Canto tem de visigodo a arte visigótica?
A herencia dos suevos na Galiza é um tema que Mendez Ferrin tem tocado varias vezes, uma última o sábado 15 de Junho no Faro de Vigo. Neste artigo faz uma breve reflexão sobre a cantidade de igrejas na Galiza e fora que são consideradas habitualmente como de época visigoda sem valorar outras posibilidades. Neste artigo i os tentar expandir essa reflexão.
O lógico seria que os restos considerados visigodos aparecerem nas zonas de assentamentos dos visigodos como a Terra de Campos ou na capital Toledo ou as suas proximidades. Outros lugares importantes seriam as capitales das províncias, que no caso da Gallaecia seria Tui, etc.
A orfebrería visigoda tem esta distribuição, por exemplo as coroas votivas de Guarrazar aparceramem Guadamur, perto de Toledo. Não há pois, razão para pensar que a atribuição não seja correcta.
O mesmo se pode aplicar a alguns dos edifícios do estilo chamado visigodo, por exemplo a igreja de San Juán de Baños. Está na província de Palencia, por tanto numa zona de asentamientos dos visigodos, há restos arqueológicos que datan a igreja no século VII e mesmo temos a inscrição que atribui a construção ao rei Recesvinto no ano 66, ainda que a igreja actual parece ser o resultado duma reconstrução durante o século IX ou X. Há outros edifícios em Toledo e nos arredores que tampouco apresentam nenhum problema para os atribuir ao reino dos visigodos. Mas uma boa parte das igrejas construídas no estilo chamado visigodo não estão nestas áreas. Pola contra estão localizadas em territórios do antigo reino suevo da Gallaecia. Por algum motivo, isto não lhe parece estranho a ninguém.
Os exemplos mais importantes seriam:
São Frutuoso de Montelios. Já o feito de estar situada nas aforas de Braga, a antiga capital dos suevos, faz que a origem sueva deveria ser a hipótese por defecto. A documentação indica que foi fundada por São Frutuoso no 656, já em época visigoda, mas isto não implica que o estilo fosse o mesmo. Dado que os edifícios de Dumio e Braga já não existem não podemos fazer uma comparação.
Santa Comba de Bande. A localização é bem rara para um edifício do reino visigodo e a data tgeralmente aceitada da sua construção seria o 680, por tanto época visigoda, mas não há certeza. A igreja actual seria o resultado duma restauração encargada por Afonso III no 872, e não sabemos como de diferente seria a igreja original, supostamente pouco.
San Pedro de la Nave. Na localidade de El Campillo, provincia de Zamora, por tanto dentro do reino suevo da Gallaecia. Datada entre 680 e 712, por veces da a impressão de que os visigodos estavam a fazer igrejas a toda velocidade justo antes de ser invadidos pelos tmusulmanes, não sabemos bem por que.
Chama a atenção o diferentes que são estes edifícios do que se entende por arte visigoda. Pola contra é mais visível o parentesco coa arte asturiana, especialmente importante no caso de Santa Comba, ou a sensação de estar num protótipo de edifício românico que se tem dentro de San Pedro de la Nave. A estas três igrejas haveria que agregar bastantes mais anteriores ao românico e mais ou menos reformadas neste estilo que aparecem por toda a Galiza. Moitas destas igrejas tampouco se podem datar com certeza. Este tema precisaria duma exposição bem mais longa.
O caso da escrita chamada visigótica também precisaria de atenção particular. Trata-se duma escrita característica do reino da Gallaecia que se estendeu por a maior parte da Península antes da introdução da escrita carolingia no século XII —a antecessora da escrita actual. Os primeiros e mais os últimos documentos nesta escrita aparecem no território do reino da Gallaecia.
Em conclusão:
Nas histórias da Espanha ao uso, parece que o reino suevo da Gallaecia, fora uma periferia pouco desenvolvida do reino visigodo é que só depois da conquista começou a sair desta situação.
No caso do reino visigodo a percepção contrária parece mais correta, não só era a Gallaecia um território aparte e de grande importância no reino, senão que parte da cultura do reino visigótico, e dos primeiros reinos da chamada Reconquista, era uma herencia ou apropriação da cultura anterior do reino suevo da Gallaecia.