EUA vs. Cuba: De “vitória” em “vitória” até ao fracasso final?
Há sessenta anos que os EUA atacam Cuba. O desequilíbrio de forças é enorme. Mas não conseguiram uma única vitória, por muito que procurem proclamá-las. A actual contraofensiva reaccionária na América Latina tem diferentes objectivos parcelares, nomeadamente a riquezas naturais e a recuperação das parcelas de dominação perdidas pelos EUA. Mas o seu alvo principal continua a ser a Ilha Heróica.
Os últimos dez, doze anos, foram testemunhas de sucessivos naufrágios de amplamente difundidos presságios sobre Cuba.
A cessação da chefia do Estado por Fidel, a sua morte, a assunção do governo por uma nova geração que não é a que fez triunfar a Revolução, as dificuldades económicas da Venezuela, têm sido motivo para que os media dominantes repetidamente prognostiquem o fim da Revolução Cubana.
Apoliticismo generalizado, grande quebra dos valores de solidariedade, economia subsidiada pelo chavismo, são algumas das coisas sobre Cuba que foram ditas e repetidas neste último período para estabelecer uma vez mais como prognóstico académico ou jornalístico os desejos pelos quais tem durante sessenta anos trabalhado o governo dos Estados Unidos.
Os factos têm afirmado algo de diferente: A saída de Fidel da chefia do Estado cubano não significou o colapso da Revolução e a sua morte trouxe para a primeira linha centenas de milhares de jovens que proclamavam “Eu sou Fidel”; desde Abril de 2018 há em Cuba um governo encabeçado por alguém nascido depois de 1959, cujo consenso entre o povo é cada vez maior; apesar da agressão dos EUA contra a Venezuela e o recrudescimento do bloqueio à ilha, não voltaram - como prognosticou a análise mediática – os apagões massivos e as carências do Período Especial que se seguiu ao colapso da União Soviética; o recente debate sobre uma nova Constituição para o socialismo cubano revelou um interesse e participação política que deveriam suscitar a inveja das democracias ocidentais, enquanto o impacto de um tornado que atingiu duramente bairros densamente povoados de Havana evidenciou uma grande vocação solidária na cidadania.
O que está agora a acontecer na envolvente geográfica cubana não é um sucesso da administração Trump. A contraofensiva conservadora na América Latina contou com os erros da esquerda, com a sua incapacidade de converter o governo em poder popular, e alterar os poderes fácticos que têm sido fundamentais para fazer regressar ao “equilíbrio” um sistema onde o poder mediático, judicial e económico todos os dias votam contra os interesses da maioria, mas qualquer análise de como se chegou à situação actual não pode ignorar o papel da estratégia de Washington na mesma. Começada com o golpe contra o presidente Zelaya em Honduras, passando pela guerra económica contra a Venezuela e a declaração do governo de Caracas como “ameaça incomum e extraordinária” para a Segurança Nacional dos EUA, a nomeação de Luis Almagro à frente da OEA e os processos de lawfare contra líderes progressistas na região, executados com juízes, promotores e jornalistas locais, mas formados nos Estados Unidos, teve a sua génese e articulação sob a presidência de Barack Obama.
Aqueles que, a partir de Miami, dirigem a política da Casa Branca para a América Latina, Marco Rubio e Mauricio Claver Carone, concertavam em Março de 2012 na ultraconservadora Heritage Foundation com o Gabinete «Cuba Broadcasting» de Barack Obama, e com um dos impulsionadores da sua nova política cubana, Carlos Saladrigas, como usar a internet para “descongelar uma ilha congelada no tempo”. Talvez tenhamos visto os resultados desta concertação acordo na enxurrada de Fake News que acompanhou a última parte do debate sobre a reforma constitucional cubana e mais proximamente o impacto do tornado que atingiu a capital cubana em 27 de Janeiro, o primeiro fenómeno climatológico extraordinário que chega a Cuba com serviço de internet 3G no telefones celulares.
Depois de conseguir reduzir os rendimentos pela colaboração médica no Brasil com as impopulares decisões de Jair Bolsonaro, de impactar negativamente as viagens de norte-americanos e canadianos por novas sanções ou “ataques sónicos” nunca provados, diminuir os fornecimentos de petróleo de Caracas a Havana como efeito da guerra económica anti-chavista e desencorajar o investimento estrangeiro directo com a ameaça da entrada em vigor do capítulo III da Lei Helms Burton, para os otimistas do “já está a chegar”, é muito fácil para quem não conheça Cuba supor que um fenómeno natural imprevisível e devastador geraria uma crise humanitária com milhares de pessoas em estado de fome e sede dormindo expostos à intempérie, pintando o quadro ideal para aqueles que, como The Wall Street Journal publicou, pretendem “romper os laços que unem a Venezuela com Ilha e afundar os regimes em ambos os países,” mas mais uma vez os desejos avançaram à frente das notícias: a tantas vezes insultada burocracia cubana conseguiu responder com mais eficácia do que a idealizada gestão do país com mais recursos do mundo que vimos em Porto Rico após o furacão Maria e em Nova Orleãs depois do Katrina.
Faltando poucos dias para o referendo constitucional de 24 de Fevereiro, alguém duvida que nesse período tão curto a mesma maquinaria tentará novas “vitórias,” sob a forma de “greve de fome”, “crise de imigração” ou “atentado à liberdade de expressão” E alguém duvida, além disso, que no dia 25 de Fevereiro eles estarão tentando justificar o seu enésimo fracasso?
Fonte: https://lapupilainsomne.wordpress.com/2019/02/15/usa-vs-cuba-de-victoria-en-victoria-hasta-el-fracaso-final-por-iroel-sanchez/
Collido de ODiario.info
Os últimos dez, doze anos, foram testemunhas de sucessivos naufrágios de amplamente difundidos presságios sobre Cuba.
A cessação da chefia do Estado por Fidel, a sua morte, a assunção do governo por uma nova geração que não é a que fez triunfar a Revolução, as dificuldades económicas da Venezuela, têm sido motivo para que os media dominantes repetidamente prognostiquem o fim da Revolução Cubana.
Apoliticismo generalizado, grande quebra dos valores de solidariedade, economia subsidiada pelo chavismo, são algumas das coisas sobre Cuba que foram ditas e repetidas neste último período para estabelecer uma vez mais como prognóstico académico ou jornalístico os desejos pelos quais tem durante sessenta anos trabalhado o governo dos Estados Unidos.
Os factos têm afirmado algo de diferente: A saída de Fidel da chefia do Estado cubano não significou o colapso da Revolução e a sua morte trouxe para a primeira linha centenas de milhares de jovens que proclamavam “Eu sou Fidel”; desde Abril de 2018 há em Cuba um governo encabeçado por alguém nascido depois de 1959, cujo consenso entre o povo é cada vez maior; apesar da agressão dos EUA contra a Venezuela e o recrudescimento do bloqueio à ilha, não voltaram - como prognosticou a análise mediática – os apagões massivos e as carências do Período Especial que se seguiu ao colapso da União Soviética; o recente debate sobre uma nova Constituição para o socialismo cubano revelou um interesse e participação política que deveriam suscitar a inveja das democracias ocidentais, enquanto o impacto de um tornado que atingiu duramente bairros densamente povoados de Havana evidenciou uma grande vocação solidária na cidadania.
O que está agora a acontecer na envolvente geográfica cubana não é um sucesso da administração Trump. A contraofensiva conservadora na América Latina contou com os erros da esquerda, com a sua incapacidade de converter o governo em poder popular, e alterar os poderes fácticos que têm sido fundamentais para fazer regressar ao “equilíbrio” um sistema onde o poder mediático, judicial e económico todos os dias votam contra os interesses da maioria, mas qualquer análise de como se chegou à situação actual não pode ignorar o papel da estratégia de Washington na mesma. Começada com o golpe contra o presidente Zelaya em Honduras, passando pela guerra económica contra a Venezuela e a declaração do governo de Caracas como “ameaça incomum e extraordinária” para a Segurança Nacional dos EUA, a nomeação de Luis Almagro à frente da OEA e os processos de lawfare contra líderes progressistas na região, executados com juízes, promotores e jornalistas locais, mas formados nos Estados Unidos, teve a sua génese e articulação sob a presidência de Barack Obama.
Aqueles que, a partir de Miami, dirigem a política da Casa Branca para a América Latina, Marco Rubio e Mauricio Claver Carone, concertavam em Março de 2012 na ultraconservadora Heritage Foundation com o Gabinete «Cuba Broadcasting» de Barack Obama, e com um dos impulsionadores da sua nova política cubana, Carlos Saladrigas, como usar a internet para “descongelar uma ilha congelada no tempo”. Talvez tenhamos visto os resultados desta concertação acordo na enxurrada de Fake News que acompanhou a última parte do debate sobre a reforma constitucional cubana e mais proximamente o impacto do tornado que atingiu a capital cubana em 27 de Janeiro, o primeiro fenómeno climatológico extraordinário que chega a Cuba com serviço de internet 3G no telefones celulares.
Depois de conseguir reduzir os rendimentos pela colaboração médica no Brasil com as impopulares decisões de Jair Bolsonaro, de impactar negativamente as viagens de norte-americanos e canadianos por novas sanções ou “ataques sónicos” nunca provados, diminuir os fornecimentos de petróleo de Caracas a Havana como efeito da guerra económica anti-chavista e desencorajar o investimento estrangeiro directo com a ameaça da entrada em vigor do capítulo III da Lei Helms Burton, para os otimistas do “já está a chegar”, é muito fácil para quem não conheça Cuba supor que um fenómeno natural imprevisível e devastador geraria uma crise humanitária com milhares de pessoas em estado de fome e sede dormindo expostos à intempérie, pintando o quadro ideal para aqueles que, como The Wall Street Journal publicou, pretendem “romper os laços que unem a Venezuela com Ilha e afundar os regimes em ambos os países,” mas mais uma vez os desejos avançaram à frente das notícias: a tantas vezes insultada burocracia cubana conseguiu responder com mais eficácia do que a idealizada gestão do país com mais recursos do mundo que vimos em Porto Rico após o furacão Maria e em Nova Orleãs depois do Katrina.
Faltando poucos dias para o referendo constitucional de 24 de Fevereiro, alguém duvida que nesse período tão curto a mesma maquinaria tentará novas “vitórias,” sob a forma de “greve de fome”, “crise de imigração” ou “atentado à liberdade de expressão” E alguém duvida, além disso, que no dia 25 de Fevereiro eles estarão tentando justificar o seu enésimo fracasso?
Fonte: https://lapupilainsomne.wordpress.com/2019/02/15/usa-vs-cuba-de-victoria-en-victoria-hasta-el-fracaso-final-por-iroel-sanchez/
Collido de ODiario.info