Voto branco e nulo nas eleiçons de 22 de Maio: um voto de protesto?
Nas recentes eleiçons municipais assistimos a um importante crescimento do voto branco e do voto nulo, especialmente nos espaços urbanos. Embora seja discutível a razom deste incremento cremos que quando menos umha parte significativa desses votantes tratou de exprimir desse jeito um voto de protesto. Um tipo de voto que noutras ocasions beneficiara ao nacionalismo galego.
O 22 de Maio os votos brancos ascendérom a 37.808 e os nulos alcançárom os 27.463, 2'35% e 1'71% respectivamente segundo os resultados provisionais publicados polo Ministério do Interior. Entre os dous un crescimento do número de votos de 59 % em comparaçom com os das municipais de 2007 (obviando na comparaçom a questom dos residentes ausentes que formavam parte do censo em 2007 mas nom em 2011) para alcançar 4% do censo. Porém estes datos do total da Galiza ocultam a relevância quantitativa que alcançou este voto nas áreas urbanas. O crescimento nas sete principais cidades galegas foi de perto de 70% e no caso do voto nulo situou-se em 154%. Destarte o voto nulo e o branco sumárom em A Corunha mais de 6%, em Santiago 5'9%, em Ferrol 6'7%, etc. No gráfico vemos a suma dos votos brancos e nulos nestas sete cidades em 2007 e 2011.
É muito discutível qualquer interpretaçom deste fenómeno mas neste caso cremos que umha parte significativo deste voto, especialmente do voto nulo que foi o que experimentou um maior crescimento, reflecte um voto de protesto. Um voto de protesto que ainda que teoricamente se dirigia cara as elites económicas e políticas, acabou castigando especialmente ao BNG ao ser noutras ocasions o beneficiário de parte deste voto. Nas eleiçons de 22 de Maio som vários os factos que apontam neste sentido.
O primeiro é um facto completamente subjectivo, nasce da constataçom dos resultados num colégio eleitoral em Lugo. Trata-se dum colégio no que se situam quatro mesas, numha delas o BNG alcançara nas municipais de 2007 a maior percentagem de voto no município de Lugo. Em 2011 nalgumha das mesas desse colégio a percentagem de voto branco e nulo se aproximou a 10%, quase tantos como votos tivo o BNG nesse mesma mesa. Um boa parte dos votos nulos fórom-no por incluir a mesma fotocópia, um desenho no que se criticava aos políticos. Permitidi-me que a isto lhe acrescente umha mera impressom sem nengumha evidência que permita corrobá-la, baseada na simples observaçom do comportamento do eleitorado, asseguraria que umha boa parte desses votos brancos e nulos se correspondem com o perfil etário no que o BNG alcança tradicionalmente um maior apoio.
O segundo é um dado numérico, questionável a interpretaçom mas nom as cifras a nom ser que haja algumha gralha na publicaçom dos dados por parte do Ministério do Interior ou nos meus cálculos. Ponte-Vedra, a única cidade na que o BNG tinha a alcaldia e na que experimentou um considerável ascenso, foi também a cidade na que menos cresceu o voto nulo e branco. Enquanto no resto das cidades cresceu por riba do 60% e nalgumha chegou a duplicar-se, em Ponte-Vedra apenas o fijo 25%. Semelha que onde a cidadania tivo a oportunidade de constatar o que representa que o BNG esteja á frente do governo municipal dumha cidade, onde a possibilidade de que BNG alcançasse a alcaldia era real, as desencantadas e os desencantados da política fórom menos. Indica ademais que o voto branco e nulo noutras cidades seguramente tivo umha maior incidência nos segmentos da populaçom mais proclives a votar ao BNG.
Há ainda um terceiro facto que indica um crescimento do voto protesto nestas eleiçons mas que nom se manifesta no voto branco ou nulo. O crescimento de opçons com umha débil introduçom social, sem representaçom municipal e com escassas possibilidades de aceder a um governo municipal. Como explicar por exemplo o resultado eleitoral de Os Verdes em Vigo (2.441 votos)? Como explicar o crescimento eleitoral de EU em cidades nas que nom tinha representaçom enquanto perdia 40% dos votos em Ferrol ou quase 30% em Vila-Garcia? Chamativo também é o caso de Redondela onde umha agrupaçom de eleitores crítica com o sistema de partidos e que teoricamente defende a participaçom directa dos vizinhos, formada fundamentalmente por gente moça, obtivo um concelheiro.
Enfim semelha que os resultados das recentes eleiçons municipais evidenciam o xurdimento dum espaço eleitoral novo, ou que quando menos nom alcançara até agora essa dimensom quantitativa. Um espaço no que se situa umha parte do voto em branco e do voto nulo mas seguramente também umha parte do voto a distintas opçons políticas. O paradoxo deste voto é que seguramente favoreceu aos que criticava, fortaleceu ao PP, em menor medida ao PSOE e debilitou a aquelas opçons que defendendo outro modelo económico, social e político competem também no terreno eleitoral como é o caso do BNG. Porém a queda do nacionalismo nos ámbitos urbanos nom se explica unicamente polo incremento deste voto protesto, estamos falando dum espaço inferior numericamente à perda de votantes do BNG. Afirmava o vozeiro do BNG numha recente entrevista o BNG deve demostrar-lhe à gente -também aos que optárom por este voto acrescentariamos nós- que as nosas alternativas som úteis.