As consequências do Paradigma da Continuidade Paleolítica para a orige do galego
O artigo de Alinei e Benozzo do ano 2006 apresentado num Congresso de onomástica em Ponte-Vedra (Mario Alinei - Francesco Benozzo, Alcuni aspetti della Teoria della Continuità Paleolitica applicata all’area gallega enlace há versão galega e portuguesa no mesmo enlace) deu moito que falar, sobre todo por ponher á Galiza como celtizada antes que a Celtibéria. Mas há outros elementos desta teoria que passarom mais desapercebidos, vou falar aqui de dous deles.
- As línguas não cambiam por si mesmas, são os falantes os que mudam o seu jeito de falar por influencia doutra língua (a influencia do inglês no espanhol, ou do espanhol no galego).
- Cando aprendem uma língua os falantes introduzem nela sons, palavras e construções da língua anterior. Isto é o que denominamos substracto.
Esto ultimo è moi importante para o estudo das línguas romances. A idea tradicional desde os trabalhos de Diez (o nome engana, chamava-se Friedrich Cristian Diez e era alemão) é que no Império Romano falava-se uma língua bastante uniforme, o latim vulgar, e que essa língua começa a se fragmentar despois da fim o Império para dar lugar vários séculos despois ás diferentes línguas romances. A existência de substratos reconhece-se para a toponímia e casos semelhantes (não quedava mais remédio) mas as características das línguas romances consideran-se inovações a partir do latim vulgar. A maiores está o ênfase nas línguas oficiais dos estados: Diez agrupa o catalá co espanhol e não co occitano ao que se parece bastante mais.
Isto começa a cambiar co estudo dos dialectos da Itália por Giacomo Devoto e a sua escola. O problema na Itália era que o norte do pais fala uma serie de dialectos romances mas não italianos, parecem-se mais ao Occitan ou ao Catalá. E nessa zona norte a influencia dos galos era inegável, mesmo o nome antigo era Galia Cisalpina. Desta escola procede Alinei que começa como estudioso da dialectologia europea antes de propor a sua Teoria da Continuidade.
Para Alinei essas diferenças estavam aí desde que os povos conquistados aprenderam o latim, só que não apareciam na escrita. Ao desaparecer o Império Romano a língua da maioria da população cambia moi pouco, o que cambia é o conhecemento do latim que tenhem as classes altas.
Os dialectos (falados) são anteriores ás línguas escritas, mas o estudo da historia das línguas é case por completo a partir de materiais escritos. Mas mesmo basando-se em fontes escritas Alinei e amosa como palavras do latim clássico procedem dos dialectos no tomo II de Origini delle lingue d’Europa e no artigo de Alinei e Benozzo de 2009 Profilo linguistico della Romània pre-romana: le grandi tappe dalla preistoria a oggi enlace.
No mesmo livro e numa chea de papeis posteriores Alinei demostra a correspondência destes dialectos coas diversas culturas arqueológicas que se sucedem num território (no enlace anterior: Mario Alinei, La théorie de la continuité appliquée à l’aire des Alpes Occidentales: dialectes, cultures et archéologie). Tanto é assim, que não estuda a Península Ibérica por falta de datos arqueológicos suficientes.
No nosso caso é importante sublinhar que as diferencias entre o galego-português e o astur-leonês tenhem que ser anteriores ao século XII. Neste século produziu-se a separação de Portugal e a transferencia das terras entre Eo e Navia á diocese de Oviedo, mais a terra do Navia continua a falar galego e o leonês de Miranda de Douro, em Portugal, segue a ser distinto do português; o que implica que a diferencia tem que ser anterior. Asimesmo, as diferencias entre galego e português seguem a ser muito menores que entre galego e asturiano; ainda despois da influencia uniformizadora do castelán sobre os dous últimos e a separaçom política do galego e português nos últimos séculos.
E se a diferencia entre galego-português e asturiano é anterior ao século XII de cando é?
Para dar resposta precisaríamos umha época em que as duas áreas pertencessem a cadansua esfera política e cultural, e por um tempo longo. O problema é que qualquer atlas histórico nos vai amosar a área galega e astur-leonesa como parte do mesmo reino: o reino da Galaecia —ou Leom para a historiografia espanhola—, e anteriormente a província de Gallaecia no reino godo e ainda antes o reino suevo da Gallaecia. Algumas diferencias podem aparecer durante este período mas é mui difícil supor que a divisom em duas línguas distintas derive de aí.
Na época romana os astures e galaicos estão na mesma província, a Tarraconense primeiro e a Gallaecia despois. Logo as diferencias mal podem vir de aí, pola contra, tem que ser umha época em que o prestigio do latim vai superpondo-se as diferencias entre as línguas locais e apagando-as. Daquela, a fronteira entre o galego e o asturiano ha de ser anterior á ocupacom romana.
O livro de Alfredo Gonzalez Ruibal: *Galaicos: Poder y Comunidad en el Noroeste de la Península Ibérica *(publicado no 2006 em dous tomos da revista Brigantium) permite comprovar como nestes dous territórios as divisões linguisticas coincidem coas arqueológicas. É, de feito, no período castrejo cando se constata umha diferencia arqueológica entre os conventos galaicos e o asturicense que deixa a área de Miranda do Douro dentro do território astur (fivelas mesetenhas, colares de prata, verracos etc.) fronte á área bracarense (fivelas de longo travessão, torques de ouro, trisceles, guerreiros, “saunas ”etc.). So na área de Chaves e o Val do Tâmega coexistem ambas influencias. As fivelas de longo travessão e mais os torques situam tamém a terra do Navia firmemente no castrejo, mentres o resto de Asturies amosa fivelas mesetenhas e colares de prata. Não aparecem dados certos das fronteiras arqueológicas no Berço.
Parece logo que há traços onde o galego-português e o astur-leonês divergem que datam de antes da conquista romana. Agora falta averiguar que traços são esses.