Outubro

A gigantic painting of Lenin addressing the crowd upon his return to Russia during the Russian Revolution.  Note the disaffected bourgeoisie, military officers, and priests in the lower right.  The painting hangs in the Museum of Political History.

É impossível falar do último século sem falar da grande Revolução Socialista de Outubro, o maior acontecimento libertador da História. Mesmo os seus inimigos o sabem. Por isso a denigrem e falsificam. Porque a odeiam, mas também porque dela continuam a ter medo.

A Revolução de Outubro mostrou que é possível uma sociedade diferente, que é mentira que tenha de ‘ser sempre assim’. Mostrou que a Humanidade não precisa de banqueiros, de grandes capitalistas ou latifundiários para viver e progredir. Mostrou que quando a sociedade humana deixa de alimentar os apetites insaciáveis das classes parasitárias, cai por terra a tese do ‘não há dinheiro’ para despesas sociais.

Apesar do atraso da Rússia czarista e da hostilidade permanente das classes exploradoras de todo o mundo, a União Soviética socialista assegurou ‘dinheiro’ para alfabetizar e educar todo o povo, com ensino gratuito e de qualidade. ‘Houve dinheiro’ para assegurar cuidados de saúde gratuitos, férias, descanso, cultura, ciência e desporto para todos. ‘Houve dinheiro’ para, sem esmolas caritativas, assegurar direitos laborais, segurança na terceira idade e perante os infortúnios da vida, direitos das mulheres e das crianças. O desemprego foi erradicado. Enquanto o mundo capitalista se afundava na grande crise dos anos 30, a URSS assegurou um impetuoso desenvolvimento das forças produtivas, transformando-se numa grande potência industrial. Façanhas possíveis porque a sociedade deixou de ser gerida em função do lucro e dos interesses do grande capital financeiro.

A Revolução de Outubro não foi apenas uma Revolução russa. Foi uma Revolução que inspirou os trabalhadores e povos de todo o mundo. Foi uma Revolução da Humanidade trabalhadora, explorada e oprimida. Foi o seu exemplo que pôs fim à carnificina da I Guerra Mundial, alentando a revolução alemã de 1918. Que levou o movimento operário de todo o mundo a criar os seus partidos revolucionários de classe e potenciou a luta das classes exploradas pelos seus direitos sociais. Que inspirou os povos colonizados (a maioria da Humanidade) a libertarem-se da dominação imperialista. Que inspirou novas revoluções socialistas e a luta anti-fascista. Foi o pavor de que o exemplo da Revolução de Outubro se generalizasse que levou o grande capital – sobretudo após a derrota da aposta no fascismo – a fazer concessões que representaram avanços sociais até então desconhecidos e que não são fruto do capitalismo, como os dias de hoje dramaticamente comprovam. A Humanidade deve muito à Revolução de Outubro. Incluindo a derrota do monstro nazi-fascista, filho do capitalismo em crise, e a defesa da paz mundial.

Não é um acaso que o desaparecimento da URSS tenha sido acompanhado de um enorme retrocesso para os trabalhadores e povos do mundo: explodiram de novo a exploração de classe desenfreada, enormes desigualdades sociais e as guerras e agressões do imperialismo. O capitalismo, mais livre para funcionar de acordo com as suas leis (e contradições), caiu numa profunda crise sistémica. É também o século XXI que mostra que a Revolução de Outubro faz falta aos trabalhadores e aos povos. E ninguém melhor do que as classes dominantes deste cada vez mais parasitário e destrutivo capitalismo sabe que ela aponta o caminho do ‘outro mundo’ necessário e possível. É por isso que, cem anos depois, continuam a temê-la e odiá-la. Viva a Revolução de Outubro!

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2293