Celtas, pêro que celtas?
As línguas celtas, que ainda existem, falam-se nas Ilhas Britânicas e na Bretanha francesa. Dividem-se em dous grupos, cada um deles com duas línguas vivas e outra ressuscitada. O primeiro grupo é o gaélico (celta q) formado por: irlandês, escocês e manês. O segundo é o britónico (celta p) formado por: galês, bretão e córnico.
A julgar polo nome pareceria que o galês seria o mais parecido ao galego, mas o seu nome em galês e Cymraeg; pola contra as linguas da rama gaélica chamam-se gaeilge (irlandês), gaidhlig (gaélico da Escócia) e gailck (mannês) ir a http://www.ibiblio.org/gaelic/canan.html para ouvir a pronuncia.
Para comparar escolheu-se o galês (cymraeg) como representante da rama britónica e o irlandês como representante da gaélica por terem as tradições escritas mais antigas, vários centos de anos mais que o galego. As palavras irlandesas, agás capall som da forma antiga do irlandês que se falava há cousa de mil anos.
,Cando os comparar vemos que as palavras que o latim pronuncia (entre parêntese a pronuncia aproximada) qu (cu) como quattor (cuator) pronunciam-se cum p no galês como pedwar (peduar). Esse passo de qu a p e característico das línguas celtas da Grande Bretanha, a Gália (Francia) e o centro de Europa. Não há traças del no galego, co que é bastante difícil que na Galiza se falasse uma língua desta rama.
Pola contra no gaélico o passo de qu a c coincide co mesmo fenómeno no galego como se bota de ver nas catro primeiras linhas da tabela: ceathair (cázar)/catro, cúig (cuug)/cinco. O caso mais rechamante e o de Cé (quee); galego quem, e Cén (queem); galego que, onde as palavras irlandesas e galegas estão trocadas. Também indica que este fenómeno no galego -ou no português da Galiza se preferir- não é uma inovação, é uma persistência da língua anterior.
Asim e todo, palavras como que, e quem hainas noutros idiomas. Por exemplo segundo o linguista italiano Mario Alinei, numa língua tão longe do galego como é o finlandês, a palavra para quem e ken. Precisamos mais dados.
Aqui entra a palavra equo que tem um resultado diferente as anteriores no irlandês e no galego.
No caso de cavalo não há equivalente galês mas houvo uma deusa Epona (dos cavalos) na Gália. Neste caso o irlandês pronuncia ech (egh) e os especialistas propõem uma forma mais antiga *echuah que se pronunciaria case como eghua. Isto já é moita coincidência, e não se trata duma palavra perdida no dicionário, ech é o exemplo irlandês da primeira declinação. Capall (cápel) pola contra é uma palavra de orige estrangeiro como se bota de ver pola p, que nunca se usa na escrita das palavras de orige gaélica.
Interessa sinalar que a gheada do galego é neste caso etimológica; a forma com gheada é mais antiga - anterior á chegada do latim!- que a forma sem ela. Não é assim em todos os casos, por exemplo o galego grea (manda de cavalos) corresponde com graig (irlandês antigo) e gre (galês, córnico e bretão) co mesmo significado e sem gheada nos dous casos.
Para concluir: a lingua que se falava na Galiza antes da chegada dos romanos -e algo despois também- ou era gaélico ou devia de se parecer bastante. Compre estudarmos as línguas celtas que sobrevivem, é nomeadamente o gaélico, para resolver vários enigmas na formação do galego e para decifrar boa parte da nossa toponímia.