Mesmo método, mesmo resultado

Desde há tempo de máis –e de máis teria sido uma década- a política do BNG está orientada á consecução do poder político a meio das eleições. Não seria um mal objectivo se, como tendência habitual, o electorado galego se move-se numa área eleitoral próxima desta formação. O certo é que não só não é assim, senão que o Bloco e as suas cisões perdem peso real na sociedade. O BNG, nas últimas municipais, atinge algo menos dum 13% de votos, fronte a um 61% aproximadamente dos associados-contricantes (35% do PP+ um 26% do PSOE) [1] nessa pantomima pseudo-democrática que chamamos “Reino de España”. Conserva-se de modo evidente o bipartidismo quando um dos implicados, o PSOE, estava praticamente fora de jogo na realidade galega.
É certo que o PP tem perdido um número importante de sufrágios nas recentes eleições, segundo Feijoo por defunção dos seus votantes. Antes isso era mesmo um motivo para acrecentar os votos dos finados. Aliás devemos ser conscientes de que este contexto vai ser difícil vivê-lo (oxalá) em muitos anos. O PP nunca caíra tão baixo mas nunca houvera uma estafa como esta, que chamarom crise.
E não parez que os líderes da fronte se lançam-se á rua a atraírem a intenção de voto do indignado ou do indeciso. Por isso não só não ampliou a base social senão que «O BNG: Perde máis de 72.000 votos e catro puntos respecto a 2011, pero ten 13 maiorías absolutas e catro relativas. Crece na Costa da Morte e no sureste da provincia de Ourense, e mantén os apoios xa tradicionais de Allariz (65,53%), Pontevedra (43,08%), Tomiño (52,30%) e Bueu (64,05%). O municipio onde máis porcentaxe de voto ten é en Zas (69,53%). Non presentou candidatura en 54 concellos, e en 39 dos que se presentou tivo menos do 5% dos votos.» (Grial Parga) Toda esta informação foi, está a ser e será analisada nos tempos recentes, assim que não entrarei no assunto.
Na gráfica podemos observar que desde o ano 95 a oscilação na percentagem de votos, com ser significativa, é mínima. Isto tem uma leitura: a formação “vive” dum eleitorado mais ou menos fiel nos comícios municipais. Mas não se pode pretender ir muito longe sem se mover da zona de conforto e estes resultados parecem transluzir que se vai ao seguro. A percentagem de participação (66 %) num momento em que o electorado deveria estar desejoso de mudar o panorama de corrupção, desesperança e latrocínio teria permitido ampliar considerávelmente o número de votantes, quando menos até um 20%, tal vez um 25%... se temos em conta as variadas formações no entorno ideológico do nacionalismo.
Mas não se aproveitou essa veta. Parece evidente que as fórmulas (quaisquer que forem até hoje) têm fracassado estrepitosamente no conjundo da nossa geografia. O motivo central, no meu modo de ver, destas “contínuas vitórias” até a derrota final -que, esperemos, não chegue- foi perder a iniciativa perante o bloco espanhol, se alguma vez a teve.
Desde há mais de trinta anos o nacionalismo galego joga á defensiva, ao contra-golpe... Seguindo co símil futeboleiro, tem a bola quando o contrário a perde, mas ainda assim ressulta muito difícil meter-lhe um gol porque eles são duas equipas coordinadas e decididas a não deixar passar nem uma bola (de metafórico fútebol), mesmo quando pactam connosco.
,MUDAR OBJECTIVOS
Parez que nas cúpulas políticas das formações nacionalistas os resultados forom saudados com certa complacência. Mesmo os êxitos locais nalguns concelhos forom usados para maquiar ou disimular a terrível realidade: nem com esta crise e o cabreo do eleitorado somos quem de fazer-lhes morder o pó. Como muito luxar-lhes a caras americanas dos seus trajos. Nalguns coutos de poder o resultado pode chegar a ser intenso num futuro próximo, mas nem por isso é uma vitória.
Na minha opinião deveriamos reflexionar séria e profundamente a onde queremos chegar. Desejamos apenas chegar ao poder ou temos a intenção e o designio de transformar a sociedade e, com ela, o nosso país?
Acho que se formos sinceros e esquecessemos que cada quatro anos temos que voltar á fonte dos votos, escolheriamos decididamente a segunda opção. Mas a iteração do modelo campanha-eleição-pactos-(governo) ocupa-nos muito esforço e confunde os nossos objectivos até perdermos o norte. O nosso norte não pode ser outro que a transformação da sociedade, a re-galeguização dos nossos votantes presentes e futuros, nomeadamente dos futuros. E sobre esse corpo social nada ou muito pouco se tem feito.
Não devemos esquecer que chegar ás conclussões que “justifiquem”, no nosso entorno, o galeguismo (seja qual for a sua intensidade) deve superar a “prova do necessário” pois o “normal” é o contrário... numa proporção de 1-6, mais ou menos, e a se incrementar em cada geração. Se for óbvio o prejuíço de que somos vítimas, os galegos em massa defenderiam a sua identidade formulada em termos de língua, tradições, escolhas políticas ou qualquer outra senha de identidade que queiramos seleccionar. Mas chegarmos a esse ponto requer de instrumentos de análise dos que o sistema nos afasta com todo o seu poder.
Os difussores do ideario galeguista (desde o independentismo até mesmo os rexionalistas) trabalhamos contra corrente. Uma corrente como a do Golfo, cálida, potente e imperceptível a simples vista para o navegante pouco avisado. E nunca devemos dar por sentado nenhum argumento. Muitos repressentantes políticos, culturais ou sociais (se é que podemos falar de tais) dentro nacionalismo crem que o que eles pensam é tão evidente que não o vê quem não quer. E esse é o inimigo fundamental do nosso.
Há milheiros de persoas, simplesmente desinformadas, faltas de critérios ou meios para a análise, que aceitam como única verdade o que se lhes apressentar nos meios de comunicação convencionais. Não é bom se enganar. Compre fazermos uma análise realista da realidade, da realidade actual e projectar a futura. Quem não é nacionalista pode chegar a sê-lo mas o processo é uma autêntica maçada, um esforço, um sacrifício. E para quê? Perguntam-se muitos. Viver como galegos com conciência é um trabalho incómodo e desalentador. Uma luta que se perde cada dia contra a inércia social e precisa de muita energia e convição para se erguer uma e outra vez para segui-la.
E a nossa sociedade procura um hedonismo superficial muito aventado polo poder que se beneficia dele (não estou em contra do desfrute, eu mesmo o goço quanto podo em geral e em particular), mas a consciência das cousas não nasce debaixo das pedras, há que sementá-la, regá-la, tirar-lhe as más ervas, adubá-la e mantê-la até que seja suficientemente robusta para se valer por si... e vigiar para que não a incêndie um lume.
O que nos compre, hoje como hai cem anos, é CREAR CONSCIÊNCIA DE NÓS, difundir, propagar, consciênciar do que nós somos. Não apenas em termos de nacionalismo ou de partido, mas em termos sociais. Crear, a força de formar e informar, a base social que poida transformar a nossa sociedade cos seus votos mas, sobre tudo, com a sua acção diária, com o seu sentir e pensar. FAZERMOS PAÍS.
E quando falo deste objectivo não me estou a referir ao trabalho dos mestres e professores dos diversos ensinos na materia de Língua nas aulas. Estou a falar dum trabalho orientado a toda a sociedade em todos e cada um dos momentos da vida social e individual.
O processo de “captação” há de ser muito mais activo e multiforme. A educação permanente da sociedade é um esforço e um labor diário, rúa por rúa, trabalho por trabalho, acto por acto. E o esforço essencial ha de ser o idioma. Somos galegos por obra e graça do nosso idioma dixo alguém há quase cem anos. Os mesmos que enchem a boca a defender o nosso idioma deveriam esforçar-se cada dia por melhorar o idioma que, com demasiada frequencia, perpetram em lugar de utilizar, sem ninguém se escandalizar. Passou o tempo –que nunca devera ter existido- de dizer “o importante é falar, sem importar como”.
Mas o trabalho esencial não pode deixar de lado os outros trabalhos, complementários e sinérgicos da conciência do expólio material e humano que padece o nosso país. Desterrar duma vez a ideia de que Galiza é uma parte de Espanha, demostrar por quê é uma colónia, ainda que alguns se mofaram e sigam a mofar-se do termo, por medo do poder revelador do concepto. E começar a construir, de novo, uma sociedade que se identifique consigo mesma. E fazê-lo fora do sistema, sem subenções nem ajudas do poder oficial. Por Nós mesmos.
[1] seguirei Grial Parga em Praza Pública, para o dados neste artigo (http://praza.gal/politica/9638/sete-mapas-para-ler-galicia-despois-do-24m/ )
Mapa: https://grialparga.cartodb.com/viz/392316d2-0475-11e5-bfac-0e853d047bba/public_map?zoom=8¢er_lat=43¢er_lon=-8
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Nota da Fundación Bautista Álvarez, editora do dixital Terra e Tempo: As valoracións e opinións contidas nos artigos das nosas colaboradoras e dos nosos colaboradores -cuxo traballo desinteresado sempre agradeceremos- son da súa persoal e intransferíbel responsabilidade. A Fundación e mais a Unión do Povo Galego maniféstanse libremente en por elas mesmas cando o consideran oportuno. Libremente, tamén, os colaboradores e colaboradoras de Terra e Tempo son, por tanto, portavoces de si proprios e de máis ninguén.
É certo que o PP tem perdido um número importante de sufrágios nas recentes eleições, segundo Feijoo por defunção dos seus votantes. Antes isso era mesmo um motivo para acrecentar os votos dos finados. Aliás devemos ser conscientes de que este contexto vai ser difícil vivê-lo (oxalá) em muitos anos. O PP nunca caíra tão baixo mas nunca houvera uma estafa como esta, que chamarom crise.
E não parez que os líderes da fronte se lançam-se á rua a atraírem a intenção de voto do indignado ou do indeciso. Por isso não só não ampliou a base social senão que «O BNG: Perde máis de 72.000 votos e catro puntos respecto a 2011, pero ten 13 maiorías absolutas e catro relativas. Crece na Costa da Morte e no sureste da provincia de Ourense, e mantén os apoios xa tradicionais de Allariz (65,53%), Pontevedra (43,08%), Tomiño (52,30%) e Bueu (64,05%). O municipio onde máis porcentaxe de voto ten é en Zas (69,53%). Non presentou candidatura en 54 concellos, e en 39 dos que se presentou tivo menos do 5% dos votos.» (Grial Parga) Toda esta informação foi, está a ser e será analisada nos tempos recentes, assim que não entrarei no assunto.
Na gráfica podemos observar que desde o ano 95 a oscilação na percentagem de votos, com ser significativa, é mínima. Isto tem uma leitura: a formação “vive” dum eleitorado mais ou menos fiel nos comícios municipais. Mas não se pode pretender ir muito longe sem se mover da zona de conforto e estes resultados parecem transluzir que se vai ao seguro. A percentagem de participação (66 %) num momento em que o electorado deveria estar desejoso de mudar o panorama de corrupção, desesperança e latrocínio teria permitido ampliar considerávelmente o número de votantes, quando menos até um 20%, tal vez um 25%... se temos em conta as variadas formações no entorno ideológico do nacionalismo.
Mas não se aproveitou essa veta. Parece evidente que as fórmulas (quaisquer que forem até hoje) têm fracassado estrepitosamente no conjundo da nossa geografia. O motivo central, no meu modo de ver, destas “contínuas vitórias” até a derrota final -que, esperemos, não chegue- foi perder a iniciativa perante o bloco espanhol, se alguma vez a teve.
Desde há mais de trinta anos o nacionalismo galego joga á defensiva, ao contra-golpe... Seguindo co símil futeboleiro, tem a bola quando o contrário a perde, mas ainda assim ressulta muito difícil meter-lhe um gol porque eles são duas equipas coordinadas e decididas a não deixar passar nem uma bola (de metafórico fútebol), mesmo quando pactam connosco.
,MUDAR OBJECTIVOS
Parez que nas cúpulas políticas das formações nacionalistas os resultados forom saudados com certa complacência. Mesmo os êxitos locais nalguns concelhos forom usados para maquiar ou disimular a terrível realidade: nem com esta crise e o cabreo do eleitorado somos quem de fazer-lhes morder o pó. Como muito luxar-lhes a caras americanas dos seus trajos. Nalguns coutos de poder o resultado pode chegar a ser intenso num futuro próximo, mas nem por isso é uma vitória.
Na minha opinião deveriamos reflexionar séria e profundamente a onde queremos chegar. Desejamos apenas chegar ao poder ou temos a intenção e o designio de transformar a sociedade e, com ela, o nosso país?
Acho que se formos sinceros e esquecessemos que cada quatro anos temos que voltar á fonte dos votos, escolheriamos decididamente a segunda opção. Mas a iteração do modelo campanha-eleição-pactos-(governo) ocupa-nos muito esforço e confunde os nossos objectivos até perdermos o norte. O nosso norte não pode ser outro que a transformação da sociedade, a re-galeguização dos nossos votantes presentes e futuros, nomeadamente dos futuros. E sobre esse corpo social nada ou muito pouco se tem feito.
Não devemos esquecer que chegar ás conclussões que “justifiquem”, no nosso entorno, o galeguismo (seja qual for a sua intensidade) deve superar a “prova do necessário” pois o “normal” é o contrário... numa proporção de 1-6, mais ou menos, e a se incrementar em cada geração. Se for óbvio o prejuíço de que somos vítimas, os galegos em massa defenderiam a sua identidade formulada em termos de língua, tradições, escolhas políticas ou qualquer outra senha de identidade que queiramos seleccionar. Mas chegarmos a esse ponto requer de instrumentos de análise dos que o sistema nos afasta com todo o seu poder.
Os difussores do ideario galeguista (desde o independentismo até mesmo os rexionalistas) trabalhamos contra corrente. Uma corrente como a do Golfo, cálida, potente e imperceptível a simples vista para o navegante pouco avisado. E nunca devemos dar por sentado nenhum argumento. Muitos repressentantes políticos, culturais ou sociais (se é que podemos falar de tais) dentro nacionalismo crem que o que eles pensam é tão evidente que não o vê quem não quer. E esse é o inimigo fundamental do nosso.
Há milheiros de persoas, simplesmente desinformadas, faltas de critérios ou meios para a análise, que aceitam como única verdade o que se lhes apressentar nos meios de comunicação convencionais. Não é bom se enganar. Compre fazermos uma análise realista da realidade, da realidade actual e projectar a futura. Quem não é nacionalista pode chegar a sê-lo mas o processo é uma autêntica maçada, um esforço, um sacrifício. E para quê? Perguntam-se muitos. Viver como galegos com conciência é um trabalho incómodo e desalentador. Uma luta que se perde cada dia contra a inércia social e precisa de muita energia e convição para se erguer uma e outra vez para segui-la.
E a nossa sociedade procura um hedonismo superficial muito aventado polo poder que se beneficia dele (não estou em contra do desfrute, eu mesmo o goço quanto podo em geral e em particular), mas a consciência das cousas não nasce debaixo das pedras, há que sementá-la, regá-la, tirar-lhe as más ervas, adubá-la e mantê-la até que seja suficientemente robusta para se valer por si... e vigiar para que não a incêndie um lume.
O que nos compre, hoje como hai cem anos, é CREAR CONSCIÊNCIA DE NÓS, difundir, propagar, consciênciar do que nós somos. Não apenas em termos de nacionalismo ou de partido, mas em termos sociais. Crear, a força de formar e informar, a base social que poida transformar a nossa sociedade cos seus votos mas, sobre tudo, com a sua acção diária, com o seu sentir e pensar. FAZERMOS PAÍS.
E quando falo deste objectivo não me estou a referir ao trabalho dos mestres e professores dos diversos ensinos na materia de Língua nas aulas. Estou a falar dum trabalho orientado a toda a sociedade em todos e cada um dos momentos da vida social e individual.
O processo de “captação” há de ser muito mais activo e multiforme. A educação permanente da sociedade é um esforço e um labor diário, rúa por rúa, trabalho por trabalho, acto por acto. E o esforço essencial ha de ser o idioma. Somos galegos por obra e graça do nosso idioma dixo alguém há quase cem anos. Os mesmos que enchem a boca a defender o nosso idioma deveriam esforçar-se cada dia por melhorar o idioma que, com demasiada frequencia, perpetram em lugar de utilizar, sem ninguém se escandalizar. Passou o tempo –que nunca devera ter existido- de dizer “o importante é falar, sem importar como”.
Mas o trabalho esencial não pode deixar de lado os outros trabalhos, complementários e sinérgicos da conciência do expólio material e humano que padece o nosso país. Desterrar duma vez a ideia de que Galiza é uma parte de Espanha, demostrar por quê é uma colónia, ainda que alguns se mofaram e sigam a mofar-se do termo, por medo do poder revelador do concepto. E começar a construir, de novo, uma sociedade que se identifique consigo mesma. E fazê-lo fora do sistema, sem subenções nem ajudas do poder oficial. Por Nós mesmos.
[1] seguirei Grial Parga em Praza Pública, para o dados neste artigo (http://praza.gal/politica/9638/sete-mapas-para-ler-galicia-despois-do-24m/ )
Mapa: https://grialparga.cartodb.com/viz/392316d2-0475-11e5-bfac-0e853d047bba/public_map?zoom=8¢er_lat=43¢er_lon=-8
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Nota da Fundación Bautista Álvarez, editora do dixital Terra e Tempo: As valoracións e opinións contidas nos artigos das nosas colaboradoras e dos nosos colaboradores -cuxo traballo desinteresado sempre agradeceremos- son da súa persoal e intransferíbel responsabilidade. A Fundación e mais a Unión do Povo Galego maniféstanse libremente en por elas mesmas cando o consideran oportuno. Libremente, tamén, os colaboradores e colaboradoras de Terra e Tempo son, por tanto, portavoces de si proprios e de máis ninguén.