Obama contra Trump, Putin e Erdogan: Golpes podem derrotar governos eleitos

BIRCH RUN, MI - AUGUST 11:  Republican presidential candidate Donald Trump speaks at a press conference before delivering the keynote address at the Genesee and Saginaw Republican Party Lincoln Day Event August 11, 2015 in Birch Run, Michigan. This is Trump's first campaign event since his Republican debate last week. (Photo by Bill Pugliano/Getty Images)
Obama contra Trump, Putin e Erdogan: Golpes podem derrotar governos eleitos

Washington organizou uma campanha sistemática, global e ilimitada para expulsar o candidato presidencial republicano, Donald Trump, do processo eleitoral. O virulento ânimo anti-Trump, os métodos, os objectivos e os mass media assemelham-se a regimes autoritários a prepararem-se para derrotar adversários políticos.

Esforços de propaganda comparáveis levaram a golpes políticos no Chile em 1972, no Brasil em 1964 e na Venezuela em 2002. As forças anti-Trump incluem partidos políticos, um juiz do Supremo Tribunal, banqueiros da Wall Street, jornalistas e editorialistas de todos os media mais importantes e os principais porta-vozes militares e da inteligência.

O violento e ilegal esbulho de Trump por Washington é parte integral de uma vasta campanha mundial para o derrube de líderes e regimes que levantem questões acerca de aspectos das políticas imperiais dos EUA e UE.

Trataremos de analisar a política da elite anti-Trump, os pontos de confrontação e propagada, como um prelúdio para impulsionar remover oposição na América Latina, Europa, Médio Oriente e Ásia.

O golpe anti-Trump

Nunca na história dos Estados Unidos um Presidente e um Juiz do Supremo Tribunal advogaram abertamente o derrube de um candidato presidencial. Nunca a totalidade dos mass media empenhou-se dia e noite numa propaganda unilateral para desacreditar um candidato presidencial ao sistematicamente ignorar ou distorcer as questões sócio-económica centrais da sua oposição.

O apelo ao derrube de um candidato eleito livremente é nada mais, nada menos do que um golpe de estado.

As principais redes de televisão e colunistas pedem que as eleições sejam anuladas, seguindo a pista do Presidente e de líderes eminentes do Congresso e dos partidos republicano e democrata.

Por outras palavras, a elite política rejeita abertamente processos eleitorais democráticos em favor da manipulação autoritário e do engano. A elite autoritária confia na ampliação de questões terciárias, em discutíveis apelos de julgamento pessoal a fim de mobilizar apoiantes para o golpe.

Eles evitam sistematicamente as questões económicas e políticas centrais que o candidato Trump levantou – e atraíram apoio maciço – as quais desafiam políticas fundamentais apoiadas pelas elites dos dois partidos.

As raízes do golpe anti-Trump

Trump levantou várias questões chave que desafiam a elite democrata e republicana.

Trump atraiu apoio de massa e ganhou eleições e inquéritos de opinião pública ao:

-Rejeitar os acordos de livre comércio que levaram grandes multinacionais a se relocalizarem no exterior e desinvestirem em empregos industriais bem pagos nos EUA.

-Apelar a projectos de investimento público em grande escala para reconstruir a economia industrial dos EUA, desafiando o primado do capital financeiro.

-Opor-se à ressurreição da Guerra Fria com a Rússia e a China e promover maior cooperação económica e negociações.

-Rejeitar o apoio dos EUA à acumulação militar da NATO na Europa e à intervenção na Síria, África do Norte e Afeganistão.

-Questionar a importação de trabalho imigrante, o qual reduz oportunidades de emprego e salários para cidadãos locais.

A elite anti-Trump evita sistematicamente debater tais questões; ao invés disso distorce a substância das políticas.

Ao invés de discutir os benefícios no emprego que resultarão do fim das sanções à Rússia, os que tramam o golpe berram que "Trump apoia Putin, o terrorista".

Ao invés de discutir a necessidade de redirigir investimento interno para criar empregos nos EUA, a junta anti-Trump fala por clichés a afirmarem que a sua crítica da globalização "minaria" a economia dos EUA.

Para denegrir Trump, a junta Clinton/Obama recorre a escândalos políticos para encobrir crimes políticos em massa. Para distrair a atenção pública, Clinton-Obama afirmam falsamente que Trump é um "racista", apoiado por David Duke, um advogado racista da "islamofobia". A junta anti-Trump promoveu os pais estado-unidenses-paquistaneses de um militar abatido em guerra como vítima das calúnias de Trump mesmo quando eles aplaudiam Hillary Clinton, promotora de guerras contra países muçulmanos e autora de políticas militares que remeteram milhares de soldados americanos para a sepultura.

Obama e Clinton são os racistas imperiais que bombardearam a Líbia e a Somália e mataram, feriram e deslocaram mais de 2 milhões de africanos negros ao sul do Saara.

Obama e Clinton são os islamófobos que bombardearam e mataram e expulsaram cinco milhões de muçulmanos na Síria e um milhão de muçulmanos no Iémen, Afeganistão, Paquistão e Iraque.

Por outras palavras, a política errada de Trump de restringir a imigração muçulmana é uma reacção ao ódio e à hostilidade engendrada por Obama e Clinton com o genocídio de um milhão de muçulmanos.

A política "America First" de Trump é uma rejeição de guerras imperiais além-mar – sete guerras sob o governo Obama-Clinton. Suas políticas militaristas incharam défices orçamentais e degradaram padrões de vida nos EUA.

A crítica de Trump à fuga de capitais e de empregos ameaçou a locupletação de mil milhões de dólares por parte da Wall Street – a razão mais importante por trás do esforço bi-partidário da junta para afastar Trump e o apoio que tem da classe trabalhadora.

Ao não seguir a agenda de guerra bi-partidária da Wall Street, Trump esboçou uma outra agenda que é incompatível com a estrutura actual do capitalismo. Por outras palavras, a elite autoritária dos EUA não tolera as regras democráticas do jogo mesmo quando a oposição aceita o sistema capitalista.

Além disso, a busca de Washington do "poder único" estende-se através do globo. Governos capitalistas que decidam seguir políticas externas independentes são alvos para golpes.

A junta Obama-Clinton torna-se frenética

O golpe contra Trump proposto por Washington segue políticas semelhantes àquelas dirigidas contra líderes políticos na Rússia, Turquia, China, Venezuela, Brasil e Síria.

O presidente russo, Putin, foi demonizado diariamente pelos media de propaganda dos EUA durante quase toda uma década. Os EUA apoiaram oligarcas e promoveram sanções económicas; financiaram um golpe na Ucrânia; instalaram mísseis nucleares na fronteira da Rússia e lançaram uma corrida armamentista para minar políticas económicas do Presidente Putin a fim de provocar um golpe.

Os EUA apoiaram o "governo invisível" do seu apaniguado (proxy) gulenista no golpe fracassado para derrubar o Presidente Erdogan, por este deixar de adoptar totalmente a agenda dos EUA para o Médio Oriente.

Da mesma forma, Obama-Clinton apoiaram golpes bem sucedidos na América Latina. Foram orquestrados golpes em Honduras, Paraguai e mais recentemente no Brasil para minar presidentes independentes e assegurar regimes neoliberais satélites. Washington apressa-se para impor à força o derrube do governo nacional-populista do Presidente Maduro, na Venezuela.

Washington aumentou seus esforços para desgastar, minar e derrubar o governo do Presidente Xi-Jinping, da China, através de várias estratégias combinadas. Uma acumulação militar de uma força de ar e terra no Mar do Sul da China e bases militares no Japão, Austrália e Filipinas; agitação separatista em Hong Kong, Formosa e entre os uigures; acordos comerciais de livre comércio entre EUA, América Latina e Ásia que excluem a China.

Conclusão

A estratégia de Washington de golpes ilegais e violentos para manter a ilusão de império estende-se através do globo, indo desde Trump nos EUA a Putin na Rússia, desde Erdogan na Turquia a Maduro na Venezuela e Xi Jinping na China.

O conflito é entre o imperialismo dos EUA-UE apoiado pelos seus clientes locais contra regimes endógenos enraizados em alianças nacionalistas.

A luta é contínua e prolongada e ameaça minar o tecido político e social dos EUA e da União Europeia.

A principal prioridade para o Império estado-unidense é minar e destruir Trump por quaisquer meios. Trump já levantou a questão de "eleições manipuladas" ("rigged elections"). Mas a cada ataque dos media da elite a Trump parece aumentar e fortalecer seu apoio de massa e polarizar o eleitorado.

Quando as eleições se aproximam, será que a elite se limitará à histeria verbal ou passará dos assassínios verbais para os de "outra espécie"?

A estratégia global do golpe de Obama mostra resultados mistos: eles tiveram êxito no Brasil mas foram derrotados na Turquia; eles tomaram o poder na Ucrânia mas foram derrotados na Rússia; eles ganharam aliados de propaganda em Hong Kong e Formosa mas sofreram graves derrotas económicas estratégicas na região quando a China avançou políticas comerciais asiáticas.

Quando as eleições estado-unidenses se aproximam, e o legado imperial perseguido por Obama entra em colapso, podemos esperar maiores fraudes e manipulações e talvez mesmo o recurso frequente a assassínios daqueles que a elite designa como "terroristas".


[Este artigo atópase en Resistir.info]


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