Da importância de escolher bem os devanceiros

Da importância de escolher bem os devanceiros

Não há mais remédio que escolher os próprios devanceiros, e isto é justo o contrário do que pensa a maioria da gente: que os devanceiros nos vem impostos, ou que alguns (famílias, partidos, instituições …) tem devanceiros e outros não.

O número de antepassados de cada quem duplica-se a cada geração que se retroceder. Tomemos o exemplo de Frank Yerby. Este escritor norte-americano contava que na sua família sempre se contara que descendiam dum nobre francês que fora seu bisavô. É efectivamente parece que era assim, dizia il, …dum nobre francês e de sete escravos negros. O dos sete escravos, no Sur dos Estados Unidos, não pagava a pena ressaltá-lo.

Por tanto a única maneira de ter devanceiros e escolhê-los. De não os escolhermos não temos devanceiro nenhum. E escolher a uns implica necessariamente deixar de lado a outros. A escolha define quem somos ou quem cremos ser. Já que logo, é importante escolher bem.

Devanceiros sem descendência.

Na história da Galiza há uma cheia de figuras que não tem descendência e que estão a agardar que alguém as escolha. Eis os paisanos que se resistiram ao exército francês e o expulsaram da Galiza para que douscentos anos depois venha o exército espanhol a comemorar uma guerra na que apenas tivera importância.

Nas comemorações do bicentenário da invasão francesa de há poucos anos o nacionalismo galego não se quixo implicar e o resultado foi; que o único reino da Península,que se liberou por si só, desapareceu das efemérides. E não é a primeira vez que passa; no monumento da alameda de Ponte-Vedra di a inscrição: a los heroes de Puente Sampayo acaudillados por Morillo. Note-se como desapareceram os paisanos de Ponte-Sampaio, de Forcarei ou de Cotobade para deixar passo ao militar —espanhol naturalmente— que estava ao mando. E não me fagam falar do papel político de Morillo, que isso dá para outro artigo.

Não chega com escolher bem há que contá-lo por aí.

Não chega com escolher bem: há que difundi-lo ou a cousa não tem efeito.

Cando o concelho de Pontevedra governado pelo BNG escolheu fazer uma nova festa chamada Feira Franca estava a escolher devanceiros. Com efeito o governo do Concelho que a implantou no 1467 com autorização de Enrique IV, era o concelho dos irmandinhos, que vinham de botar fora da Galiza á nobreza e aos principais eclesiásticos. Estes governos durarão, nas vilas e cidades da Galiza, entre 1467 e 1469. Depois voltarão os nobres com exércitos traídos de Portugal e de Castela e recuperarão o poder.

E deverão governar bastante bem, os irmandinhos, por que não sabemos case nada deles. Isto é como o de Hannibal —o cartaginês, não o outro—. Os romanos falam e não param da sua perfídia mais que púnica, —que era muito malvado, mesmo para ser cartaginês, para entendermos— e resulta que não acham um mal crime que lhe colgar. Aos irmandinhos botam-lhes em cara que assaetearam a um escudeiro por roubar e não sabemos mais deles. Algo deverão fazer bem…

Mas esta reivindicação dos irmandinhos é tão discreta que a maior parte da gente não sabe dela, tanto dentro como fora de Ponte-Vedra. Mais outra oportunidade perdida. Se o BNG considerar que os irmandinhos são uns devanceiros que há que reivindicar —e deveria— tem que começar a dici-lo bem claro. E não só cós irmandinhos.


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Nota da Fundación Bautista Álvarez, editora do dixital Terra e Tempo
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