Os glutões
O anúncio de intervençom nom freou sem embargo a escalada alcista dos juros da dívida soberana portuguesa
A intervençom da UE e do FMI em Portugal traz à minha memória a imagem do autocolante que acompanha este artigo, os glutões abalançando-se sobre o suculento manjar que representa Portugal. Este autocolante tem muitas décadas, alguns dos glutões que aparecem no mesmo nom representam hoje umha ameaça para os portugueses. Na hora presente talvez a imagem mais patente da entrega de Portugal seja a da denominada troika, a equipa de cozinheiros do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da Comissom Europeia que chegárom a Portugal para avaliar os ingredientes e desenhar os pratos a elaborar. Nom conheço imagens dessas relevantes pessoas à sua chegada à Portugal, nom foi o Presidente da República a recebê-los no aeroporto com as honras correspondentes. Si se conhece o nome dos que encabeçam essa importante equipa, á frente da delegaçom do FMI um chef de grande experiência na preparaçom de ementas com diversos países (Grécia, Ucrânia, Roménia). Nom sempre, inclusive poderiamos dizer que nunca, fórom os pratos do gosto das populaçons afectadas mais é bom lembrar, para nom levar-se a enganos, que o FMI nom cozinha a gosto dessas populaçons, os glutões que devoram os pratos som outros.
Nom som os chefs do FMI, e polo visto até agora tampouco os da Comissom nem os do BCE, partidários da inovaçom. Gostam de aplicar na sua cozinha o Consenso de Washington, umha ementa composta de diversas políticas amplamente testadas nas últimas décadas em numerosos estados da periferia económica. Um conjunto de políticas que se expandiu ao tempo que avançava o processo de mundializaçom económica; talvez alguns acrescentassem o adjectivo neoliberal mas em realidade nom é necessário, a única mundializaçom existente é a neoliberal. Políticas que demostrárom a sua eficácia, quando menos no curto prazo, nom para melhorar as condiçons de vida das maiorias, nom para favorecer o desenvolvimento económico mas si para pôr os países a disposiçom do grande capital.
Desconhece-se a ementa que vam preparar com Portugal mas nom se alonjará das privatizaçons, recortes no gasto público e no sistema de pensons público, reformas fiscais regressivas, precarizaçom do mercado de trabalho, política de restriçom salarial ou desregulaçom dos mercados de produtos e serviços habituais em anteriores banquetes preparados polo FMI. Com a sua própria terminologia, as autoridades comunitarias reconhecem-no; numha recente declaraçom dos ministros de economia da UE especificam-se alguns dos pilares nos que se baseará o programa que se aplicará em Portugal :
-Ajuste fiscal para restaurar a sustentabilidade fiscal.
-Reformas para eliminar a rigidez no mercado laboral e de produtos.
-Um ambicioso programa de privatizaçons.
-Medidas para manter a liquidez e a solvência do sector financeiro.
Proclamam abertamente que um dos objectivos da intervençom é apoiar às entidades financeiras. Lembre-se que foi a própria banca a que exigiu publicamente do governo português o recurso à intervençom do FMI e da UE. O simples anúncio do pedido de intervençom, com a teorica garantia do apoio público aos bancos que isso vai supor, motivou umha importante suba da quotizaçom em bolsa dos principais bancos privados portugueses. A banca portuguesa tem um endividamento muito elevado e as autoridades comunitárias agem prestas no seu auxílio para assegurar que cumprem as suas obrigaçons com os prestamistas. Porém esse endividamento nom impendiu que os lucros da banca em 2010 fossem substancialmente superiores aos de 2009, um facto que nom impediu que pagassem menos impostos.
O anúncio de intervençom nom freou sem embargo a escalada alcista dos juros da dívida soberana portuguesa, superando 10% para a dívida a cinco anos. Tampouco na Grécia a intervençom impediu que seguissem subindo, superando neste mês por vez primeira desde 1998 13% nas obrigaçons a dez anos. Nom é surpreendente, como já indicamos em artigos anteriores, a própria arquitectura institucional da UE, particularmente o papel do Banco Central Europeu, favorece a especulaçom. Ademais as autoridades comunitárias estám-na utilizando como ferramenta de chantagem para impor as políticas económicas em benefício das elites económicas que as populaçons rejeitam.
Seguramente se debate nas altas esferas económicas e políticas as empresas públicas portuguesas que formarám parte dos pratos a entregar aos glutões. A prensa portuguesa informava alguns dias atrás que a privatizaçom das empresas públicas renderia ao Estado 12.000 mil milhons de euros. De facto os PEC aprovados até a data em Portugal já preveem diversas privatizaçons. A empresa que daria maiores receitas, segundo as mesmas fontes, seria a Caixa Geral dos Depósitos com mais de cinco mil milhões de euros. Desconheço se a CGD ou parte dela será privatizada, em qualquer caso, tal e como acontece no Estado Espanhol, os glutões semelham estar muito interessados em ampliar os seus negócios financeiros.
Preparam a ementa os cozinheiros do FMI e da UE. Garantir os interesses do capital, abrir-lhe novas oportunidades de negócio, aumentar a taxa de exploraçom, eis os objectivos dos cozinheiros. Pouco importa o povo português. Tal e como no autocolante, três décadas depois, os glutões, o capital, disponhem-se a jantar.
A intervençom da UE e do FMI em Portugal traz à minha memória a imagem do autocolante que acompanha este artigo, os glutões abalançando-se sobre o suculento manjar que representa Portugal. Este autocolante tem muitas décadas, alguns dos glutões que aparecem no mesmo nom representam hoje umha ameaça para os portugueses. Na hora presente talvez a imagem mais patente da entrega de Portugal seja a da denominada troika, a equipa de cozinheiros do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da Comissom Europeia que chegárom a Portugal para avaliar os ingredientes e desenhar os pratos a elaborar. Nom conheço imagens dessas relevantes pessoas à sua chegada à Portugal, nom foi o Presidente da República a recebê-los no aeroporto com as honras correspondentes. Si se conhece o nome dos que encabeçam essa importante equipa, á frente da delegaçom do FMI um chef de grande experiência na preparaçom de ementas com diversos países (Grécia, Ucrânia, Roménia). Nom sempre, inclusive poderiamos dizer que nunca, fórom os pratos do gosto das populaçons afectadas mais é bom lembrar, para nom levar-se a enganos, que o FMI nom cozinha a gosto dessas populaçons, os glutões que devoram os pratos som outros.
Nom som os chefs do FMI, e polo visto até agora tampouco os da Comissom nem os do BCE, partidários da inovaçom. Gostam de aplicar na sua cozinha o Consenso de Washington, umha ementa composta de diversas políticas amplamente testadas nas últimas décadas em numerosos estados da periferia económica. Um conjunto de políticas que se expandiu ao tempo que avançava o processo de mundializaçom económica; talvez alguns acrescentassem o adjectivo neoliberal mas em realidade nom é necessário, a única mundializaçom existente é a neoliberal. Políticas que demostrárom a sua eficácia, quando menos no curto prazo, nom para melhorar as condiçons de vida das maiorias, nom para favorecer o desenvolvimento económico mas si para pôr os países a disposiçom do grande capital.
Desconhece-se a ementa que vam preparar com Portugal mas nom se alonjará das privatizaçons, recortes no gasto público e no sistema de pensons público, reformas fiscais regressivas, precarizaçom do mercado de trabalho, política de restriçom salarial ou desregulaçom dos mercados de produtos e serviços habituais em anteriores banquetes preparados polo FMI. Com a sua própria terminologia, as autoridades comunitarias reconhecem-no; numha recente declaraçom dos ministros de economia da UE especificam-se alguns dos pilares nos que se baseará o programa que se aplicará em Portugal :
-Ajuste fiscal para restaurar a sustentabilidade fiscal.
-Reformas para eliminar a rigidez no mercado laboral e de produtos.
-Um ambicioso programa de privatizaçons.
-Medidas para manter a liquidez e a solvência do sector financeiro.
Proclamam abertamente que um dos objectivos da intervençom é apoiar às entidades financeiras. Lembre-se que foi a própria banca a que exigiu publicamente do governo português o recurso à intervençom do FMI e da UE. O simples anúncio do pedido de intervençom, com a teorica garantia do apoio público aos bancos que isso vai supor, motivou umha importante suba da quotizaçom em bolsa dos principais bancos privados portugueses. A banca portuguesa tem um endividamento muito elevado e as autoridades comunitárias agem prestas no seu auxílio para assegurar que cumprem as suas obrigaçons com os prestamistas. Porém esse endividamento nom impendiu que os lucros da banca em 2010 fossem substancialmente superiores aos de 2009, um facto que nom impediu que pagassem menos impostos.
O anúncio de intervençom nom freou sem embargo a escalada alcista dos juros da dívida soberana portuguesa, superando 10% para a dívida a cinco anos. Tampouco na Grécia a intervençom impediu que seguissem subindo, superando neste mês por vez primeira desde 1998 13% nas obrigaçons a dez anos. Nom é surpreendente, como já indicamos em artigos anteriores, a própria arquitectura institucional da UE, particularmente o papel do Banco Central Europeu, favorece a especulaçom. Ademais as autoridades comunitárias estám-na utilizando como ferramenta de chantagem para impor as políticas económicas em benefício das elites económicas que as populaçons rejeitam.
Seguramente se debate nas altas esferas económicas e políticas as empresas públicas portuguesas que formarám parte dos pratos a entregar aos glutões. A prensa portuguesa informava alguns dias atrás que a privatizaçom das empresas públicas renderia ao Estado 12.000 mil milhons de euros. De facto os PEC aprovados até a data em Portugal já preveem diversas privatizaçons. A empresa que daria maiores receitas, segundo as mesmas fontes, seria a Caixa Geral dos Depósitos com mais de cinco mil milhões de euros. Desconheço se a CGD ou parte dela será privatizada, em qualquer caso, tal e como acontece no Estado Espanhol, os glutões semelham estar muito interessados em ampliar os seus negócios financeiros.
Preparam a ementa os cozinheiros do FMI e da UE. Garantir os interesses do capital, abrir-lhe novas oportunidades de negócio, aumentar a taxa de exploraçom, eis os objectivos dos cozinheiros. Pouco importa o povo português. Tal e como no autocolante, três décadas depois, os glutões, o capital, disponhem-se a jantar.