O paradoxo do Celta Comum
Em vários artigos anteriores tenho mencionado o celta comum e o meu desacordo com vários dos pressupostos sobre os que está construído e sobre a maneira em que se adoita empregar.
O recente livro Tartessian II do professor John T. Koch da-me a oportunidade de falar algo mais acerca disto. Tartéssico e o nome da língua duma cantidade de inscrições que aparecem no Sul de Portugal e no Oeste de Andalucia e Extremadura. Estas inscrições empregam umha escrita própria, chamada do Sudoeste, emparentada coa ibérica.
As inscrições mais antigas datam do s. VIII antes da nossa era, o que as converte na escrita mais antiga do Ocidente da Europa. Neste livro, e noutro anterior do mesmo título, Koch fai uma interpretação do Tartéssico como uma língua celta relacionada coa que se conhece na Gallaecia por nomes e outras palavras que aparecem nas inscrições de época romana. Esta interpretação do Tartéssico contradí vários dos supostos sobre a formação das línguas celtas co que convém fazer um repasso deles.
No s. XVII um crego bretão chamado Pezron e um professor galês de Oxford chamado Lluyd propuseram que as línguas britónicas (galês, bretão e córnico) e mais o gaélico estavam emparentadas entre si e coa língua que falavam os galos da època de César, da que só se conheciam fragmentos. A partir de aí deducirom a existência duma família linguistica á que chamarom celta. Compre notar que isto foi case cem anos antes de que William Jones propusera a existência da família de línguas Indo-Europeas.
No século XIX, já no marco dos estudos Indo-europeus reconstruiu-se uma proto-língua da que haviam proceder tanto o gaulês como as línguas celtas actuais. Ainda que se reconstruiu a partir das duas ramas existentes na actualidade (gaélico e britónico) a maior parte das características distintivas destas línguas actuais quedarom fora da protolíngua por se considerarem modernas. Essas características são difíceis de explicar porque não correspondem co resto das línguas Indo-Europeas. Isto levou a uma reconstrução do celta comum que se parece mais ao grego ou ao latim que ás línguas celtas modernas.
Varias inscrições gaulesas descobertas neste século questionam este modelo. Estas inscrições, a pesar de estar numa língua conhecida como é o gaulês, não se compreendem e só se podem reconhecer algumas palavras soltas. O curioso é que estas palavras são moito mais parecidas ás formas galesas e gaélicas actuais do que se podia prever. Um exemplo indas mnas (essas mulheres) que no irlandês antigo era inna mná e as formas parecem-se moito mais do que se pensava, nomeadamente no caso do demonstrativo.
,O paradoxo: O céltico antigo parece-se menos ao tronco comum Indo-Europeu do previsto, é mais celta do que deveria, e por isso corre o risco de não ser aceitado como celta. De não estar estabelecido que as inscrições citadas estão em gaulês é moi provável que não fossem aceitadas como celtas.
Outro exemplo é que algumas das principais críticas que se lhe fazem a Koch são que o não pode ser céltico porque amosa uma confusão entre m e b e que tem dous sons r diferentes, cando estes traços aparecem em todas as línguas celtas actuais.
O das duas formas de r não precisa explicação por que no galego pasa o mesmo: há um r forte e um r feble. O do m e o b precisa algum exemplo: a palavra samhain (o nome gaélico da nosa festa de Santos) pronuncia-se como ou /safem/ ainda que pode variar segundo os dialectos, mas nunca se pronuncia com m a pesar da escrita. Nos textos tartéssicos aparece uma forma leboiire e outra linboire que Koch interpreta como procedente da mesma raiz que lemaui, o nome dos habitantes da Terra de Lemos.
O que não di Koch neste livro e que as línguas celtas tenhem elementos que não coincidem co tronco comum Indo-Europeo: orde VSO fronte a SOV, etc. Estes traços explicam-se bem se as línguas celtas tiveram um contacto de antigo cuma língua ou línguas do grupo afro-asiático como o fenício por exemplo.
Se este contacto datar da Idade de Bronze o lugar de formação das línguas célticas há ser a Fachada Atlântica da Europa, onde estão historicamente. A hipótese chama-se Celtic from the West e houvo um congresso co mesmo nome no 2010 do que tratarei outro dia.
Deixo para outro artigo o contar-lhes as relações que vê Koch entre o Tartéssico e o Galaico.
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