Galiza rural?


Hoje imos ver um exemplo de como a história da Galiza se fai de adiante para atrás: tomamos a situação do pais na posguerra ou como moito no sXIX e de aí extrapolamos que se daquela era um pais “atrasado” e rural que no sXVII e XVI seria ainda pior e já não digamos na Idade Média. Mas esquecemos que a cada novo século a Galiza é mais moderna e ao tempo mais colonizada.

Parece difícil discutir que a Galiza é de sempre um pais rural. Se já o di Castelão: um pais de labregos e marinheiros. Isso tem que ser por forza rural. Não sim?

A nossa tese é a contrária: que a Galiza anterior á colonização era uma sociedade com duas patas a rural e a urbana e tão importante —e tão galega— era uma como a outra.

Marinheiros

A mesma idea de Castelão que acabamos de citar é boa prova: os marinheiros, por definição, não são rurais. Falamos de vilas marinheiras e não de aldeas de pescadores porque o produto da pesca vai destinado á venda e não ao autoconsumo. E se não for assim é por que as cousas estão moito mal. Ou como de rural era Combarro?

Os produtos da pesca na Idade Média eram a pescada seca primeiro, e a sardinha salgada depois. E não eram para consumo interno senão que se exportavam polo Mediterrâneo adiante. O negócio era o tão importante como para os bretões vir por mar á Galiza, a vender o sal que aqui escasseava. Os nossos portos serviam também para exportar os produtos da Galiza cara fora, nomeadamente coiros e vinho. Mesmo portos que a dia de hoje não existem, como Redondela, enviavam barcos a comerciar no Mediterrâneo.

Vilas por todas partes

Cantas vilas há de Compostela á fronteira portuguesa? E de ali ao Douro? E se imos de Compostela cara Ferrol? De verdade o resto da Europa é mais urbano?

Tendemos a pensar que o número de vilas deveu ser menor noutras épocas, mas isso não é necesariamente certo. Milmanda na Raia Seca, fundada como vila no século XII é um bó exemplo. A dia de hoje Milmanda é uma aldea com poucos habitantes e leva tempo assim, mas na Idade Média era uma vila que controlava os passos e o comércio nesse lado da Raia Seca e tinha bem mais habitantes dos que agora tem. Cantas outras vila não teriam decaído como centros de feiras e de comércio até época recente.

Aldeas que não eram aldeãs

E não só havia as vilas, outros núcleos urbanos ainda mais pequenos: os burgos. A aldea de Leboreiro, no concelho de Melide , é um exemplo de burgo vindo a menos. estava no Caminho Francês e vivia do comércio cos peregrinos, cando o Caminho deixou de ter importância quedou reduzida a uma aldea.

E isto é importante se pensamos na cantidade de lugares que se chamam Burgo ou O Burgo e nos decatamos de que são núcleos urbanos mais pequenos que uma vila e não só os que tem esses nomes. Leboreiro não tem nada no nome que indique que fora um burgo ainda que o plano não deixa lugar a dúbidas.

Conclusões

Este sistema urbano ainda tardou em decair, ainda no censo de 1591, Ponte-Vedra é o núcleo urbano mais importante entre Portugal e a fronteira coa Franza. As vilas vão-se arruinar no século seguinte e parte do artesanato rural vai sobreviver um século mais. Os lenços,encaixes etc so vão desaparecer na revolução industrial do sXIX. Depois virá a emigração em massa.

Por tanto a falta de comércio no rural galego no que cada quem tem que produzir todo o que precisa não é um estado natural da nossa sociedade senão o resultado da exploração dela polo estado espanhol. Castelão era perfeitamente consciente disto e há exemplos abondo no Sempre em Galiza, mas as gerações dé nacionalistas educados no franquismo já não podem ver tão atrás, a catástrofe não lhes deixava ver outra cousa. A consequência é que boa parte da história da Galiza fai-se cuns preconceitos que não correspondem coa realidade do pais.

Para rematar compre lembra que essas vilas eram a base dumas camadas urbanas tão poderosas e organizadas que foram quem de organizar a primeira revolução burguesa da Europa, dous séculos antes da Inglaterra e três antes d a Franza. Uma noite do ano 1467 todas as fortalezas da Galiza foram assaltadas ao tempo. E o organizador do que todos falam, nas fontes da época, não era nenhum nobre; era um burguês ou um artesão de Noia.