Milhão e médio de persoas sinalam a independência, os partidos espanhóis miram o dedo
Para o governo e a prensa de Madrid o que pasou na Diada é uma iniciativa de Mas para desviar a atenção dos recortes. Mas iso não explica por que a manifestação convocou a uma quinta parte da população de Catalunha.
O projecto histórico do nacionalismo catalá foi sempre modernizar a Espanha. Uma nação catalá numa Espanha federal. Este era o programa de Esquerra Republicana durante a II República. Que o nacionalismo catalá em pleno abandoe seu programa e decida apostar pola independência não se explica por uma arroutada nem por conveniências do momento.
O Partido Popular levou desde a maioria absoluta do ano 2000 uma política de confrontação com Catalunha tanto no governo como na oposição. Mas esta situação não é nova.
Durante todo o século XIX, Catalunha foi a zona industrial do estado espanhol, e Madrid má cidade provinciana onde a UGT foi fundada por tipógrafos (como Pablo Iglesias) porque a prensa e as imprensas eram as únicas industrias importantes.
O franquismo levou uma política de converter Madrid numa potência industrial ao preço que fose. Para isso levouse a electricidade e mesmo alguma industria da Galiza, materias primas do Cantabrico, e a população um pouco de todas partes. Chegouse a falsificar o censo de 1970 para que Madrid fose, por fim, a cidade mais populosa da Espanha. O regime saído da Transición aplicou uma continuação desta política por outros médios. E os governos do PP deixarom claro que calquera tipo de poder catalá autónomo, fosse político u económico era inaceitável.
Todos os cidadãos do estado estamos a pagar as consecuencias da cantidade de milhões investidos em autovias (gratuitas), AVE e infra-estruturas de todo tipo para converter em centro de comunicações de toda a Península uma cidade que Filipe II escolheu de capital porque estava longe de todas partes.
Se pensar que esagero compre mirar num mapa de Europa cantas outras capitais não tenhem acesso ao mar ou a um rio navegável.
Xavier Rubert de Ventós pranteava, há mais de quinze anos, que as opções para Catalunha eram duas: a releitura da Constitución que propunha Maragall ou a independência. E não confiava em que o projecto de Maragall fosse adiante. Como sabemos o projecto de Maragall fracassou por completo. O PSOE incumpriu seus compromissos e quedou claro que o estado espanhol não se vai deixar reformar.
A consequência é o aumento do apoio popular á independência de Catalunha. O processo vai ser longo e pode ser que o partido de Artur Mas não seja quem de continuar até o fim. Mas se a estrutura do estado não cambia, e não vai cambiar, o apio da população catalá vai estar co partido que liderar este projecto.
O que vai passar em Euskadi dependerá do resultado das eleçoes e do rápido que se resolva o fim de ETA. Mas o PNV tem a experiência do plan Ibarretxe e esta claro de que lado vai estar Bildu. É moi cedo para saber como vai afectar o debate político na Galiza.
Em calquer caso, os que estão a agardar tempos melhores para reactivar a Declaração de Barcelona mais vale que agardem sentados.