“El korunho”, Paco Vázquez e Artur Mas

“El korunho”, Paco Vázquez e Artur Mas

O President de Catalunya, Artur Mas, vem de fazer umas manifestações em resposta a uma solicitude do dirigente de Ciutadans de Catalunya, quem lhe instava a cumprir com as sentenças que querem impor o espanhol no sistema escolar do Principat de Catalunya.

Estas declarações qualificadas como polemicas pela maioria da imprensa espanhola e galega-espanholista são as seguintes: "essas crianças sacrificadas baixo o duríssimo jugo da imersão lingüística em catalão tiram as mesmas qualificações em castelhano que as crianças de Salamanca, Valhadolid, Burgos ou Sória, por não falar de Sevilha, Malaga ou Corunha porque ali falam castelhano efetivamente, mas às vezes a alguns não se lhes entende".

A meu ver o senhor Mas está transmitindo uma realidade mais que evidente.

Há já certo tempo que fez uma viagem com a minha companheira pelo Oeste da península ibérica. Sendo já de noite chegamos à cidade de Cordoba, procuramos aposento onde dormir, logo de ter satisfeita esta primeira necessidade perguntamos ao hospedeiro onde podíamos comer algo, indicando-nos um restaurante próximo. Lá fumos, tomamos assento, logo chegou o empregado de mesa para ofertarmo-nos a ementa. Já não havia muito onde escolher, a proposta reduzir-se-ia a "Pescaitos fritos" e "Ha.........menquitos", pronunciando a primeira parte da palavra com um forte som gutural que não chegamos a compreender, miramos um para o outro, e de novo lhe solicitamos que nos repetira o que nos tinha dito, obtendo a mesma resposta, "Ha........menquitos", inquirimo-lo por terceira vez, a resposta foi idêntica. Chegados a este ponto optamos por lhe pedir nos descrevera em que consistia a proposta que nos fazia, explicou-nos que era um bife de vitela enrolado levando no seu interior uma fatia de presunto, coberto todo isso com farinha, ovo e pão. Comemos os "pescaitos fritos" e este segundo prato, que por certo estava bem bom. Ao dia seguinte erguemo-nos e demos umas voltas pela zona da mesquita, zona turística e com muitos bares e restaurantes onde tinham exposto ao público os menus, nesse momento foi quando tomamos conhecimento de como se chamava o prato que tínhamos comido a noite anterior: "Flamenquitos". É certo, nós não fôramos capazes de o entender.

Passemos logo ao caso do castelhano d´A Corunha: "el korunho".

Com a chegada ao governo municipal da cidade d´A Corunha de Francisco Vasquez "El colonizador-colonizado", uma parte não desprezível da povoação desta formosa cidade galega viu-se afetada por um vírus inoculado pelo referido desde o Paço de Maria Pita, sede do concelho.

O que tentou conseguir este desprezível individuo, e em parte consegui, de momento, foi que a parte de povoação que se viu afetada pelo seu vírus renegara das suas origens galegas. Assim seguindo as suas teorias A Corunha deixou de ser uma cidade galega para passar a ser uma cidade-estado, situada fora do espaço geográfico do território galego, quase fora do mundo, mas sim fazendo parte da "Hespanha". Este jeito de pensar teve o seu correlato no idioma empregado.

O líder dessa corrente distingue-se por empregar um espanhol-castelhano com um forte sotaque galego, isso não seria mau, senão todo o contrário, se ao mesmo tempo não renegara do galego, mas não é ocaso. Em realidade o que se passa é que essa maneira de falar tão grosseira e paifoca, agravada pelo seu ódio ao nosso idioma, transmite uma sensação de elevado desdém em quem o escutar devido ao exagerado ridículo. Ridículo que via proporcionalmente ligado ao auto-ódio que manifesta, porque quanto mais renega do galego mais patético é o individuo tentando falar corretamente o espanhol.

Este comportamento derivou, por mimetismo, numa gíria ininteligível que véu a se denominar "el korunho". A continuação reproduzo uma frase que encontrei andando na procura de informação para fazer o presente artigo:

"Buah, neno, laté a geo y de pija no me cacaharon mis puriles, chrovo".

Não sei se em realidade esta frase reproduz aproximadamente este jeito de falar, mas o que fica claro é que isto não há quem o entenda, por isso comparto a opinião de Artur Mas que este castelhano d´A Corunha não se entende.

Um idioma estrangeiro é muito mais fácil aprende-lo conhecendo profundamente o teu, por isso aquelas pessoas que renegam do galego, tendo-o como idioma materno, têm muitas dificuldades para dominar corretamente outro idioma. Isso foi, ao meu entender, o que quis dizer Artur Mas quando defendia no Parlamento Catalão a imersão lingüística no Principat de Catalunya.