Contra as tesoiras... Pedra!
As reformas educativas empreendidas pelos governos da União Europeia, correspondem-se bastante com as recentes transformações induzidas ao mesmo tempo noutros âmbitos, a relativização do papel das administrações e a redução do perímetro do sector público. A universidade como é óbvio não escapa à vaga neoliberal que pretende reorganiza-lo todo segundo critérios mercantis. Mais aló da cortina de fume sobre a que se ergueu o processo de Bolonha, há que ter em conta que a reforma das universidades apoia-se sobre uma qualificação internacional dos conhecimentos, das competências e com uma serie de critérios standards de avaliação que permitam a construção duma hierarquia de instituições, graduados e estudantes. Todos estes critérios não são neutrais e vão na linha do imposto pela OMC para a comercialização internacional da educação que na medida em que se logre deteriorar o carácter público da educação haverá campo livre para actuar num espaço que alcança um orçamento anual mundial de mais de meio bilhão de euros, com cinquenta milhões de trabalhadores e uma clientela potencial de mil milhões de estudantes.
Nestas últimas semanas, as universidades galegas e a Junta estão a debater um novo plano de financiamento para o período 2011-2015. Temos já uma aproximação do montante global do plano que será do redor de 2000 milhões de euros e supõe que o investimento em universidades passará em cinco anos do 0,72 ao 0,65% do PIB galego.
Cuido que não é, pois, casual aproveitar o contexto económico de crise e diminuição dos ingressos da administração para negociar um plano de financiamento plurianual das universidades e resulta ser a coarctada perfeita para «evidenciar» que o sector público não vai ser quem num meio prazo de suster as universidades e portanto achanar-lhe o caminho ao capital privado para fazer-se definitivamente com o seu controlo.
Recentemente, o Presidente do Consello Social da Universidade da Coruña vem de fazer umas declarações neste sentido. Antonio Abril, assegurou que é «evidente» que as universidades públicas devem encontrar novas formas de «financiamento externo» num momento de crise no que os governos «têm dificuldades» para manter os orçamentos destinados a educação.
Longe da demagogia própria deste contexto, temos que cair na conta da estratégia global, do que se pretende fazer com estes recortes. O mantimento do investimento nos serviços públicos não depende de se actualmente não se dispõe de mais ou menos quartos para investir, porque bem que apareceram ingentes quantidades de dinheiro para salvar a banca, para incrementar os gastos militares, para projectos faraónicos... Trata-se pois da concepção que se tenha da política, do que têm de fazer os poderes públicos, de se a universidade deve responder aos interesses sociais ou aos financeiros, de se têm de servir ao povo ou às oligarquias.