Porque som reintegracionista

Porque som reintegracionista

Nom som filólogo nem nada que se lhe pareça, som um simples galego que vivo na minha língua e que um dia optei por umha normativa.

Nom vou aportar nengum dado ou prova mágica, que nom tenho, na defesa desta normativa mais alá da experiência pessoal e umha reflexom desde a tranqüilidade.

Quero escrever isto porque o primeiro dia que escrevim aqui um artigo nesta normativa recebim dous comentários que nom se referírom em nada ao artigo mas si á normativa. Nom me sentim agredido em absoluto, sinto-me agredido a diário cada vez que tenho que defender o uso do galego na Galiza, mas quando alguém fai comentários deste tipo doe-me a perda de tempo e energia em atacar a quem está do mesmo lado.

Eu nom me criei em galego, nem em espanhol, nascim em Ferrol a começos dos 60 e como muitos nenos dessa época e por desgraça ainda de agora vivim umha situaçom de esquizofrenia lingüística. O meu pai ferrolano e a minha mae chegara da aldeia aos seis anos, aos nenos falavase-nos em espanhol por suposto, ainda que os meus tios entre eles sempre falavam em galego. Lembro que ao meu avô materno só lhe escoitava falar espanhol quando lia o jornal em voz alta. Toda a escola em espanhol, e no instituto só em primeiro de BUP tivera-mos a possibilidade de estudar galego, de arredor de mil rapazes uns 50 apontamo-nos para acudir ao remate das aulas a classe de galego com Xesús Ferro Ruibal que as dava também voluntariamente, a aventura durou pouco ainda hoje nom sei porque apenas durou uns meses. Os veraos passava-os na aldeia da minha mae, ali só se escoitava galego, mas nos, os nenos, como era-mos "os ferrolanos" tinha-mos que falar espanhol, lembro umha mulher que dixo umha vez que sorte tinha eu de saber falar espanhol, que era umha língua tam bonita... Todo isto vivido num bairro obreiro de Ferrol com forte implantaçom do PCE e de CCOO, algo que fazia todo ainda mais ridículo, obreiros que falavam galego mas eram espanhóis.

Quando chego a Compostela a estudar ideologicamente eu era um produto mais da cidade e do bairro onde me criei. Tenho a oportunidade nom só de conhecer mais cousas senom também de ver a minha vida anterior desde fora. Começo a usar o galego mais ou menos habitualmente.

Mas só quando deixo Galiza temporalmente som capaz de ver o que antes nom via, o galego passa a ser a minha língua. Nom me tenho que esforçar muito já estava na minha cabeça, mas tenho que escolher umha normativa que por suposto foi a do ILGA. Tenho um amigo de Narom que me fala do reintegracionismo e me propom que me informe, pense e decida. Isto coincide no tempo com um trabalho para umha empresa de inquéritos, o mapa sociolingüístico de Galiza, depois de falar e especialmente escoitar a muitas pessoas optei pola normativa que mais se adequava ao que durante meses de trabalho vivim e da que cada dia que passa estou mais certo.

Primeiro há que normalizar ou há que normativizar?. Nom vaia ser que nos passe como na guerra civil espanhola tanto discutir se primeiro era a guerra ou a revoluçom e ao final ganhárom os fascistas. De que serve normativizar sem normalizar?, e para que queremos normativas se nom normalizamos o uso do galego?. Ninguém é melhor ou pior por usar umha normativa ou outra, nom é mais ou menos culto segundo a normativa que use. Por exemplo quando fixem o inquérito do galego o termo que usava a maioria da gente para referir-se ao galego normativo era "galego verdá" e dixeram de si mesmos que nom sabiam galego porque nom sabiam o "galego verdá". O nom reconhecimento da normativa "oficial" nom é por ser estranha, o é por ser normativa quando antes nom existia. Tam estranha seria umha como outra mas umha permitiria a sobre-vivência do galego e a outra é a sua morte.

Passei um ano em Bélgica entre o 94 e o 95, sobre-vivendo e vivendo serviu-me também para conhecer pessoas de muitos sítios e também algo da realidade de aquele lugar que nom pais. Lembro umha camisola escrita em palavras estranhas e ao perguntar que idioma era a resposta deu-me medo, eram insultos em wallon, língua já perdida, hoje Wallonia fala francês. Mas a realidade de Flandres é diferente, realizárom umha ré-unificaçom lingüística com o holandês, hoje é um idioma recuperado e prestigiado, quando nom havia muito era o idioma dos aldeaos e dos pobres. Carvalho Calero a respeito do galego dizia que o galego ou era galgo-espanhol ou era galego-português. Há mais diferencias fonéticas no espanhol em todos os países nos que se fala, das que há entre os países que falamos galego-português, mas no primeiro caso ninguém tem dúvida de que é a mesma língua.

Sigo sem compreender qual é o problema da normativa reintegracionista, a fonética nom será porque é a mesma, o léxico o mesmo, serám as grafias? o nh?, o lh?, a j?, som grafias galegas. Se em qualquer pais um neno ou um adulto é capaz de estudar diferentes grafias para um mesmo som, e diferentes sons para a mesma grafia segundo o idioma que se use, porque em Galiza nom para o galego?, porque para estudar francês ou inglês si é possível. Eu para poder colocar o meu nome em galego no D.I. Tivem que recorrer a um filólogo que me figera um documento, tam simples que o único que dizia era que Joám era umha forma escrita do galego antigo, é dizer nom espanholizado.

Como dizia no começo, som um simples galego que vivo na minha língua, creio que o adequado é escrever galego com grafia galega e assim o fago, mas nunca atacarei a ninguém por usa-lo em outra normativa. Precisamos de normalizar o uso, poder viver em galego com normalidade, rematar com a esquizofrenia lingüística seria um sintoma de algo mais que umha simples mudança de idioma. Um pais que quere e assume maioritariamente a sua língua é porque assume a sua identidade.