Operação golpista

A recente frustrada intentona golpista na Venezuela, protagonizada pela extrema-direita e apoiada pela Administração norte-americana de Trump, foi acompanhada de uma monumental campanha de desinformação e mentira, profusamente fomentada por órgãos de comunicação social e ‘jornalistas’ que se exibiram – nomeadamente em Portugal – como autênticos cúmplices e mesmo activos colaborantes do golpe.

Um coro de desinformação que não hesita na utilização da falsidade para tentar manchar a legitimidade popular e constitucional do poder bolivariano, chegando a afirmar que foi um «golpe militar que levou Hugo Chávez ao poder, em 1998» (Público, 1.5.2019) ou que «os eleitores escolheram o líder da oposição Juan Guaidó nas eleições de Janeiro» deste ano (CNN, 6.5.2019), exemplos do imenso cortejo de trapaças e propaganda de guerra.

Com o mesmo empenho, os arautos da desinformação ocultam cuidadosamente a acção de desestabilização; as violentas tentativas de golpe; o desumano boicote, açambarcamento e especulação; a brutal acção terrorista e a sabotagem, incluindo do sistema de fornecimento eléctrico e de abastecimento de água; a tentativa de isolamento político e diplomático; as criminosas sanções e bloqueio económico e financeiro; e a ameaça de agressão militar – através das quais a Administração norte-americana de Trump e a extrema-direita procuram agravar a situação económica e social da Venezuela e quebrar a determinação e a resistência do povo venezuelano.

Na verdade, os que enchem hipocritamente a boca com as palavras ‘liberdade’, ‘democracia’ e ‘direitos’, alinhados com Trump e a extrema-direita, são cúmplices do mais violento desrespeito e agressão à liberdade, à democracia, aos mais elementares direitos do povo venezuelano. Aqueles que apelam à intervenção militar dos EUA e seus mercenários, à guerra de agressão contra a Venezuela – como faz Guaidó, Lopéz e seus comparsas – não podem verdadeiramente defender a liberdade, a soberania, a democracia, os direitos do seu povo.

Aliás, só pode ser cínica a exigência de realização de eleições ‘livres’ e ‘justas’ a um país que nos últimos 20 anos realizou 25 actos eleitorais, com uma ampla e livre participação popular – apesar, por vezes, do boicote da extrema-direita patrocinada pelos EUA – e que é neste momento vítima de uma violenta operação de ingerência e desestabilização e guerra económica.

É, pois, indecorosa a postura adoptada pelo Governo português de não demarcação e cúmplice alinhamento no branqueamento da acção golpista da extrema-direita venezuelana e da criminosa escalada de ingerência, bloqueio e agressão contra a Venezuela levada a cabo pelos EUA, em clara violação do direito internacional e que tanto dano procura causar ao povo venezuelano, assim como à comunidade portuguesa que vive neste país.

A Venezuela bolivariana enfrenta um brutal bloqueio económico e financeiro, uma orquestrada campanha de intrigas, chantagens e ameaças, uma acção golpista que afronta a sua ordem constitucional, que visa submeter a Venezuela ao domínio neocolonial dos EUA.

A solidariedade com as forças bolivarianas e o povo venezuelano e a sua luta em defesa da Revolução bolivariana e da soberania da sua pátria é mais premente que nunca.


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