Madrid 2020, exemplo do fim do consenso político Espanhol?

Madrid 2020, exemplo do fim do consenso político Espanhol?

A candidatura olímpica de Madrid em 2012 e 2016 foi um exemplo do consenso político que reinou entre as grandes forças políticas estatais durante décadas. Efectivamente no seu momento as três organizaçons (PP, PSOE e IU) com representaçom no concelho madrilenho apoiárom essas candidaturas, um consenso que se quebrou no caso da candidatura para 2020. Um apoio que sem embargo se mantivo no caso dos dous grandes sindicatos estatais, CCOO e UGT.
O mesmo consenso entre as forças políticas e sindicais estatais que presidiu os Pactos da Moncloa, a Constituiçom e a monarquia, a integraçom na CEE ou a aprovaçom do Acto Único Europeu.

O mesmo consenso que impulsou um modelo de crescimento que favoreceu a concentraçom territorial da actividade económica: incremento de perto de quatro pontos do peso de Madrid no PIB do Estado (arredor de 40.000 mil milhons de euros/ano) e de mais de dous pontos no caso das/os activas/os.

Um processo de concentraçom e centralizaçom do que Caja Madrid/Bankia foi um dos melhores exemplos. Durante a presidência de Blesa Caja Madrid multiplicou por cinco o seu tamanho. A entidade financeira madrilenha é mais um exemplo do consenso madrilenho. Blesa, o amigo de Aznar, alcançou a presidência de Caja Madrid graças ao apoio de Izquierda Unida cujo representante tivo umha vice-presidência que depois manteria com Rato. O PSOE inicialmente nom participou desse amplo frente espanhol mas finalmente, já com Bankia, acabaria-se somando a el e ocupando outra vice-presidência. A mesma Bankia que o PP declara sistémica para a economia do Estado, mantendo-a como entidade independente, ao ao mesmo tempo que se apressa em vender NCG Banco.

Umha entidade financeira à que estavam ligadas muitas das empresas emblemáticas do capitalismo espanhol. Também estava, ao igual que o resto das grandes da banca espanhola, muito ligada a algumhas das autoestradas madrilenhas que agora estám em concurso de credores com umha dívida de vários miles de milhos de euros. Nalguns casos participando no capital das sociedades gestoras destas autoestradas noutros casos concedendo-lhe créditos.
A estas autoestradas estám vinculadas boa parte das grandes da construçom espanhola (Abertis, ACS, Acciona, SACYR, Ferrovial, FCC,...). Nomes e apelidos célebres do capitalismo espanhol: Villar Mir, Koplowitz, Florentino, Del Pino, Abelló, Carceller,... Demetrio Carceller descedente dum ministro franquista, um dos maiores accionistas de Sacyr e também presidente do grupo Damn, o mesmo que acaba de colocar ao seu candidato na presidência de Pescanova. Mais um passo na centralizaçom.

A finais de 2012 escrevia para este mesmo digital sobre a generosidade do PP com a banca. Agora muitas dessas grandes construtoras, fundamentalmente madrilenhas mas nalgum caso também ligadas a La Caixa, beneficiam-se dessa mesma generosidade; o PP acode ao seu rescate no caso das autoestradas madrilenhas. Primeiro, ainda com o PSOE no governo, beneficiárom-se de créditos blandos. Agora, segundo nos informa a prensa, o PP ultima a criaçom dumha sociedade pública que englobaria as empresas em concurso de credores e com elas as suas dívidas de varios miles de milhons de euros. Ao patronato das autoestradas nom lhe chega, exige ainda mais (um maior quota do capital na nova sociedade pública, portagens nas autoestradas gratuitas para favorecer o seu negócio,…). Nom nos deixemos enganar polas suas báguas de crocodilo, o PP vai novamente ao rescate das grandes do capitalismo espanhol utilizando os recursos públicos. Os lucros som privados, as perdas socializam-se. Generoso com as grandes construtoras mas também com grande banca, principal credora das gestoras das autoestradas.

Ao igual que com Madrid 2020 estas decisons semelham que nom tenhem o consenso que tivérom noutrora. As políticas que se estám aplicando com a escusa da crise, o conseguinte incremento das desigualdades sociais e o descrédito em muitos aspectos da atividade política, figérom que as diferenças entre os grandes partidos políticos espanhóis se acentuem. Estaremos ante o fim do consenso constitucional? Talvez sim nalguns aspectos mas seguramente nom noutros. Todos seguendo fazendo bandeira da soberania espanhola. Uns reclamam a soberania espanhola frente a Londres na questom de Gibraltar e outros reclamam a soberania espanhola frente a Bruxelas/Berlim, mas todos negam ou secundarizam a soberania dos povos do Estado Espanhol. A denominada esquerda espanhola (PSOE, IU) segue partilhando com o PP a defesa da unidade do Espanha, incapazes de romper com um modelo político e económico que eles sempre apoiárom e que concentra o poder político e a atividade económica.