A doutrina do shock e o 29 de setembro

A doutrina do shock e o 29 de setembro
As elites econômicas e políticas tentam aproveitar o shock que supom a crise econômica para impôr medidas claramente impopulares

A política económica ao longo dos últimos meses dos governos dos Estados-Membros da UE, com o do Estado Espanhol num lugar de destaque, trai-me à memória o célebre livro de Naomi Klein que dá título a este artigo. Embora nom partilhe parte do seu discurso o certo é que resulta inquestionável que as elites económicas e políticas historicamente tenhem aproveitado -talvez favorecido- os momentos de crise para impôr programas económicos prejudiciais para as maiorias sociais.

As elites econômicas e políticas tentam aproveitar o shock que supom a crise econômica  para impôr medidas claramente impopulares; nom em poucos casos contrárias ao que nom há muito tempo defendiam. De facto vemos como os poderosos altavozes mediáticos do capital difundem alarmistas e interessadas consignas: o sistema público de pensons vai quebrar, sem reforma laboral o desemprego nom tem soluçom,... Seguramente há muito tempo que as notícias de carácter económico nom ocupavam um lugar relevante nos meios de comunicaçom.

No mês de Maio anticipavamos a folha de ruta da política econômica ao serviço do grande capital. O tempo veu confirmar a nossa previsom naqueles aspectos que ainda estavam por definir naquela data.

O governo finalmente aprovou umha reforma laboral embora nom contasse com a aprovaçom dos sindicatos maioritário a nível estatal. Trata-se de debilitar mais a posiçom das trabalhadoras e dos trabalhadores em benefício do patronato; trata-se de favorecer o incremento da taxa de exploraçom.

Nesta mesma semana Rodríguez Zapatero declarou ante o presidente do FMI, demonstrando mais umha vez a sua submissom, a sua intençom de proceder a reformar o sistema público de pensons em breve. Nos últimos dias também ouvimos da boca do presidente do governo que a suba dos impostos aos mais ricos seria de escassa magnitude, no caso de existir. Tal e como afirmávamos meses atrás seriam medidas fundamentalmente propagandísticas, com um impacto arrecadatório ou redistributivo mínimo.

Na Galiza vemos como o pacto a nível estatal entre o PSOE e o PP para privatizar as caixas de aforro se estende para reformar a lei aprovada com o impulso do BNG, permitindo que os de sempre continuem nos seus postos. Talvez algum dos beneficiados lembrasse a cançom dos Tigres do Norte ...y no pienso dejarles el puesto, donde yo me la paso ordenando.

Na Uniom Europeia aproveita-se a crise para dar mais umha volta de porca na centralizaçom do poder político, particularmente no que se refere ao desenho de políticas económicas. No futuro os orçamentos dos Estados-Membros terám de ser revisados e aprovados polas autoridades comunitárias antes de serem debatidos e aprovados no seu caso polos parlamentos estatais. O projecto europeu mais umha vez vai da mao da centralizaçom e da imposiçom de políticas econômicas em benefício das elites económicas.

O livro de Naomi Klein também nos lembra que o shock se pode gastar; isso é o que nos jogamos o 29 de Setembro. Até agora o shock causado pola crise económica foi aproveitado para a imposiçom de políticas reaccionárias, mas isso pode mudar se as maiorias sociais reagem. A greve geral do 29S tem de ser um primeiro passo, um primeiro passo que obrigue as elites políticas e económicas nom só a considerar as medidas aprovadas ao longo dos últimos meses mas que também lhes obrigue a medir os seus planos futuros (sistema público de pensons, futuros recortes no gasto público,...) Na Galiza as propostas do nacionalismo evidenciam a existência de alternativas as políticas económicas do bloco central PP-PSOE. Para que essas alternativas se tornem possíveis precisa-se do compromisso das classes populares.