O rural galego perante o problema da fauna salvagem
Abandono, desordem e desestruturação são a causa dos inumeráveis problemas que está a padecer o nosso rural
Abandono, desordem e desestruturação são a causa dos inumeráveis problemas que está a padecer o nosso rural.
A expulsão massiva, padecida na segunda metade do século XX, das pessoas que se dedicavam a trabalhar o agro, primeiramente, nos anos 60, com a emigração à Europa desenvolvida, e depois com a crise iniciada nos anos 80 por causa do submetemento da nossa agricultura às normas impostas pelo Mercado Comum Europeu, que fez desaparecer 90.000 granjas de leite nos últimos vinte e cinco anos, ligado com a aposta por um modelo produtivo para os nossos montes assente na monocultura florestal com especies de crescimento rápido, levou consigo o envelhecimento do rural e em mitos casos o abandono de muitas aldeias, provocando a desertificação e com ela a desestruturação e a desordem do território.
Este processo não foi nada espontâneo senão todo o contrário, foi totalmente planificado por parte dos poderes econômicos alheios aos interesses da Galiza e com a colaboração necessária do governo espanhol, tanto na sua etapa franquista como na chamada “democracia”, mas também com a da Junta da Galiza, só com a breve excepção da etapa do bipartito e das áreas de responsabilidade nacionalista.
Posição compartida pelos dous partidos espanholistas maioritários (PP e PSOE) que têm ostentado e ostentam responsabilidade de governo. Não me cansarei de lembrar a entrevista que concedeu o senhor Guillermo de la Dehesa, há mais de vinte anos, à TVG apostando por conformar Galiza como uma grande área urbana concentrada no eixo atlântico que ia, daquelas, desde A Corunha até Vigo, com as excepções das cidades de Lugo e Ourense, e o resto deserto verde para couto caça.
Toda esta desestruturação e desordem territorial tem as suas máximas expressões no alastramento incontrolável dos incêndios florestais e na propagação, também, incontrolada da fauna salvagem.
Das causas, das responsabilidades políticas e das soluções para lhe fazer fronte à grave crise dos incêndios florestais já se tem escrito, neste mesmo meio, por parte de várias pessoas às que me remito; mas hoje do que quero falar é precisamente da outra praga que padece o rural galego, o da fauna salvagem, há quem lhe gosta chamar fauna cinegética, mas acho que aos corvos não lhe acai muito bem este qualificativo.
Desde há aproximadamente vinte e cinco anos o rural galego vem padecendo os efeitos causados pela fauna salvagem mediante a perda de cultivos agrários, mas também de distintos aproveitamentos do monte. Danos que se têm visto acrescentados sobre todo neste últimos dez anos, mesmo chegando a constituir uma verdadeira praga, no caso de falarmos do javali ou porco-bravo.
As perdas provocadas, sobre tudo, pelos porcos-bravos e em menor medida os corvos, têm incidido, nalguns casos, na viabilidade econômica das granjas afetadas, assim como na de muitas economias de autoconsumo.
As pradarias, assim como os cultivos do milho, da vide e a horta, sobre todo a pataca, estão sendo os mais afetados pela atuação direta do porco-bravo e dos corvos, mas também se estão a produzir perdas nos cultivos florestais pela ação dos veados, assim como nos animais bovinos e ovinos por causa do lobo, sendo estes casos os mais salientáveis.
Estamos, pois, a falar de afetações que incidem moito negativamente na economia das nossas granjas e na das gentes que vivem no rural, dando-se a circunstância de que em muitos casos são gente de idade avançada e que planta os seus cultivos para o autoconsumo. E tudo isto num contexto de grande crise econômica, acrescentada pelos elevados custes de produção, sobre tudo os que têm a ver com a alimentação animal, e com as pensões mais baixas do Estado espanhol, estando as do setor agrário ainda por baixo da média galega.
Perante deste panorama a Junta da Galiza, do PP, decide primeiramente, no ano 2009, deixar de pagar as ajudas pelos danos causado pelo javali para logo passar-lhe toda a responsabilidade às juntas diretivas dos Terrenos Cinegeticamente Ordenados (TECORES), que em alguns casos coincidem com as pessoas titulares das granjas afetadas. Quem queira cobrar os danos causados tem de denunciar ao TECOR.
Com esta manobra o PP persegue eximir de toda responsabilidade ao governo galego ao tempo que provocar enfrentamento entre a vizinhança a fim de evitar que a frustração provocada pelas perdas causadas se enfoque cara a Junta.
Se a sociedade quer preservar a diversidade faunística tem de ser toda a sociedade a que assuma os custes que isso implica, e essa responsabilidade recai sobre a administração que teoricamente nos representa, neste caso a Junta da Galiza. É ela quem quem tem a capacidade técnica e econômica para lhe fazer fronte e dar solução a este repto, mas ficando obrigada a procurar a colaboração de todos os setores implicados e não o enfrontamento.
Nestes precisos momentos de urgência, a solução, a este grave problema, passa por habilitar imediatamente um fundo para lhe fazer fronte às perdas provocadas pela ação destes animais, assim como estabelecer medidas de apoio à atividade agrária e de desenvolvimento rural que ajudem a ordenar a atividade agrária e o território.
Mas, ao mesmo tempo, faz-se necessário a realização de um estudo que determine a situação atual, começando por elaborar um censo rigoroso das distintas espécies, assim como o seu assentamento no território e dos danos causados. Este estudo tem de derivar num plano de atuação público contando com a participação de representantes de labregos e labregas e do resto de setores afetados, tendo como finalidade a prevenção dos danos, mesmo mediante a posta em prática de distintos métodos alternativos de gestão, já experimentados em outras zonas de Europa, das povoações que nestes momentos estão fora de controlo.
O equilíbrio ecológico, na Galiza, está roto no que tem a ver com o javali, pelo que é preciso a sua restauração urgentemente mediante o controlo efetivo da sua proliferação.
Abandono, desordem e desestruturação são a causa dos inumeráveis problemas que está a padecer o nosso rural.
A expulsão massiva, padecida na segunda metade do século XX, das pessoas que se dedicavam a trabalhar o agro, primeiramente, nos anos 60, com a emigração à Europa desenvolvida, e depois com a crise iniciada nos anos 80 por causa do submetemento da nossa agricultura às normas impostas pelo Mercado Comum Europeu, que fez desaparecer 90.000 granjas de leite nos últimos vinte e cinco anos, ligado com a aposta por um modelo produtivo para os nossos montes assente na monocultura florestal com especies de crescimento rápido, levou consigo o envelhecimento do rural e em mitos casos o abandono de muitas aldeias, provocando a desertificação e com ela a desestruturação e a desordem do território.
Este processo não foi nada espontâneo senão todo o contrário, foi totalmente planificado por parte dos poderes econômicos alheios aos interesses da Galiza e com a colaboração necessária do governo espanhol, tanto na sua etapa franquista como na chamada “democracia”, mas também com a da Junta da Galiza, só com a breve excepção da etapa do bipartito e das áreas de responsabilidade nacionalista.
Posição compartida pelos dous partidos espanholistas maioritários (PP e PSOE) que têm ostentado e ostentam responsabilidade de governo. Não me cansarei de lembrar a entrevista que concedeu o senhor Guillermo de la Dehesa, há mais de vinte anos, à TVG apostando por conformar Galiza como uma grande área urbana concentrada no eixo atlântico que ia, daquelas, desde A Corunha até Vigo, com as excepções das cidades de Lugo e Ourense, e o resto deserto verde para couto caça.
Toda esta desestruturação e desordem territorial tem as suas máximas expressões no alastramento incontrolável dos incêndios florestais e na propagação, também, incontrolada da fauna salvagem.
Das causas, das responsabilidades políticas e das soluções para lhe fazer fronte à grave crise dos incêndios florestais já se tem escrito, neste mesmo meio, por parte de várias pessoas às que me remito; mas hoje do que quero falar é precisamente da outra praga que padece o rural galego, o da fauna salvagem, há quem lhe gosta chamar fauna cinegética, mas acho que aos corvos não lhe acai muito bem este qualificativo.
Desde há aproximadamente vinte e cinco anos o rural galego vem padecendo os efeitos causados pela fauna salvagem mediante a perda de cultivos agrários, mas também de distintos aproveitamentos do monte. Danos que se têm visto acrescentados sobre todo neste últimos dez anos, mesmo chegando a constituir uma verdadeira praga, no caso de falarmos do javali ou porco-bravo.
As perdas provocadas, sobre tudo, pelos porcos-bravos e em menor medida os corvos, têm incidido, nalguns casos, na viabilidade econômica das granjas afetadas, assim como na de muitas economias de autoconsumo.
As pradarias, assim como os cultivos do milho, da vide e a horta, sobre todo a pataca, estão sendo os mais afetados pela atuação direta do porco-bravo e dos corvos, mas também se estão a produzir perdas nos cultivos florestais pela ação dos veados, assim como nos animais bovinos e ovinos por causa do lobo, sendo estes casos os mais salientáveis.
Estamos, pois, a falar de afetações que incidem moito negativamente na economia das nossas granjas e na das gentes que vivem no rural, dando-se a circunstância de que em muitos casos são gente de idade avançada e que planta os seus cultivos para o autoconsumo. E tudo isto num contexto de grande crise econômica, acrescentada pelos elevados custes de produção, sobre tudo os que têm a ver com a alimentação animal, e com as pensões mais baixas do Estado espanhol, estando as do setor agrário ainda por baixo da média galega.
Perante deste panorama a Junta da Galiza, do PP, decide primeiramente, no ano 2009, deixar de pagar as ajudas pelos danos causado pelo javali para logo passar-lhe toda a responsabilidade às juntas diretivas dos Terrenos Cinegeticamente Ordenados (TECORES), que em alguns casos coincidem com as pessoas titulares das granjas afetadas. Quem queira cobrar os danos causados tem de denunciar ao TECOR.
Com esta manobra o PP persegue eximir de toda responsabilidade ao governo galego ao tempo que provocar enfrentamento entre a vizinhança a fim de evitar que a frustração provocada pelas perdas causadas se enfoque cara a Junta.
Se a sociedade quer preservar a diversidade faunística tem de ser toda a sociedade a que assuma os custes que isso implica, e essa responsabilidade recai sobre a administração que teoricamente nos representa, neste caso a Junta da Galiza. É ela quem quem tem a capacidade técnica e econômica para lhe fazer fronte e dar solução a este repto, mas ficando obrigada a procurar a colaboração de todos os setores implicados e não o enfrontamento.
Nestes precisos momentos de urgência, a solução, a este grave problema, passa por habilitar imediatamente um fundo para lhe fazer fronte às perdas provocadas pela ação destes animais, assim como estabelecer medidas de apoio à atividade agrária e de desenvolvimento rural que ajudem a ordenar a atividade agrária e o território.
Mas, ao mesmo tempo, faz-se necessário a realização de um estudo que determine a situação atual, começando por elaborar um censo rigoroso das distintas espécies, assim como o seu assentamento no território e dos danos causados. Este estudo tem de derivar num plano de atuação público contando com a participação de representantes de labregos e labregas e do resto de setores afetados, tendo como finalidade a prevenção dos danos, mesmo mediante a posta em prática de distintos métodos alternativos de gestão, já experimentados em outras zonas de Europa, das povoações que nestes momentos estão fora de controlo.
O equilíbrio ecológico, na Galiza, está roto no que tem a ver com o javali, pelo que é preciso a sua restauração urgentemente mediante o controlo efetivo da sua proliferação.