A antipolítica, a nova/velha ideologia do capital

A antipolítica, a nova/velha ideologia do capital

Desde há certo tempo os principais meios de comunicaçom esforçam-se em transmitir umha imagem negativa da política englobando qualquer tipo de actividade política num mesmo envoltório. Podemos ler titulares, artigos de opiniom de habituais servidores do poder e mesmo editorais atacando a umha denominada “classe política”.

Ponhamos um exemplo, situemo-nos fora da Galiza, umha reportagem dumha cadeia de televisom sobre as mobilizaçons contra a privatizaçom da sanidade em Madrid. Nas imagens vem-se pancartas atacando aos políticos, nengumha cita ao PP. Entrevistam-se vários manifestantes que censuram aos políticos, ninguém fala do governo da comunidade madrilenha nem do partido que o forma. A quem beneficia que o responsável nom seja objecto das críticas e que no seu lugar emerja um confuso conceito de “classe política”? Acaso a decisom que deu lugar a essas mobilizaçons em Madrid nom tem um claro responsável? Outro caso, a Rádio Galega informa de que afectados polas preferentes increpárom aos deputados do Congresso do Estado. De verdade foi assim? Increpárom aos deputados em geral ou a alguns em particular?

Poderiamos dizer que essa visom que transmitem os meios nom é completamente certa, que os principais meios de comunicaçom, vinculados a grandes grupos empresariais, manipulam. Sem embargo nom podemos negar a existência dumha crescente desafeiçom pola actividade política. De facto isso afecta a umha parte importante das pessoas que se consideram a si mesmo críticas, a umha parte significativa das e dos que se mobilizam ou mobilizárom contra as políticas do PP/PSOE. É certo que os próprios meios de comunicaçom estám favorecendo essa desafeiçom. Esse comportamento dos meios nom é algo completamente novo mas na actualidade apresenta um rasgo novidoso: a intensidade desse discurso, um salto qualitativo que mesmo fai que aceitem a desacreditaçom dos partidos que partilharóm o “consenso constitucional” (AP/PP, PSOE e PCE/IU) sempre que vaia da mao da desvalorizaçom das alternativas políticas reais e da emergência dumha falsa alternativa, a antipolítica.

Se olhamos cara outros Estados veremos que nom é umha situaçom nova. Velaí o desmoronamento do regime de partidos italiano (democracia cristiana e partido comunista fundamentalmente) e o surgimento da figura de Berlusconi. Il Cavalieri apresentado como um herói contra a política corrupta, o empresário de êxito à margem de partidos e ideologias. O “nom político” Berlusconi que alternou no governo com o PD com o que comparte os elementos essenciais do projecto político da UE e polo tanto da política económica. O “nom político” posteriormente removido por outro “nom político”, Mario Monti. Agora ameaçados pola emergência doutro “nom político”, Beppe Grillo.

Pensemos noutro caso anterior no tempo, o gringo, no que o desencanto geralizado pola política e escassa participaçom levam consigo a ausência de alternativas reais. O caso gringo deixa-nos ver como críticas pretendidamente progressistas podem dar lugar a propostas e câmbios claramente reacionários. Velaí o caso do financiamento dos partidos políticos e o sistema eleitoral. A existência dum financiamento público dos partidos políticos é imprescindível para que exista algumha garantia, embora mínima, de igualdade de oportunidades e polo tanto de democracia. Nom negamos que o actual sistema seguramente requer importante câmbios mas a campanha contra o financiamento público dos partidos políticos e contra os salários dos políticos nom pretende isso. A campanha convenientemente amplificada polos principais meios de comunicaçom só pretende privatizar ainda mais o financiamento acentuando as vantagens do capital no cenário político. Ademais desvia-se a atençom do substancial, esquecemos onde está a autêntica corrupçom, na formulaçom dumhas políticas em benefício das elites e contra a maioria social, embora essas políticas sejam legais.

Da mesma forma vemos como se cria um conflito artificial entre o indivíduo e a organizaçom política (partidos ou outras formas) que tem o seu correlativo no sistema eleitoral, a ofensiva contra o sistema de partidos e a defesa de sistemas nos que se elixem indivíduos. A privatizaçom da política. Um câmbio muito adequado para que na vez de debater sobre a sociedade acabemos debatendo sobre a menor ou maior simpatia do candidato ou candidata, sobre se é mais ou menos guapo ou guapa ou sobre a sua vida privada. O câmbio que querem os que pensam que as ideologias sobram e só há que escolher entre o indivíduo que é o melhor gestor, entre o candidato democrata ou o republicano, entre o candidato de Berlusconi ou o do PD,...

Enfim câmbios muito adequados para os que estám interessados em defender que nas sociedade nom há classes sociais, que nom há naçons opressora e naçons oprimidas, que no mundo e no EE nom existe um centro e umha periferia. A antipolítica conduz-nos a umha política ao serviço do capital, à política estilo “gringo”.