Darwin, Lamarck, Estalim e capitalismo

Darwin, Lamarck, Estalim e capitalismo

Lembro o primeiro dia do curso do C.A.P. (curso de adaptaçom pedagógica) em Compostela, o professor que tínhamos puxo-nos dous exames a corrigir (pontuar e dizer porquê). A pergunta era sobre umha praga de piolhos que se estendia num colegio a pesar de usar insecticida. O primeiro exame respostava falando da adaptaçom dos piolhos ao insecticida, assim trás varias geraçons faziam-se resistentes. O segundo dizia que havia alguns piolhos que eram mais fortes e sobreviviam, polo tanto os seus filhos nom morriam.

A minha surpresa foi que a maioria dérom por boa a primeira resposta, explicando que era a correcta já que os piolhos faziam-se resistentes. Todos e todas os que ali estávamos acabávamos de rematar biologia, que passava?. Como era possível dar por bom o primeiro exame?. Ponho isto como exemplo do pouco conhecimento e da confusom que existe em geral na sociedade em temas básicos de ciências, incluso depois de passar cinco anos numha faculdade de biologia. Algo tam simples como pode ser a evoluçom, saber que é a selecçom e nom a adaptaçom o motor da mesma.

Ainda que num momento determinado da história podia nom estar claro como evoluíam as espécies. O tempo deu-lhe a razom a Darwin, nengum cientista tinha duvidas respeito a isso, excepto na Uniom Soviética na época estalinista. Nom era que tiveram duvidas os cientistas, mas si quem pretendia desde os preconceitos determinar qual deveria ser a teoria cientifica da evoluçom que mais concordara com o marxismo.

Interpretar que a teoria darwinista era capitalista por defender que a evoluçom era por selecçom (sobrevivência dos mais fortes), e a lamarquiana era socialista porque era por adaptaçom e todos podiam chegar por igual a evoluir, nom deixa de ser umha barbaridade que durante três décadas custou a vida de importantes cientistas soviéticos, paralisou o desenvolvimento da biologia e provocou fames polos erros no desenvolvimento da agricultura baixo postulados falsos.

Desde o “ocidente” vendesse-nos isto nom como o erro que foi, senom como conseqüência da maldade intrínseca da doutrina marxista. Mas quem o di, cometeu e comete barbaridades mais graves, e nom feitos num momento e pais determinado senom através do tempo e em diferentes lugares, e aplicados na actualidade a todo o conjunto da humanidade. Mas nom como erro, senom como o processo natural de desenvolvimento do capitalismo.

,[Quando utilize a partir de agora os termos darwinismo e lamarquiano nom me vou referir á teoria evolutiva como tal, senom á sua aplicaçom de maneira que darwinista equivale a selecçom e lamarquiano a adaptaçom/aprendizagem].

Há um outro factor importante a ter em conta, que é a evoluçom cultural. Umha cousa é a evoluçom física (evoluçom darwinista), e outra muito distinta é a evoluçom cultural ou de conhecimentos da humanidade. Esta si é Lamarquiana (como conceito de acumulaçom-adaptaçom) já que é possível graças á acumulaçom e á transmissom de geraçom em geraçom. Os conhecimentos consolidados dumha geraçom som transmitidos á seguinte e isto permite a ampliaçom e o avanço.

Assim como nos e todos os seres vivos estamos “pré-configurados” para a sobrevivência da espécie, é dizer o importante é que depois de nos a espécie continue. Isto quere dizer que os débiles, os que se desviam som eliminados ou ilhados polos seus companheiros para morrer (muita gente interpreta como comportamento cruel). O ser humano e a sua educaçom superam essa fase física e ajudam á integraçom de todos e todas.

Mas, defende isto todo o mundo?. Acaso quando se defende a privatizaçom dos serviços sanitários e o ensino, se recortam as ajudas aos mais débiles e desprotegidos nom se fai todo o contrario?. Baixo desculpas da crise esta-se a levar a cabo um processo já mais desenvolvido noutros estados capitalistas, e que aplica no fundo aos humanos a teoria de sobrevivência do mais forte, do mais rico, do que nasceu em determinado lugar ou família. O capitalismo nom entende de integraçom nem de direitos humanos, aplica-se-nos agora a receita que levam tempo aplicando através do imperialismo ao resto do planeta. Direitos humanos si, para os que eles consideram humanos, umha pequena elite, o resto somos como os untermenschen dos nazis (era como qualificavam aos eslavos) infraumanos sem direito mais que a trabalhar para eles até morrer, os escravos modernos. Isto é cada vez mais claro na nossa sociedade, mas exemplos temos nos Estados Unidos, onde baixo umha aparência mediática de democracia e liberdade agacha-se um estado policial, onde para a imensa maioria da povoaçom som inexistentes os mais mínimos direitos humanos, mais alá da formalidade do papel impresso ou a televisom, desde a alimentaçom á participaçom política, desde o ensino á atençom sanitária, todo em maos privadas de maneira que os “direitos” som directamente proporcionais ao dinheiro que um tem, e com o maior percentagem mundial de gente na cadeia. Este é o modelo a exportar desde alá, o que se está a impor aqui. Para que isto “entre” utiliza-se a desculpa da crise, e para que vaia mais suave temos pouco pam mas muito circo. Durante o mundial de futebol havia um anuncio de coca-cola muito clarificador, no que se viam imagens da crise, paro, perda da vivenda, manifestaçons..., tachava-no e diziam: agora esquece isto, agora é o mundial de futebol.

O capitalismo defende umha deturpada “teoria darwinista” e a “executa” sobre toda a humanidade e também sobre o resto dos seres vivos e recursos do planeta, é um depredador sem limites nem escrúpulos. Mas, mais alá da evoluçom física (e agora já nem sequer isso devido aos avanços em genética) a evoluçom da humanidade (como conceito nom como ser vivo) é lamarquiana e como tal o capitalismo é o passado. Mas se nom somos capazes de superar esta fase, que nom deixa de ser umha fase evolutiva primitiva muito desenvolvida, temos um risco sério de desaparecer como espécie e aniquilar grande parte do planeta. Poucas consignas revolucionarias há tam reais neste momento como a de socialismo ou morte.