Por que Madrid é a capital? E por canto nos sae?

Por que Madrid é a capital? E por canto nos sae?

Para muita gente o motivo de que Madrid seja a capital do estado é um feito geográfico, mesmo geológico: está no centro e já está. Mas a capital de Inglaterra não está em Oxford, nem a da França no Maciço Central, nem a da Itália nos Apeninos.

O que tem em comum estas capitais é que estão próximas a um porto importante ou são elas mesmas um porto. E por que um rei que tinha possessões até nas Filipinas não tinha a sua capital num porto?

Estamos a falar de Filipe II e a data é o final do século XVI. Os reis anteriores não tiveram uma capital única. O rei tinha opções como Barcelona, Corunha, Lisboa —também era rei de Portugal—. Não imos explicar aqui os motivos polos que nenhuma delas foi a escolhida. Mesmo as cidades que os reis da Coroa de Castela empregaram como capitais eram melhores alternativas. As principais eram Leão, Burgos, Toledo e Sevilha. Imos ver o caso de Sevilha. As avantajes de Sevilha como capital eram moitas. A primeira era um porto graças a que os barcos da época podiam subir polo Guadalquivir até Sevilha e barcaças podiam baixar de Cordova e mais arriba. Isto era uma avantaje moi importante antes do carril de ferro. De feito todo o comércio coa América tinha que passar por Sevilha. Estava bem abastecida de cereais, gando, produtos da horta, mesmo o peixe podia vir do Atlântico por barco. Em resumo tinha todo aquele do que Madrid carece.

Logo, por que não estava o rei em Sevilha? A resposta é que o rei tampouco estava estava em Madrid a maior parte do tempo, estava no Escorial, a vários quilómetros de distância, e na montanha. O motivo é que, efectivamente, Madrid está no centro, mais isto significa exactamente o contrário do que se pensa: Madrid está longe de todo. E o rei não achando Madrid o bastante longe, decidiu marchar para o Escorial e fazer ali um palácio. Compre ressaltar o que isto significava para administrar uns reinos que se tinham que comunicar por mar, e nós que todas as decisões importantes tinham que passar polo rei, retardos e mais retardos. Coa agravante de que, para chegar de calquera porto importante a Madrid, um correo tinha que passar uma ou duas serras. A única exceção é Lisboa.

Todo isto levou a que Madrid nunca fosse a cidade principal do reino, que era Sevilha. Depois de ser a capital durante um tempo era cada vez mais difícil que alguém tentasse cambiar por outra. Mas cando chegou a Revolução Industrial, no século XIX, a situação repetiu-se case exactamente igual, só que agora o lugar de Sevilha ocupava-o Barcelona.

Estar no centro significava que Madrid não era a cidade mais importante, mas todas as infra-estruturas do estado estavam desenhadas para compensar esse feito: a rede de estradas do século XVIII, os caminhos de ferro do XIX, as auto-estradas do XX e, polo caminho que leva, o trem de alta velocidade do XXI. Aqui compre sublinhar que para circular por auto-estrada entre Ferrol e Portugal é preciso pagar uma portagem mas no momento que tomarmos a direção de Madrid as portagens milagrosamente desaparecem.

A industrialização de Madrid data do franquismo e fixo-se cós cartos de todos. Um exemplo que nos toca é o caso da factoria de motores diesel que Barreiros ia montar em Ourense e que por pressões políticas e bancárias acabou em Villaverde. Esta factoria passou por diversas etapas até se converter na fábrica de Peugeot para a península. Só cabe imaginar a diferença que teria suposto para Ourense e para o país.

Canto nos custa todo isto? E não só em cartos. Esta estrutura disfuncional do estado, e os atrancos que representa, está na raiz de toda uma série de conflitos, o mais importante agora mesmo é o de Catalunha mas não é o único nem muito menos. E tampouco é o único elemento disfuncional do estado.

Há gente que ainda crê que os problemas do estado espanhol são cousa da Transição ou como muito de Franco, mas a maioria vem de trezentos ou catrozentos anos atrás.

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Nota da Fundación Bautista Álvarez, editora do dixital Terra e Tempo
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