Torre de Marfim


«A expressão Torre de Marfim designa um mundo ou atmosfera onde intelectuais se envolvem em questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia-a-dia. Como tal, tem uma conotação pejorativa, indicando uma desvinculação deliberada do mundo cotidiano; pesquisas esotéricas, superespecializadas ou mesmo inúteis, e elitismo acadêmico, se não, desdém ilimitado por aqueles que não habitam a proverbial torre de marfim» (Citação da Wikipédia)

Numa sociedade colonizada é natural que os conscientes dessa colonização chorem (metafóricamente) a situação sempre lazerante da colonização. Quer no plano lingüístico, quer no económico e laboral, quer no biológico e paisagístico, quer... qualquer dos muitos que sofremos.

Não é tão natural, pola contra, que esses conscientes da colonização, entregando-se ao derrotismo, dessertem da imprescindível luta por conjurar os mecanismos do colonialismo. E hai muitas maneiras de render-se. Ensumir-se em lamentações ou descrições dos males é uma delas.

O que resulta deprimente é ver em aqueles que teriam que estar (teriamos que estar) fazendo algo, frenética e denodadamente, para frenar essa situação, exercendo de lamentacionistas (permita-se-me este neologismo) profissionais. Ler TeT ou Sermos Galiza, por citar dous meios nacionalistas galegos, é um deprimente exercício. E ademais não serve como catarse porque não há redenção final. Nem Jeremias era tão derrotista! Ele advertia que o colapso do seu povo obedecia a ignorarem a vontade de Iavé-Deus.

Que directrizes hão de seguir os galegos para evitar (ou paliar) o desastre? Há algum plano? Há alguma campanha informativa desenvolvida? Eu não tenho novas disto. Dizer que abraçamos o independentismo não é um plano, é um objectivo. Imprescindível para sobreviver, tenho certeça. Mas ter uma certeça não nos reporta automáticamente a capacidade de convencer.

,Nós, infelizmente, nem damos alternativas. Estamos paralisados polo desánimo. E quando uso a 4ª persoa refiro-me aos declarados galeguistas e nomeadamente os colaboradores desta publicação electrónica. Para fazermos algo no sentido da independência ou quando menos da recuperação do caminho dessandado nos últimos 10 anos necessitamos uma base social, necessitamos factor humano e que este factor humano aposte por uma opção anticolonial.

Segundo as últimas estatísticas, o BNG perde intenção de voto durante o periodo de crise mais brutal nos últimos 30 anos. De não ganharmos apoios agora, quando? Estou certo de que este caminho costa abaixo é o resultado duma estrategia errada. Não se contrarresta as mil maneiras de colonizar-nos mantendo-se na torre de marfim, ensoberbecido pola nossa inteligencia e capazidade de análise, e aguardando a que os demais descubram o que nós já sabemos ou cremos saber. Há que sair á rua (não só para se manifestar contra) e dinamizar a sociedade. Sermos líderes de iniciativas que acheguem á gente (militantes, simpatizantes e colaterais) a um esperançado futuro, que amplie a base social e que permita, no futuro, uma maior base electoral.

Mas mentres não chegam as esperadas vitórias electorais (40 anos agardardo-as) não podemos ficar dormidos na nossa torre de marfim. Há que seguir formando, contrarrestando a quotidiana carga de desgaleguização, transmitindo as nossas conclussões e intuições, informar, promover, animar, divertir, sensibilizar, DESCOLONIZAR a quantos mais melhor. Mesmo ainda que não gostemos de certas iniciativas, todas contam, todas são semente de pátria futura, mentres cumpram os mínimos de galeguismo.

E devo lembrar que é a gente nova a que mais deve interessar ao movemento nacionalista? Envelhecemos. Como nação e como movemento emancipador. Cada vez menos gente nova se integra na luta pola Galiza. E nós que lhe oferecemos? Queixas, lamentações e depressivas perspectivas. Uma festa!

E se isso for pouco, entregamo-nos com furor ao cainismo. Se alguém propuger algo não merece nem atenção. Se alguém fixer algo não merece mais que despreços e críticas. Para monstra a recente crítica da Campanha de “Vivamos como galegos” de Gadis. A UNICA campanha feita, na história recente, neste país promovendo o orgulho de sermos quem somos, ainda que for a base de tópicos... Que tem feito o BNG nesse ámbito? Quais são as actividades dos nossos políticos promovendo a nossa identidade?

Nada que se pudesse resenhar.

Sim. Com certeça erramos nos nossos objectivos e tácticas, mesmo nas nossas estrategias. Erramos e seguimos a errar. Não solucionamos os nossos problemas do passado nem estamos sentando bases para futuro... cada dia somos menos, mas temos a ração. Que boa estrategia! Não há ninguem que veja o problema