A verdadeira missão da universidade

A verdadeira missão da universidade

Na derradeira década do século XX invocando a transição cara a unha economia baseada no conhecimento, urge-se às universidades a assumirem um papel de liderado para pôr a investigação e a docência ao serviço do desenvolvimento competitivo das empresas, fim para o qual reclamam uma modernização das universidades. Cunhou-se o conceito de terceira missão da universidade para orientar a suposta nova função que a universidade deveria cumprir na sociedade atual, dotando-a de uma dimensão social e favorecendo a transferência do conhecimento à sociedade.

Sobre esta máxima modernizadora foi-se progressivamente questionando o aproveitamento social da universidade empregando-se indistintamente os termos sociedade e empresa como se se tratar de sinónimos, escuta-se à voz da empresa clamar que as universidades vivem de costas à sociedade, que resulta básico potenciar o vínculo entre as universidades e as empresas, que há que transferir à sociedade e à atividade produtiva os resultados da investigação, que há que fomentar a cultura empreendedora, e polo tanto, reclama e consegue que se alinhe a organização e os currículos universitários com as necessidades empresariais; que se defina um modelo de competências que os empregadores desejam dos titulados; que se formulem políticas de investigação que respondam às necessidades competitivas das empresas... Em consequência, tem de mudar também, o sistema de financiamento e de gestão das universidades para os fazer mais eficientes. O financiamento das universidades tem que ir em relação ao aproveitamento económico que se tire da mesma e a gestão tem-se que profissionalizar a fim de reduzir a lenta burocracia dos órgãos colegiados das universidades.

Porém a verdadeira missão da universidade não pode ser a capacitação para o mercado laboral, tem de ir além da instrução ou o adestramento, nem pode ser a geração de conhecimento, é uma instituição educativa e pelo tanto tem como missão contribuir a construção da capacidade coletiva de transformação e criação, tem de ser pública e nacional, criada e sustida pelo conjunto da sociedade, seu labor terá de se orientar ao beneficio social e requer dum conhecimento profundo da sua historia, realidade e possibilidades. A universidade pública galega existe em relação à nação e deve conhecer a sua realidade para contribuir a sua transformação.