A Plataforma de Ámio um exemplo, entre outros, de como trabalhar com e na sociedade

A Plataforma de Ámio um exemplo, entre outros, de como trabalhar com e na sociedade
Também nos pode servir de exemplo a respeito de como têm de ser as relações, no seio do nacionalismo, entre os movimentos sociais e a organização política

Corria o mês de Setembro do ano passado quando salta aos meios de comunicação a notícia de que o governo municipal do PP de Santiago de Compostela anuncia a sua intenção de fechar o mercado de gado de Ámio.

Desde que a notícia é conhecida pela cidadania um regueiro de contestação se estendeu por toda a cidade de Compostela e a sua comarca. Organizações vizinhais, sociais, sindicais, profissionais e políticas de distinto signo fizeram pública a sua oposição às pretensões do governo municipal.

Todo este movimento de oposição ao feche da feira de Santiago de Compostela, inicialmente disperso, celebrou uma primeira reunião, para se constituir em Plataforma Cidadã de Apoio à Feira de Ámio, o sábado 15 de Outubro.

Nesta Plataforma integram-se, desde o primeiro momento, organizações de operadores comerciais que trabalham comprando e vendendo gado no mercado de Ámio, os conhecidos tratantes, uma vintena de associações vizinhais tanto da cidade como do rural, organizações sindicais, empresarias e agrárias como a CIG, a Rede Galega de Empresas ou FRUGA, associações de carniceiros e de hoteleiros, assim como as organizações políticas BNG, PSOE e EU.

Inicia-se a seguir um trabalho de divulgação social para estender e dar a conhecer o problema à maior parte da sociedade, mediante o reparto de folhetos, recolhida de assinaturas, conferências de imprensa, entrevistas com os grupos parlamentares, mesas redondas, manifestações e a presença no Pleno da Câmara Municipal onde se tratava deste assunto a instância do grupo municipal do BNG.

Todo este trabalho permitiu constatar a correção do diagnóstico, feito desde o nacionalismo, de rechace massivo ao feche do mercado. Rechace que assenta as suas raízes, em por um lado a feira de gado Santiago de Compostela fazer parte da história desta cidade desde há mais de 130 anos, o que a configura como um dos seus sinais de identidade, e por outro em ser uma fonte de ingressos para as arcas municipais, além da importância econômica que esta feira tem per se ao ser a primeira da Galiza e mesmo do Estado espanhol, tanto em volume de negócio com case 50 milhões de euros no 2010, como em número de cabeças.

Este exemplo, entre outros muitos, permite-nos tirar algumas lições a respeito do que significa, e em que consiste, isso de abrir-se à sociedade. Fazer trabalho com e na sociedade implica saber conectar e captar as suas inquietudes, recolher as suas preocupações para logo procurar dar-lhe a solução mais acaída mediante a canalização social e política adequada.

Mas, também nos pode servir de exemplo a respeito de como têm de ser as relações, no seio do nacionalismo, entre os movimentos sociais e a organização política. Relações presididas pelo dialogo, a coordenação e a suma de esforços, com o objetivo de a consciência nacional aumentar entre as pessoas com as que temos oportunidade de trabalhar, ao tempo que procurar conseguir que  medrem as próprias organizações nacionalistas tanto em número como em presença social. Logicamente nunca esta relação deve estar ou estivo presidida pela dependência, a subordinação ou o controlo, se não todo o contrário.

Deste jeito e com este proceder foi como conseguimos, entre todos e todas, que o nacionalismo e neste caso o BNG, na cidade de Santiago de Compostela e na sua comarca, aparecera, na pratica, como a única e verdadeira oposição política ao governo municipal do Partido Popular.