Contentar-se com administrar ou tentar transformar
Eis aí o que eu entendo por achegar o discurso nacionalista às demandas da nossa gente
Toda acção política, mas também social, tem como fim último incidir em como se deve administrar a sociedade. Mas a orientação de essa acção política vai redundar em benefício de uma determinada classe social.
Esta análise parte do asserto de que a sociedade se divide em classes e que como consequência dessa divisão existe luta de classes. Fica então claro que a ação política de uma determinada organização tem como objectivo defender os interesses da classe que representa ou pretende representar, mas se a isto lhe acrescentamos que a luta de classes não se dá num asséptico laboratório se não num determinado quadro geográfico, económico e social, é dizer num contexto nacional, então a ação política também ficará condicionada por esta realidade
Sou dos que acredita em que a contradição principal na Galiza vem determinada pela questão nacional. Contradição que se manifesta no combate que constantemente se está a produzir entre as posições e propostas que defendem as organizações nacionalistas e as defendidas pelas organizações de obediência estatal.
No contexto da nossa nação, podemos agrupar as organizações políticas em dous grandes blocos em função do fim último que perseguem: em conservadoras e transformadoras, mas também em espanholistas e nacionalistas.
O bloco conservador-espanholista vem definido em função, tanto dos interesses de classe como das posições que defende a respeito da inserção subordinada da Galiza na economia capitalista.
Os partidos estatais (PP e PSOE) ao máximo que aspiram é a gerir o sistema capitalista, tal como estamos a comprovar com a gestão da crise sistémica que estamos a padecer, por isso podemo-los qualificar como partidos conservadores, em tanto em quanto defendem os interesses da burguesia especuladora, um na sua versão mais ultra e o outro na sua versão reformista, mas isto só no que tem à ver com as formas.
Se o que temos de conta é o que defendem as sucursais destes partidos na nossa terra, a respeito do papel que cumpre Galiza no contexto estatal, da União Europeia e mundial, comprovamos que em nada pretendem mudar as relações de dependência a que está sometida a sociedade galega. Exemplos temos de abondo, tanto de nos fixar no que passou como no que está a passar com o nossos sectores produtivos (agrário, pecuário, florestal e pesqueiro), mas as coisas não estão melhor se a mirada a dirigimos à construção naval ou ao desenvolvimento industrial e tecnológico. A política defendida por estas organizações entra plenamente no que, desde o nacionalismo, temos definido como espanholista, de submissão aos interesses da Espanha. O mesmo podemos dizer tanto das organizações sindicais (CC.OO. e UGT), como das sociais do âmbito agrário (UU.AA. e XX.AA.).
Pela contra a formulação maioritária do nacionalismo galego enquadra-se no campo das políticas transformadoras e mesmo revolucionarias, na medida em que as suas propostas vão dirigidas a rachar com a dependência da Galiza a respeito da Espanha e ligadas directamente com a defessa dos interesses das classes populares, bloco social constituído pelas populações agrárias, pesqueiras e trabalhadoras, assim como por aquelas que exercem a sua atividade no pequeno comércio e nos serviços.
A dia de hoje não se viu, nem se vislumbra no horizonte, uma proposta séria e consistente para a conformação de uma força política nacionalista de carácter burgues, porque a história é a que é, e não tem volta marcha atrás, e o papel da burguesia galega é, também, o que é, ficando relegada a se conformar com ser uma burguesia intermediária, mas nunca uma classe centrada e com interesses na Galiza, pelo que os seus projectos, tanto económicos como políticos ou culturais, estão mais ligados a Espanha que a Galiza.
Por todo isso é pelo que na Galiza a proposta política do nacionalismo não pode adoptar outra forma mais que a da uma frente patriótica, e não um partido político clássico a semelhança das formações sociais mais desenvolvidas. Vejam-se e analisem-se os casos de Euzkadi ou do Principat de Catalunya, bem diferentes do da Galiza, e não é por acaso ou por alguma razão atávica, se não que as diferenças assentam em razões históricas.
O projecto político nacionalista tem de ser, pelo tanto, um projecto transformador, já que o que persegue é mudar as relações sociais e económicas em benefício da maioria social, assim como fender as relações de dependência que entorpecem o livre desenvolvimento da nossa nação
Estamos, pois, a falar de dois modelos distintos de atuar, o primeiro limitar-se-ia a administrar o sistema, aquando o segundo tem como objectivo mudar esse mesmo sistema.
No nacionalismo galego, hoje, estamos a viver um grande debate de ideias a respeito de como melhor ajustar o nosso discurso à situação de crise que se está a padecer, com o fim de que as nossas propostas tenham mais eco e calado entre a maioria social á quem vão destinadas.
Neste debate escutam-se vozes no sentido de achegar o discurso à sociedade ou que as nossas propostas sejam mais próximas à povoação, e nisso estaremos todos e todas de acordo, mas o problema apresenta-se aquando queremos interpretar o que isto quer dizer.
Se o que se quer dizer é que temos de seguir trabalhado para melhorar as condições de vida das camadas populares, assim como propondo e explicando as nossas alternativas para o conseguir, então estaremos de acordo.
Se o que queremos dizer é que temos de seguir denunciando o papel subordinado da economia galega, ao tempo que apresentamos propostas para ir rachando com este papel, então estarmos de acordo.
Se o que queremos dizer é que temos de seguir esforçando-nos para que o idioma galego não seja um idioma perseguido no próprio território no que xurdiu, então estaremos de acordo.
Se o que queremos dizer é que o movimento nacionalista tem de trabalhar mais coesamente para deste jeito chegar a mais gente e ser mais eficientes, então estaremos de acordo no que quer dizer abrir-se à sociedade.
Em dias passados li duas notícias que podem servir de amostra sobre o que quero dizer. Uma dizia que os salários, na Galiza, perdem poder de compra por primeira vez em oito anos, a outra tem a ver com que o governo municipal d´A Corunha justifica a reposição do título de filho predileto a Millan Astray, militar golpista e fundador da Legião espanhola.
Acho eu, que o discurso que se epera escutar do nacionalismo galego ao respeito será o de manifestar, no primeiro dos casos, o nosso total desacordo com que a classe trabalhadora perda poder adquisitivo e que deste jeito piorem as suas condições de vida, em boa lógica tanto o nacionalismo como a maioria do povo galego terá de estar de acordo com as propostas que a este respeito faz o sindicalismo nacionalista. E, no que tem a ver com a segunda notícia, é de supor, que o que a cidadania consciente lhe gostará escutar dizer ao nacionalismo galego, será que não está de acordo com que se lhe conceda tal título a um militar golpista, inimigo da Galiza, das galegas e galegos que sofreram a repressão fascista do franquismo e dos seus descendentes políticos. Eis aí o que eu entendo por achegar o discurso nacionalista às demandas da nossa gente.
Mas, pela contra, si o que se entende por ter um discurso mais próximo quer dizer, que tanto vale o galego como o espanhol ou o inglês, ou que o que a gente quer escutar de nós, é que a solução à crise passa por politicas reformistas que não ataquem às causas que a gerarão, então estarmos confundindo à própria gente e gerando falsas expectativas. Se o que queremos é conformarmo-nos com administrar o sistema, então estaremos convertendo ao nacionalismo galego numa força gestora do próprio sistema que nos aferrolha, em definitiva numa fraude.
Toda acção política, mas também social, tem como fim último incidir em como se deve administrar a sociedade. Mas a orientação de essa acção política vai redundar em benefício de uma determinada classe social.
Esta análise parte do asserto de que a sociedade se divide em classes e que como consequência dessa divisão existe luta de classes. Fica então claro que a ação política de uma determinada organização tem como objectivo defender os interesses da classe que representa ou pretende representar, mas se a isto lhe acrescentamos que a luta de classes não se dá num asséptico laboratório se não num determinado quadro geográfico, económico e social, é dizer num contexto nacional, então a ação política também ficará condicionada por esta realidade
Sou dos que acredita em que a contradição principal na Galiza vem determinada pela questão nacional. Contradição que se manifesta no combate que constantemente se está a produzir entre as posições e propostas que defendem as organizações nacionalistas e as defendidas pelas organizações de obediência estatal.
No contexto da nossa nação, podemos agrupar as organizações políticas em dous grandes blocos em função do fim último que perseguem: em conservadoras e transformadoras, mas também em espanholistas e nacionalistas.
O bloco conservador-espanholista vem definido em função, tanto dos interesses de classe como das posições que defende a respeito da inserção subordinada da Galiza na economia capitalista.
Os partidos estatais (PP e PSOE) ao máximo que aspiram é a gerir o sistema capitalista, tal como estamos a comprovar com a gestão da crise sistémica que estamos a padecer, por isso podemo-los qualificar como partidos conservadores, em tanto em quanto defendem os interesses da burguesia especuladora, um na sua versão mais ultra e o outro na sua versão reformista, mas isto só no que tem à ver com as formas.
Se o que temos de conta é o que defendem as sucursais destes partidos na nossa terra, a respeito do papel que cumpre Galiza no contexto estatal, da União Europeia e mundial, comprovamos que em nada pretendem mudar as relações de dependência a que está sometida a sociedade galega. Exemplos temos de abondo, tanto de nos fixar no que passou como no que está a passar com o nossos sectores produtivos (agrário, pecuário, florestal e pesqueiro), mas as coisas não estão melhor se a mirada a dirigimos à construção naval ou ao desenvolvimento industrial e tecnológico. A política defendida por estas organizações entra plenamente no que, desde o nacionalismo, temos definido como espanholista, de submissão aos interesses da Espanha. O mesmo podemos dizer tanto das organizações sindicais (CC.OO. e UGT), como das sociais do âmbito agrário (UU.AA. e XX.AA.).
Pela contra a formulação maioritária do nacionalismo galego enquadra-se no campo das políticas transformadoras e mesmo revolucionarias, na medida em que as suas propostas vão dirigidas a rachar com a dependência da Galiza a respeito da Espanha e ligadas directamente com a defessa dos interesses das classes populares, bloco social constituído pelas populações agrárias, pesqueiras e trabalhadoras, assim como por aquelas que exercem a sua atividade no pequeno comércio e nos serviços.
A dia de hoje não se viu, nem se vislumbra no horizonte, uma proposta séria e consistente para a conformação de uma força política nacionalista de carácter burgues, porque a história é a que é, e não tem volta marcha atrás, e o papel da burguesia galega é, também, o que é, ficando relegada a se conformar com ser uma burguesia intermediária, mas nunca uma classe centrada e com interesses na Galiza, pelo que os seus projectos, tanto económicos como políticos ou culturais, estão mais ligados a Espanha que a Galiza.
Por todo isso é pelo que na Galiza a proposta política do nacionalismo não pode adoptar outra forma mais que a da uma frente patriótica, e não um partido político clássico a semelhança das formações sociais mais desenvolvidas. Vejam-se e analisem-se os casos de Euzkadi ou do Principat de Catalunya, bem diferentes do da Galiza, e não é por acaso ou por alguma razão atávica, se não que as diferenças assentam em razões históricas.
O projecto político nacionalista tem de ser, pelo tanto, um projecto transformador, já que o que persegue é mudar as relações sociais e económicas em benefício da maioria social, assim como fender as relações de dependência que entorpecem o livre desenvolvimento da nossa nação
Estamos, pois, a falar de dois modelos distintos de atuar, o primeiro limitar-se-ia a administrar o sistema, aquando o segundo tem como objectivo mudar esse mesmo sistema.
No nacionalismo galego, hoje, estamos a viver um grande debate de ideias a respeito de como melhor ajustar o nosso discurso à situação de crise que se está a padecer, com o fim de que as nossas propostas tenham mais eco e calado entre a maioria social á quem vão destinadas.
Neste debate escutam-se vozes no sentido de achegar o discurso à sociedade ou que as nossas propostas sejam mais próximas à povoação, e nisso estaremos todos e todas de acordo, mas o problema apresenta-se aquando queremos interpretar o que isto quer dizer.
Se o que se quer dizer é que temos de seguir trabalhado para melhorar as condições de vida das camadas populares, assim como propondo e explicando as nossas alternativas para o conseguir, então estaremos de acordo.
Se o que queremos dizer é que temos de seguir denunciando o papel subordinado da economia galega, ao tempo que apresentamos propostas para ir rachando com este papel, então estarmos de acordo.
Se o que queremos dizer é que temos de seguir esforçando-nos para que o idioma galego não seja um idioma perseguido no próprio território no que xurdiu, então estaremos de acordo.
Se o que queremos dizer é que o movimento nacionalista tem de trabalhar mais coesamente para deste jeito chegar a mais gente e ser mais eficientes, então estaremos de acordo no que quer dizer abrir-se à sociedade.
Em dias passados li duas notícias que podem servir de amostra sobre o que quero dizer. Uma dizia que os salários, na Galiza, perdem poder de compra por primeira vez em oito anos, a outra tem a ver com que o governo municipal d´A Corunha justifica a reposição do título de filho predileto a Millan Astray, militar golpista e fundador da Legião espanhola.
Acho eu, que o discurso que se epera escutar do nacionalismo galego ao respeito será o de manifestar, no primeiro dos casos, o nosso total desacordo com que a classe trabalhadora perda poder adquisitivo e que deste jeito piorem as suas condições de vida, em boa lógica tanto o nacionalismo como a maioria do povo galego terá de estar de acordo com as propostas que a este respeito faz o sindicalismo nacionalista. E, no que tem a ver com a segunda notícia, é de supor, que o que a cidadania consciente lhe gostará escutar dizer ao nacionalismo galego, será que não está de acordo com que se lhe conceda tal título a um militar golpista, inimigo da Galiza, das galegas e galegos que sofreram a repressão fascista do franquismo e dos seus descendentes políticos. Eis aí o que eu entendo por achegar o discurso nacionalista às demandas da nossa gente.
Mas, pela contra, si o que se entende por ter um discurso mais próximo quer dizer, que tanto vale o galego como o espanhol ou o inglês, ou que o que a gente quer escutar de nós, é que a solução à crise passa por politicas reformistas que não ataquem às causas que a gerarão, então estarmos confundindo à própria gente e gerando falsas expectativas. Se o que queremos é conformarmo-nos com administrar o sistema, então estaremos convertendo ao nacionalismo galego numa força gestora do próprio sistema que nos aferrolha, em definitiva numa fraude.