Parabéns


Está na moda esta palavra. Ainda não recolhida pela frustada e agónica RAG, as redes sociais e mesmo o programa Luar da TVG (um sucesso da lusofonía o uso popular na denominação tebegá) ven-se na obriga de dar destaque a este substantivo.

Hoje lançamos um descobrimento aos intelectuais galegos da RAG; a pervivencia do senhorío do Lindoso, na raia galega, e do concelho minhoto de Ponte da Barca, além da constituição da nacionalidade.

Mas porque além de ser un lugar de fronteira o Lindoso também era, tal como hoje, um lugar de passagem, aí se fez construir, no século XIII, um castelo, num pequeno outeiro sobranceiro ao río Lima, para defesa da Portela da Serra Amarela, do vale do río Cabril e do porto de Lindoso. O seu primeiro alcaide conhecido foi un certo João Aires que, já no sec. XIV foi nomeado por D. Pedro I, não existindo nas chancelarias reais alvarás mais antigos. Assim, do castelo de Lindoso desses tempos pouco se sabe. Dos seus acontecimentos dignos de memoria pouco existe nos arquivos portugueses e a partir do século XIV a súa historia vai confundir-se com a gesta dos Araújos de Lóbios, familia que conservará por cerca de dois séculos a alcaidaria do Lindoso numa especie de tenência precária, quase sempre renovada.

Um domínio galego num Portugal independente e soberano?


Pois é um caso insólito que a historiografía oficial espanhola oculta e no que a galega tampouco dá o suficiente destaque. Aliás se tratasse de um cargo militar -al-kaid significa capitão em árabe-, era vulgar este tornar-se com o tempo num título hereditário. Era da súa competência o governo, a manutenção e a capacidade de defesa do castelo e do território que controlava. O alcaide do Lindoso mais célebre pelas façanhas e poder foi o notável Paio Rodrigues, filho de Rodrigo Anes, nomeado por D. João I, e referido na Crónica de Fernão Lopes, parte segunda, capítulo XV. Seguiu-se um certo Lopo de Araújo nomeado pelo mesmo rei para o cargo em 1464. Segundo Felgueiras Gaio, além de senhor de terras fronteiras em Portugal e na Galiza, -pertigueiro-mor (alferes) de Celanova, alcaide de S. Salvador de Sande, senhor de Campelos e Val de Podros- esteve este Lopo com D. Afonso V em Ceuta, onde teria recebido várias merçês em terras e rendas, registadas por Carta de Março de 1464, no Livro das Chancelarias.

A crer nos genealogistas, o primeiro Araújo deve ter sido Rodrigues Anes, que teve também o senhorío do castelo de Araújo, na Galiza, donde tomou o nome. O Bispo de Malaca, D.João Ribeiro Gaio, dedicou aos Araújos esta quintilha:

Atravez de Bitorinho
tem sepulcros já gastados
Araújos afamados
na terra que rega o Minho,
antigos, abalizados.

Também Manuel de Sousa e Silva escreveu o seguite verso:

Lá de Lóbios da Galiza
Vieram para Lindoso
Os de grémio valoroso
de Araújo por guisa
Que foi cá mui poderoso.

É o rei D. Manuel quem confere carta de foral à vila de Lindoso, fomentado assim a fixação das populações no território (que atual este conceito!) tendo o rei procurado, desse modo, garantir uma melhor defesa da fronteira em manifesta desconfiança relativamente ao empenho dos capitães-mores galegos do castelo.

Em 1641 o castelo é restaurado por ordens de Baltazar Sousa de Meneses, 7º Senhor de Lindoso e Britelo e descendente directo dos antigos alcaides dos Araújos. Lembremos que 1640 é a data da sublevação lisboeta contra do domínio castelhano dos filipes no que ficou conhecida como Guerra de Restauração da nacionalidade. É aí que se perde o domínio dos Araújos da Galiza.

No entanto a Galiza esteve presente até os finais do século XVIII é prova disso é o Pormenor da Carta Topographica da Continuação da Raya Seca Confinante Com o Reyno da Galiza athe a Provinçia de Tras os Montes que se conserva nos arquivos da Nação. Nesse documento de limites não figura o conceito de "Espanha" referido á Galiza. Porém só, finalmente, XAM (Xesús Alonso Montero) é um espanhol nuovo que deve ter linhagem no nascemento da lingua galega no s. XIX. Parabéns para ele.