Economistas aterrorizados

Economistas aterrorizados
Algumhas cousas sobre os manifestos de economistas

No último ano e médio tivérom umha ampla difusom no Estado Espanhol dous manifestos assinados por um grupo de cem economistas. O primeiro deles apresentado em Maio de 2009 referia-se ao mercado laboral e o segundo, recentemente apresentando, visa o sistema público de pensons. Ambos arremetem com violência contra importantes conquistas sociais, contra os interesses da maioria social e defendem reformas no benefício dos poderosos. Os seus promotores fórom apresentados como prestigiosos expertos pola maioria dos meios de comunicaçom e as suas análises elevadas a dogma de fé. A pesar desta apresentaçom boa parte dos assinantes nom som especialistas no mercado laboral nem tampouco nas pensons; da mesma forma a suas afirmaçons estám longe de ser partilhadas unanimemente pola profissom.

Umha difusom muito menor tivérom outros manifestos críticos com as políticas neoliberais. Entre eles permitidi-me traer a colaçom o Manifesto dos Economistas Aterrorizados. Nom podo ocultar que o que me chamou a atençom deste documento foi a utilizaçom do termo aterrorizados por parte dos promotores para adjectivar-se a si mesmos. Um termo chocante e ao mesmo tempo muito apropriado para descrever um dos efeitos que deveria causar nos expertos na ciência económica a fantasma que percorre a Uniom Europeia ou se o preferem nos termos do manifesto:

A lógica neoliberal é sempre a única que se reconhece como legítima, apesar dos seus evidentes fracassos. Fundada na hipótese da eficiência dos mercados financeiros, preconiza a reduçom da despesa pública, a privatizaçom dos serviços públicos, a flexibilizaçom do mercado de trabalho, a liberalização do comércio, dos serviços financeiros e dos mercados de capital, por forma a aumentar a concorrência em todos os domínios e em toda a parte...
Enquanto economistas, aterroriza-nos constatar que estas políticas continuam a estar na ordem do dia e que os seus fundamentos teóricos nom sejam postos em causa.


Se algum leitor ou algumha leitora têm a curiosidade de procurar o manifesto nom esperem achar um texto de marxistas radicais, muito menos umha aposta pola insurreiçom; é um texto destinado a questionar as falácias que sustentam as políticas neoliberais e a enunciar algumhas medidas de política económica que os autores consideram possíveis. Trata-se dum documento impulsionado desde a Associaçom Francesa de Economia Política e conta entre os seus primeiros assinantes com o presidente dessa entidade. O documento tem como subtítulo Crise e dívida em Europa: 10 falácias, 22 medidas em debate para sair do impasse. Entre as falácias as que se referem os autores achamos aspectos fulcrais no discurso econômico do PP e do PSOE, aspectos denunciados polo nacionalismo galego desde há muito tempo. Vou referir-me unicamente a duas das falácias enunciadas polos aterrorizados economistas franceses na medida em que na Galiza ainda é frequente ouvir discursos que desde posiçons pretendidamente de esquerdas seguem repetindo-as.

1. A Uniom Europeia defende o modelo social europeu

2. A crise grega permitiu finalmente avançar cara um governo econômico e umha verdadeira solidariedade europeia.

Tal e como vem fazendo a maioria do nacionalismo galego os assinantes denunciam que a construçom da UE se configurou como umha forma de impor aos povos as reformas neoliberais. Na mesma linha, muito alonjados do europapanatismo de certos progressistas galegos, os autores desvelam que os passos dados com a crise em matéria de governo económico europeu, som passos em direcçom a um governo que, em vez de libertar o garrote das finanças, pretende impor a austeridade e aprofundar as "reformas" estruturais, em detrimento das solidariedades sociais em cada país e entre os diversos países. Umha afirmaçom que coincide novamente com as análises da maioria do nacionalismo galego à hora de denunciar que a crise está sendo aproveitada para dar novos passos na centralizaçom do poder político na UE, especialmente em matéria de política económica, em benefício das elites econômicas.

O manifesto centra-se nas questons mais relacionadas com a crise da dívida soberana e foi promovido desde França, de ser um manifesto promovido no Estado Espanhol e nom centrado na dívida seguramente teria de pôr o foco noutras duas falácias:

1. O elevado custo do despido das/os traballadoras/es fixas/os explica o desemprego e a precariedade.

2. Dada a evoluçom demográfica o sistema público de pensons é inviável.

Nom vou falar destas falácias sobre as que existe umha ampla literatura demontando-as. Permitidi-me só umha mençom a outro manifesto relacionado com a reforma laboral aprovada pola PSOE, o elaborado por professoras e professores universitários de contabilidade. No manifesto denunciam que a possibilidade de despedir a um trabalhador de forma procedente porque se preveem perdas nom tem nem pés nem cabeça. Lembram que as auditoras de contas que revisam os informes de gestom das empresas, nunca dam a sua opiniom sobre o apartado referido à evoluçom previsível porque som meras hipóteses. Que será o próximo? Talvez pedir a opiniom dum vidente.

Aterrorizados! Efectivamente as políticas que se pretendem impor som para estar aterrorizados, nom como economistas mas como cidadaos. Devo reconhecer, contudo, que esse adjectivo que chamou a minha atençom estava na primeira versom que chegou às minhas maos do Manifesto dos Economistas Aterrorizados, umha versom em galego-português do sul do Minho. Umha vez visto o texto original em francês descubrim que talvez fosse um excesso traduzir o termo original em francês por aterrorizado (**). Em qualquer caso umha licença dos tradutores, na minha opiniom, afortunada.

Sem embargo, nom chega com ser conscientes das falácias que sustentam as políticas em benefício das elites econômicas. Os próprios promotores do Manifesto dos Economistas Aterrorizados concluem colocando o debate na área da política, na área das lutas sociais e dos câmbios políticos. Essa é a área na que nos movemos, esse é o caminho no que o 29S é um importante passo embora nom permita completá-lo, essa é senda na que o nacionalismo galego tenta avançar.