Mais tropas no Sahel


Aumenta a presença de tropas africanas e estrangeiras na faixa do Sahel, em África.

A União Europeia confirmou que planeia gastar 50 milhões de euros para financiar o estabelecimento de uma força militar conjunta africana no Sahel com o objectivo expresso de «combater o terrorismo», entre outras «ameaças».

A alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, anunciou a «ajuda», em Bamako, a capital do Mali, na segunda-feira, 5. Precisou que as tropas vão também combater a imigração ilegal e os tráficos transfronteiriços.

Do ponto de vista da diplomata, «a estabilidade e o desenvolvimento da região do Sahel são cruciais tanto para a África como para a Europa». E sublinhou que a «contribuição» financeira de Bruxelas estará disponível «rapidamente», aguardando o empenho dos parceiros africanos.

A força militar será integrada por tropas da Mauritânia, Mali, Chade, Burkina Faso e Níger, grupo conhecido por G5 do Sahel. Os respectivos governos aprovaram em Março um plano para constituir um contingente de cinco mil membros, incluindo soldados, polícias e civis. A decisão já tinha sido adoptada em finais de 2015, numa cimeira em Djamena, a capital chadiana.

O ministro maliano dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, disse agora que os líderes dos cinco países decidiram que a nova força terá 10 mil membros e que estará operacional no final de 2017. Explicou que os chefes de Estado do G5 do Sahel, reunidos em Riad durante a recente visita do presidente Donald Trump, dos EUA, à capital da Arábia Saudita, decidiram duplicar os efectivos da força militar «para demonstrar o seu compromisso» na segurança da vasta área a Sul do Sahara.

Nem Mogherini nem Diop esclareceram o papel da monarquia saudita – a par de Israel, a grande aliada no Médio Oriente do imperialismo norte-americano – no treino e armamento da nova força militar africana.

Força senegalesa

Já operam no Mali e nos países vizinhos, hoje, uma força francesa de três mil soldados, desde Janeiro 2013, e a missão de paz das Nações Unidas, a Minusma, com 12 mil militares, desde Julho desse ano.

O pretexto da intervenção foi travar a rebelião de grupos jihadistas da al-Qaeda aliados ao movimento independentista tuaregue, no Norte maliano. Embora contidas num primeiro momento, as acções de guerra aumentaram a partir de 2015 e alastraram ao centro e ao Sul do Mali, apesar dos acordos de paz entretanto assinados.

Em meados de Maio último, foi tornado público que o Senegal, fiel aliado do Ocidente, vai enviar uma força militar de intervenção rápida para a região central maliana. O novo chefe das operações de manutenção da paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, em visita ao Mali, justificou a medida com «a situação de insegurança» que prevalece. Apesar do «mandato robusto» da Minusma e dos seus esforços, segundo o alto responsável onusino, «falta-lhe capacidade» operacional.

A missão de paz no Mali é considerada a mais perigosa das operações activas das Nações Unidas. E a mais mortífera desde a missão na Somália, em 1993-95, com mais de 70 capacetes azuis mortos.

[Este artigo foi publicado no Avante!]