Português morto, angolano posto
Quando em 813 os ossos do Apóstolo, decidiram aparecer na Galiza, toda a gente percebeu que o futuro do Campo das Estrelas estava no turismo. Mas o futuro da Galiza não passa pelo turismo. Contudo sendo o turismo uma fonte de rendimento interessante, mas não a principal, o futuro da Galiza passa sobretudo pelos impostos. E agora o dinheiro decidiu fazer turismo e viajar a lugares aos que antes já viajaram galegos; a Suíça. Os impostos e poupanças dos galegos agora viajam para a Suíça, onde os galegos deixaram os seus ossos.
Atrás de sacrifícios, sacrifícios vêm. E só os sacrifícios que fizemos no passado nos oferecem agora a possibilidade de estar na posição privilegiada de poder fazer novos sacrifícios. Esses sacríficios são os que estão a apertar a nossa algibeira.Vaiam preparando as gargantas por que o nosso futuro está nas nossas vozes. Só a cantar é que nos liberaremos do neoliberalismo; começou já o ensaio na Assembleia da República a cantar "Grândola" e a CGTP (a maior central sindical de Portugal) tem um coro de intervenção que ensaia canções de ressistència e liberação.
Quando na imprensa espanhola pudermos olhar a fotografía do Mariano Rajoy a fazer entrega dum presente de uma camisola de "La Rojõa" ao Presidente José Eduardo dos Santos, o Presidente da República de Angola, acompanhado pela ministra de Fomento, a castelhano-zamorana Ana Pastor (de austera presença, sócia da confraría de Nuestra Madre de La Angustias), foi o caso mais emblemático da estratégia de parvoice dum dirigente. Por que Mariano Rajoy se deslocou a un país africano, de negros incultos e de régime das repúblicas das bananas?
A resposta a esta pregunta está no livro, de recente controversia em Portugal, "Diamantes de Sangue" que foi proibido e censurado para a sua edição pela editora Tinta da China. En não li o livro ainda, aliás devera faze-lo para tratar do novo poder económico desta ex-colonia portuguesa. Lembren tudos este nome; Isabel dos Santos. Ela é uma das fihas do Pesidente José Eduardo dos Santos, a fiha mais velha do Presidente, que está envolvida nalguns dos mais importantes negócios em Portugal; imprensa, energia, telecomunicações. Entraram devagar, através da compra de pequenas participações no capital de uma empresa. Depois, esperam que a empresa ou algum outro accionista tenha necessidade de dinheiro, algo que não falta aos grandes investidores angolanos. Aos poucos vão reforzando as suas participações até conseguirem ascender numa posição dominante, nomear administradores e assumir o poder. A banca, símbolo inequívoco de poder, não é único alvo do interesse africano. O setor agroindustrial é um dos objetivos doutra das filhas do Presidente, a menina Tchizé dos Santos. O vinho e o azeite são produtos com uma grande procura e atingem preços exobitantes em Luanda, uma das cidades mais caras do mundo. Por essa razão alguns angolanos decidiram comprar quintas produtoras em Portugal, e, deste modo, controlar todo o processo de um negócio garantido. Esta estratégia foi percebida, já muito cedo, pela FRUGA (A Federação Rural Galega) que trouxe a Ourense a um representante do governo angolano, muito antes que a economia marijuana paleta madrilenha se decatasse desta importancia, para estabelecer parcerias co setor agroprodutivo ourensão.
,O calendário das relações políticas entre Portugal e Angola é antigo e difícil, como ex-colónia com responsabilidades que são suficientemente conhecidas. Mas, e a Galiza? Que papel desempenha o governo da Junta da Galiza com este país da lusofonía? Nada, ausência, o Sr. Feijó nem sabe onde fica nem é consciente da impotancia da CPLP (Comunidade de Paises de Lingua Portuguesa), um lobby muito potente no contexto internacional. O dato de que no ano 2011, catorze chefes de Estado e dez chefes de governo de difrentes países, entre eles Brasil, China, Alemanha, Timor Leste, registaram a sua passagem diplomática por Angola, algo diz a respeito da sua fortaleza.
É pena que Mariano Rajoy não ofertase vinhos galegos como fiz a FRUGA (com José Manuel Vilas ao fronte deste projecto). Após a sinatura dos Acordo de Paz de Bicesse, apadrinhados por Portugal, que poem fim a décadas de guerra sanguenta, José Eduardo dos Santos declarava que as três prioridades do seu governo eram "Espanha, Espanha e Espanha". Aí, a poténcia da diplomacia portuguesa começa uma linha de combate para a aproximação económica e a partir de 2006 as visitas se adensaram. Dois ministros, entre eles o primeiro ministro, viveram em Angola e duas ministras atuais do governo Passos Coelho nasceram em Angola. Recentemente, foi lançado o primeiro guia turístico de Angola em Portugal; eu já encomendei, pois a primeira edição foi esgotada.
Baixo o mote "A guerra que não viví" estão muitas universidades e institutos científicos envolvidos na investigação e recuperação da memória do conflito da Guerra Colonial que a história pós-25 de abril tentou esquecer. A Universidade do Minho (Braga) é um dos pólos que está a recolher a memória oral e do patrimonio inmaterial deste acervo. Eu, que fui um menino que teve relações com dois fugidos do serviço obrigatório para a tropa na Guerra Colonial, por serem vizinhos meus, só podo ter saudades de Angola e coma eles dizer; Adoro África.