precisamente a possibilidade mais prejudicial para o ambiente natural. Também há provas evidentes de que os cantos de sereia nom som mais que isso, muito canto e pouca realidade, nom há mais que revisar o traçado dos hidroductos europeus onde A Galiza fica fora.
Mais umha vez política colonial pura e dura desenhada desde o estado na que nom somos mais que fornecedores de recursos. Diminuiçom da capacidade produtiva das já arruinadas pesca e marisqueio na Galiza, provocando paro e emigraçom por falta de futuro. Roubo dos nossos recursos em troca de nada, nem ficam aqui dinheiro ou projetos industriais que podam gerar postos de trabalho, os nossos recursos vam gerar muita riqueza mais toda fora da Galiza. A energia eólica que vendem como renovável, limpa e geradora de desenvolvimento e riqueza. Aqui vai ser o de sempre, suja porque vai afetar ao ambiente marinho, destrutora de trabalho e empobrecedora.