Que os pobres paguen a crise
A factura das aventuras financeiras está sendo assumida polo Estado, é dizer, pola maioria da populaçom
Fórom numerosas as vozes que - ingenuamente nuns casos e mal-intencionadamente noutros- interpretárom a crise económica como o final do neoliberalismo e o início dum novo período marcado pola intervençom estatal.
Estas vozes nom devem levar-nos a enganho, o livre mercado nunca existiu, nom é mais que umha fábula; o papel dos governos foi clave no processo de mundializaçom, assegurando as condiçons para o domínio do capital financeiro. Mesmo nos EUA ao longo dos oito anos dos mandatos de Bush filho, assistimos a um crescimento do gasto público.
Ante a explosom da crise os distintos governos dos Estados centrais, com políticas partilhadas polos partidos do bloco central (os conservadores e os autodenominados social-democratas), nom duvidárom em acudir ao rescate das grandes corporaçons. A injecçom de liquidez por parte dos bancos centrais, acompanhada da nom adopçom de medidas de regulaçom financeiras, favorecem o crescimento de novas bolhas especulativas. Enquanto o desemprego aumenta muitas das grandes entidades financeiras apresentam lucros históricos.
A factura das aventuras financeiras está sendo assumida polo Estado, é dizer, pola maioria da populaçom. Para isto foi necessário recorrer a gigantescas emissons de dívida pública evidenciando, mais umha vez, que o gasto público e o endividamento som admissíveis quando se trata de agir na defesa dos interesses do capital.
Longe de pôr-se em causa o modelo de acumulaçom neoliberal aprofunda-se nas suas características essenciais. Trás a crise económica de finais dos sessenta, começos dos setenta, a recuperaçom dos lucros empresariais veu da mao dumha diminuiçom da parte do produto que ia parar às trabalhadoras e aos trabalhadores. Foi um fenómeno observado polo próprio Alan Greenspan. Agora, o incremento do desemprego, com a reduçom do poder de negociaçom da classe trabalhadora que isto pode supor (lembremos o papel do exército industrial de reserva), quer aproveitar-se para novas reformas que permitam recuperar a taxa de lucro aumentado a taxa de exploraçom.
Que ninguém ouse realizar reformas fiscais progressistas para reduzir o défice fiscal! Ao contrário, proclamam as autoridades, polo lado do gasto é necessário avançar no control do gasto público desmantelando e/ou privatizando serviços públicos. Polo lado dos ingressos pode-se agir aumentando o peso da imposiçom indirecta tal e como acontece no padrom fiscal que se estende na UE.
Nom se tomam medidas que regulem os fluxos financeiros internacionais e o seu papel desestabilizador mas emprega-se sem rubor a especulaçom como pretexto para justificar as medidas regressivas. Destarte a Uniom Europeia, autêntico gendarme financeiro, impom ao governo dito social-democrata grego um plano de ajuste que passa pola reduçom salarial, o recorte das despesas sociais e o incremento dos impostos indirectos.
No Estado Espanhol a improvisaçom e as contínuas contradiçons do governo ponhem de manifesto as dificuldades para desenhar e aplicar políticas que respondam às exigências do capital sem ocasionarem ao mesmo tempo o descrédito dumha força que quer pescar no banco do voto progressista, ocasionando umha perda de votos significativa. O PP, sem que essa limitaçom o coarcte, exige maior rapidez e contundência numhas reformas que apresenta edulcoradamente.
Evidenciam também, ao igual que no resto da UE, a dificuldade para a existência no contexto sócio-político das últimas décadas dum projecto que seja de corte realmente social-democrata; em efeito, ao desaparecerem as condiçons políticas que explicárom a consolidaçom desse projecto trás a II Guerra Mundial, as elites económicas nom se vem impelidas a aceitá-lo impedindo o pacto capital-trabalho do keynesianismo.
No Estado Espanhol, e outros Estados, desata-se umha ofensiva contra o sistema pública de pensons; pom-se em causa a sua viabilidade enquanto o ministro responsável da matéria promociona os sistemas privados. Realizam-se recortes nos serviços do estado do bem-estar. Abre-se o debate sobre a reforma laboral (eufemismo de abaratamento do despido e precarizaçom) esquecendo que o Estado Espanhol já se ganhara um lugar de destaque no ranking europeu da precarizaçom e dos baixos custos laborais sem que isso servisse para solucionar o problema do desemprego.
Avança-se na concentraçom do negócio financeiro enquanto se tenta impedir de jeito impúdico que umha naçom periférica poda usar o seu próprio aforro a favor do seu desenvolvimento.
Patronato e sindicatos estatais assinam com a bençom governamental um pacto de moderaçom salarial esquecendo que foi precisamente a perda de poder adquisitivo das trabalhadoras e trabalhadores umha das causas da actual crise económica.
Um ministro galego anúncia demagogicamente a suba dos impostos aos ricos. À hora da verdade só algumhas medidas progressistas mas com escasso efeito recadador tenhem algo a ver com o discurso. A procura de maiores ingressos fiscais em realidade fundamenta-se na suba do IVA. Umha medida que afeita a todas e todos e que polo tanto tem um maior impacto nas classes mais desfavorecidas e nas naçons e comunidades do Estado com menores rendimentos.
Na Galiza enquanto nos fala de liberdade de escolha e de austeridade, Feijoo vai aplicando a sua folha de ruta marcada polos avances na privatizaçom dos serviços públicos (austeridade) e favores a determinados grupos da oligarquia económica (liberdade de empresa).
Os que nos governam - conservadores ou social-democratas, social-democratas ou conservadores- som os mesmos que protagonizárom o trunfo do neoliberalismo, é dizer, do capitalismo realmente existente nas últimas décadas. A sua agenda de flexibilizaçom do mercado laboral, de abertura ao capital privado e à concorrência dos serviços públicos para garantir umha maior eficiência, de racionalizaçom da administraçom pública,... a ritmos mais ou menos acusados dependendo do Estado, vinha-se aplicando no conjunto da UE. Agora tratam de aproveitar a crise para aprofundar nesta política. Umha consigna os guia: que os pobres paguem a crise!
Fórom numerosas as vozes que - ingenuamente nuns casos e mal-intencionadamente noutros- interpretárom a crise económica como o final do neoliberalismo e o início dum novo período marcado pola intervençom estatal.
Estas vozes nom devem levar-nos a enganho, o livre mercado nunca existiu, nom é mais que umha fábula; o papel dos governos foi clave no processo de mundializaçom, assegurando as condiçons para o domínio do capital financeiro. Mesmo nos EUA ao longo dos oito anos dos mandatos de Bush filho, assistimos a um crescimento do gasto público.
Ante a explosom da crise os distintos governos dos Estados centrais, com políticas partilhadas polos partidos do bloco central (os conservadores e os autodenominados social-democratas), nom duvidárom em acudir ao rescate das grandes corporaçons. A injecçom de liquidez por parte dos bancos centrais, acompanhada da nom adopçom de medidas de regulaçom financeiras, favorecem o crescimento de novas bolhas especulativas. Enquanto o desemprego aumenta muitas das grandes entidades financeiras apresentam lucros históricos.
A factura das aventuras financeiras está sendo assumida polo Estado, é dizer, pola maioria da populaçom. Para isto foi necessário recorrer a gigantescas emissons de dívida pública evidenciando, mais umha vez, que o gasto público e o endividamento som admissíveis quando se trata de agir na defesa dos interesses do capital.
Longe de pôr-se em causa o modelo de acumulaçom neoliberal aprofunda-se nas suas características essenciais. Trás a crise económica de finais dos sessenta, começos dos setenta, a recuperaçom dos lucros empresariais veu da mao dumha diminuiçom da parte do produto que ia parar às trabalhadoras e aos trabalhadores. Foi um fenómeno observado polo próprio Alan Greenspan. Agora, o incremento do desemprego, com a reduçom do poder de negociaçom da classe trabalhadora que isto pode supor (lembremos o papel do exército industrial de reserva), quer aproveitar-se para novas reformas que permitam recuperar a taxa de lucro aumentado a taxa de exploraçom.
Que ninguém ouse realizar reformas fiscais progressistas para reduzir o défice fiscal! Ao contrário, proclamam as autoridades, polo lado do gasto é necessário avançar no control do gasto público desmantelando e/ou privatizando serviços públicos. Polo lado dos ingressos pode-se agir aumentando o peso da imposiçom indirecta tal e como acontece no padrom fiscal que se estende na UE.
Nom se tomam medidas que regulem os fluxos financeiros internacionais e o seu papel desestabilizador mas emprega-se sem rubor a especulaçom como pretexto para justificar as medidas regressivas. Destarte a Uniom Europeia, autêntico gendarme financeiro, impom ao governo dito social-democrata grego um plano de ajuste que passa pola reduçom salarial, o recorte das despesas sociais e o incremento dos impostos indirectos.
No Estado Espanhol a improvisaçom e as contínuas contradiçons do governo ponhem de manifesto as dificuldades para desenhar e aplicar políticas que respondam às exigências do capital sem ocasionarem ao mesmo tempo o descrédito dumha força que quer pescar no banco do voto progressista, ocasionando umha perda de votos significativa. O PP, sem que essa limitaçom o coarcte, exige maior rapidez e contundência numhas reformas que apresenta edulcoradamente.
Evidenciam também, ao igual que no resto da UE, a dificuldade para a existência no contexto sócio-político das últimas décadas dum projecto que seja de corte realmente social-democrata; em efeito, ao desaparecerem as condiçons políticas que explicárom a consolidaçom desse projecto trás a II Guerra Mundial, as elites económicas nom se vem impelidas a aceitá-lo impedindo o pacto capital-trabalho do keynesianismo.
No Estado Espanhol, e outros Estados, desata-se umha ofensiva contra o sistema pública de pensons; pom-se em causa a sua viabilidade enquanto o ministro responsável da matéria promociona os sistemas privados. Realizam-se recortes nos serviços do estado do bem-estar. Abre-se o debate sobre a reforma laboral (eufemismo de abaratamento do despido e precarizaçom) esquecendo que o Estado Espanhol já se ganhara um lugar de destaque no ranking europeu da precarizaçom e dos baixos custos laborais sem que isso servisse para solucionar o problema do desemprego.
Avança-se na concentraçom do negócio financeiro enquanto se tenta impedir de jeito impúdico que umha naçom periférica poda usar o seu próprio aforro a favor do seu desenvolvimento.
Patronato e sindicatos estatais assinam com a bençom governamental um pacto de moderaçom salarial esquecendo que foi precisamente a perda de poder adquisitivo das trabalhadoras e trabalhadores umha das causas da actual crise económica.
Um ministro galego anúncia demagogicamente a suba dos impostos aos ricos. À hora da verdade só algumhas medidas progressistas mas com escasso efeito recadador tenhem algo a ver com o discurso. A procura de maiores ingressos fiscais em realidade fundamenta-se na suba do IVA. Umha medida que afeita a todas e todos e que polo tanto tem um maior impacto nas classes mais desfavorecidas e nas naçons e comunidades do Estado com menores rendimentos.
Na Galiza enquanto nos fala de liberdade de escolha e de austeridade, Feijoo vai aplicando a sua folha de ruta marcada polos avances na privatizaçom dos serviços públicos (austeridade) e favores a determinados grupos da oligarquia económica (liberdade de empresa).
Os que nos governam - conservadores ou social-democratas, social-democratas ou conservadores- som os mesmos que protagonizárom o trunfo do neoliberalismo, é dizer, do capitalismo realmente existente nas últimas décadas. A sua agenda de flexibilizaçom do mercado laboral, de abertura ao capital privado e à concorrência dos serviços públicos para garantir umha maior eficiência, de racionalizaçom da administraçom pública,... a ritmos mais ou menos acusados dependendo do Estado, vinha-se aplicando no conjunto da UE. Agora tratam de aproveitar a crise para aprofundar nesta política. Umha consigna os guia: que os pobres paguem a crise!