Vamos à luta!


Os recentes dados económicos nacionais são boas notícias para o País. Significam que uma pequena melhoria das condições de vida do povo tem efeitos positivos no funcionamento da economia nacional. Este facto constitui uma derrota política e ideológica de todos aqueles que defenderam e defendem a ideia de que a «saúde» económica do País depende do empobrecimento do povo e da submissão às políticas de «austeridade» das troikas e de Bruxelas. Como o PCP sempre afirmou, a diminuição do desemprego, a conquista de direitos, a melhoria das condições de vida dos portugueses e o consequente aumento da procura interna são factores centrais para dinamizar a economia nacional. O discurso do miserabilismo e da submissão sofre uma pesada derrota e isso é uma vitória do PCP.

Mas isso não significa que estejamos perante uma inversão sustentada e sustentável do rumo imposto por décadas de políticas de direita e de integração capitalista europeia. Estamos bem longe desse cenário. Portugal continua a ser um País com um povo massacrado pelo desemprego, pela pobreza, por profundas desigualdades, pela asfixia do aparelho produtivo, por injustiças sociais e flagelos como a precariedade. Se os desenvolvimentos nos abrem portas de esperança, a realidade relembra-nos também os muitos problemas que estão por resolver e aos quais a política do actual Governo ainda não conseguiu – ou não quis – dar resposta.

A questão que se coloca neste momento não é a do contentamento gratuito, do foguetório ou do conformismo com uma pequena e frágil melhoria da situação económica e social. Quando uma luz ao fundo do túnel se vislumbra, o maior erro seria ignorar os problemas que persistem e as razões de fundo que estão por detrás da estagnação económica de décadas, da perda de meio milhão de empregos em pouco mais de 15 anos, da destruição ou entrega ao estrangeiro de sectores e alavancas estratégicas para o nosso desenvolvimento.

É necessário retirar lições da realidade. E mais uma vez, e como sempre, as questões de classe estão em cima da mesa. Foram os trabalhadores e o povo que pela sua acção, luta e voto, criaram as condições para que a relação de forças permitisse forçar políticas que um governo maioritário do PS nunca levaria a cabo e, com isso, demonstrar a possibilidade de outros caminhos. É isso que vários tentam agora ocultar.

,Olhar em frente!

O mérito dos actuais avanços não é daqueles que levaram a cabo ou foram coniventes com uma obra de destruição do País e de ódio social contra o nosso povo. E muito menos é devido a «performances» individuais com que por exemplo Schauble tenta ocultar a sua própria derrota. Resultam sim da capacidade de resistência e luta do povo português e das alamedas de esperança que essa luta sempre abre, e carregam em si a mensagem de que é necessário aprofundar o caminho da justiça social, da defesa do aparelho produtivo e da soberania nacional para fazer avançar o País.

Concluir da compatibilidade dos avanços registados com as políticas da União Europeia que tentam impedir ou destruir as conquistas alcançadas é, ou um erro político, ou uma manobra de ilusionismo condenada ao fracasso. Tal como o é qualquer ideia de que maiores avanços nos direitos laborais e sociais ou condições de vida do nosso povo pode «estragar» o que já se conseguiu, ou pôr em causa qualquer ilusória «condescendência» da União EuropeiaNão! Aquilo que a realidade nos grita aos ouvidos é que é a coragem de lutar e a determinação de intervir em função dos interesses do povo e do País – como o PCP tem feito – que fortalecem Portugal. O tempo é de olhar em frente e ter presentes as muitas batalhas que temos pela frente para conseguir uma ruptura com a política de direita e com as imposições, constrangimentos e chantagens da União Europeia e do euro. É esse o caminho que pode levar mais longe os sinais que agora vivemos. É por isso que as manifestações que no próximo sábado vão encher as ruas de Lisboa e do Porto estão prenhes de futuro e floridas de esperança. Que ninguém falte! Vamos à luta!

[Artigo publicado en Avante!]

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