Por insistir...!


Os resultados das elecções do 20D levam sido analisados, desde então e com diversas perspectivas nestas páginas com insistência ...nalguns casos com metáforas marinheiras e mesmo arquitectónicas de grande alento. Não vou redundar. Ou, tal vez, si.

O que quero dizer é que não vou repartir nem julgar se as culpas são destes ou daqueles, de dentro ou fora do BNG, não. No que si quero insistir é noutras necessidades. Tal vez não sejam muito concretas mas devem ser enunciadas primeiro para depois podermos reflexionar sobre elas. Ei-las

Segundo eu creio, um partido nacionalista deveria aspirar a promover, a construir uma nação. Não a penas a desejá-lo. As nações são um acto da vontade do povo que a constitui e nesse caminho temos que caminhar. Mas a base social e o modelo político da Galiza estão altamente colonizados e assumem uma concepção de região dos mecanismos sociais, económicos, políticos e mesmo culturais. Há que combater essa desídia, entrega e conformidade com o status quo. Outra Galiza é possível e somos nós, os galeguistas (nacionalistas) os que devemos construí-la mesmo contra a vontade do poder político instituido ou precisamente contra ele.

E a construção dum projecto nacional como o nosso, onde a vinculação emocional é baixa, deve começar por solucionar os problemas reais da gente: O trabalho, a formação, a atenção das necessidades sociais, mesmo as ajudas. Tenho na mente a função de substituto do estado que os Irmãos mussulmanos desempenha(ra)m, no Egipto de antes de serem banidos, com escolas, hospitais, atenção aos mais desposuídos...

Ao tempo a formação ideológica deve acompanhar este esforço por suplir as funções que a Xunta de Feijoo não cumpre.

O BNG em particular e o nacionalismo galego em geral leva desenvolvendo uma política á defensiva desde hai mais de vinte anos. Necessita-se tomar a iniciativa para ganhar e estamos a conformar-nos com o empate... Que ilusos! Quem nos dera o empate! Perdemos por goleada.

1.- O BNG em particular e o nacionalismo galego em geral parecem estar desconectados da realidade que o rodea. Tal vez não seja que não conheça a realidade. Tal vez seja que não gostamos dela... mas é a que hai. Se queremos modificá-la não fica mais hipótese que refuzir as mangas e pór-se ao trabalho de mudá-la.

2.- O país envelhece e o BNG com ele. O diagnóstico que servia de guia de roteiro está desfasado... Como cos velhos, as enfermidades do país têm-se agravado e mutado e os tratamentos necessários também (valha a comparação).

3.- É imprescindível aproximar-se da gente nova e fazer que conheça, primeiro, e que sinta o impulso de se implicar com o país, depois. Tal vez, de inciar-se esta política hoje, poida colheitar-se o fruto nalguns anos, lustros ou tal vez décadas.

4.-Sabermos com a razão não pode ser suficiente para nós, compre convencer a quem se poida convencer e dar-lhe ferramentas e ilusão. Procurar votantes de ocasião nunca nos proporcionará a base social que necessita uma verdadeira mudança neste país.

5.- A convergência e a colaboração devem ser elementos essenciais da actividade beneguista, nacionalista e galeguista. Pretendemos manter a identidade dum povo que, em boa parte, não quer manter-se nessa identidade. Haberá que oferecer-lhe soluções e motivos para se sentir, quando menos, satisfeito de ser o que é.

6.- Aguardar a que a solução chegue da mão do poder político é uma quimera. Os sucessivos governos da Xunta da Galiza tiveram e, ainda mais hoje, têm como objectivo principal a liquidação da Galiza como nação, país e, se me apuram, região histórica.

7.- Se ciframos as nossas esperanças em ocupar essa parcela de poder da Xunta, devemos abandonar toda esperança. Com esta trajectória afastamo-nos tercamente dele quanto mais tempo passa... Algo falha e não parez que ninguém se ponha a modificar a estrategia, apenas a fazer uns reajustes.

8.- Para mudar esta trajectória seria conveniente criar um crecente grupo social que tenha no seu horizonte votar a uma formação nacionalista e isto apenas se consegue com uma permanente educação da sociedade.

9.- A estrategia não deve se confundir com a táctica. A táctica é o meio polo que podemos levar adiante uma estrategia em cada ocasião. A estrategia ha de se traçar com uma análise realista da situação, dos meios com os que contamos e do objectivos concretos e sequenciados que perseguimos.

10.- A tarefa de formação da sociedade não acaba jamais e nós temos deixado no sistema escolar público o peso dessa formação. Aa meninho, como á sociedade, educa-o toda a tribo, não apenas os profes de lingua.


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Nota da Fundación Bautista Álvarez, editora do dixital Terra e Tempo
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