Por um conceito mais amplo da memória histórica
No uso habitual, tanto no nacionalismo como fora del, a expressão “memória histórica” parece reservada ao período que nas Historias de España chamam: Guerra Civil e Franquismo.
A história da Galiza não pode limitar-se á Guerra Civil e o franquismo.
Primeiro porque não foi uma guerra civil. Na Galiza a população foi vitima dum extermínio planificado desde o momento do golpe de estado até os primeiros anos da Guerra Fria. Nada cambiou depois do 39. Falar de Guerra Civil é empregar uma categoria alhea.
Segundo porque Castelão e Bóveda não podiam pensar no franquismo cando falavam de recuperarmos a memória da nação. Logo, algo nos estamos a perder. Ainda mais, se não imos além desse marco estamos a fazer-lhe o jogo aos seus verdugos.
Não é só uma questão de cultura. A sociedade galega de hoje não pode entender-se só coa historia contemporânea. Vão vários exemplos:
- As vilas novas que há na Galiza chamam-se desa maneira porque tenhem menos de mil anos. Hainas que não chegam nem aos oitocentos.
- No rural galego há uma chea de lugares, casais, vilares que remontam á mesma época. A parcelaria tradicional destas zonas não e moito mais recente.
- As vilas velhas tenhem, por tanto, mais de mil anos. Mesmo a maioria dos nomes não significam rem no galego. Que quer dizer Tordoia? E Carnota?
- As lendas que se contam das mámoas, antas e casas dos mouros, entre outros moitos nomes, não são inventos dos labregos de há cinquenta ou cem anos. Senão que remontam á construção dos ditos monumentos como, por outra parte, no resto da Europa.
- Algumas práticas ainda vivas, como os curros de cavalos, remontam provavelmente á Idade da Pedra.
O projecto do franquismo era borrar todo o anterior e escrever por riba uma história ã sua medida. Denuncia-lo não chega; temos que averiguar que é o que há escrito debaixo da cal.