Mais cabecinha e menos fé
E quando falo de fé nom falo só da religiosa, é que pola sua própria definiçom “crença absoluta em algo sem necessidade de provas ou evidencias” a amplitude de aplicaçom é clara.
O principal inimigo da fé é a informaçom, a formaçom e cultura em geral, e acima de todo manter um pensamento crítico com todo o que nos rodeia, provar, comprovar e compreender. Mas o seu aliado mais leal é a ignoráncia, o a-criticismo e o seguidismo de pessoas ou doutrinas.
Vivemos numha sociedade onde se fomenta cada vez com maior intensidade a ignorância em todos os âmbitos da vida, da cultural à política passando por todo o resto sem excepçom. O nível de manipulaçom dos meios de “informaçom” é tam elevado que ás vezes é preciso botar umha olhada pola janela por ver se seguimos aqui ou se mudamos de mundo sem nos perceber.
Hoje dispomos nas nossas televisons de mais canais que nunca, mas ao mesmo tempo de menos variedade de contidos. A tendência a converte-lo todo em espectáculo é cada vez maior, nom há programas nos que se fale de alimentaçom para formar a umha populaçom que incrementa os transtornos alimentares e destrui a sua saude, há concursos espectáculos de “cozinha”, promove-se a competiçom “que gane el mejor” para o critério de um jurado de “expertos”.
Nunca tantos canais de documentais houvo (televisom formativa), mas entre “embargos a lo bestia”e subastas de todo tipo de cousas desde contentores a malas ou incluso “aventuras en pelotas” qual é a conclusom formativa que podemos tirar disso?. Outro nível muito mais elevado é o das diferentes séries sobre alienígenas onde qualquer individuo com um penteado estranho afirma com seguridade e sem mais provas que a sua palavra e interpretaçom particular de qualquer cousa (todo vale para o demostrar) que somos híbridos de alienígenas com primates!!! ou que Stonehenge foi feito por umha máquina de levitaçom de pedras. No mesmo nível de rigorosidade cientista estám as séries bíblicas, que proliferam arredor do natal ou a semana santa, nas que incluso explicam como se construiu a arca de Noé e buscam os seus restos. Primeiro construímos indivíduos ignorantes depois os aturdimos e finalmente subministramos “informaçom” a-científica dando-lhe a mesma categoria que a informaçom elaborada através da ciência. “Eis a televisom formativa”.
A televisom informativa é ainda melhor!. É difícil ver na TVG informaçom real do que ocorre no nosso pais. Temos mais informaçom de Espanha que do nosso próprio e se a há e anedota ou informaçom parcial. Podemos ver gandeiros deitando leite ou marinheiros do cerco manifestando-se e rompendo cousas, mas ninguém explica porque o fam, sai a conselheira de turno dizendo que som uns vândalos e que estám tolos e informaçom rematada. Ardem os montes porque lhes prendemos lume, emigramos porque temos espírito aventureiro, temos problemas com a pesca porque os marinheiros galegos som todos ladrons, temos as rias contaminadas porque somos uns porcos... e incluso há gente que se empenha em falar em galego podendo eleger livremente falar espanhol. Em questom de música já está aí Luar para nos lembrar que, sempre melhor qualquer “músico espanhol deshauciado” que a música ou a cultura galega, de estar vivo ainda “Xan das Bolas” Gayoso nom seria apresentador de televisom.
Umha mostra clara da “informaçom” é que apesar de que desde que o BNG governa en Pontevedra nom se participou em actos religiosos, touradas ou se pendurou a bandeira do arco-íris no 28 de Junho. Soubemos agora que si o fam ou vam fazer os alcaldes da mareia, mas por saber de Pontevedra até é difícil saber quem ganhou as eleiçons.
E para rematar com as notícias. A visita de Felipe González (responsável dos GAL) a Venezuela para apoiar à oposiçom golpista e aos “presos políticos” saiu em todos os meios e em títulos. A captura ilegal em águas internacionais de um barco da frota solidária com Palestina e com rumo a Gaza polas forças armadas Israelitas e a posterior deportaçom da euro-deputada do BNG Ana Miranda, apenas foi informado.
As conseqüências de todo isto som umha sociedade muito menos formada e acrítica, que em geral nom é capaz de discernir a diferença entre umha informaçom real ou manipulada, um feito científico provado de umha patranha qualquer e que provoca situaçons perigosas para as pessoas em particular e para a sociedade em geral, além de ser carne de canhom para o sistema e garantir este a sua perdurabilidade. Quando falo de situaçons perigosas, temos um exemplo nom muito longe no tempo, a criança de Catalunha que morreu por nom estar vacinado da difteria, a falta de formaçom e a equiparaçom de todo (tem o mesmo valor a palavra de um médico que a de qualquer charlatám), e igual medicina que homeopatia... Leva a problemas de este tipo. Em USA onde está muito mais estendida (eles começárom antes, mas nos seguimos o mesmo caminho) a quantidade de crianças sem vacinar e muito maior e há um perigo real, e já ocorreu, de epidemias.
Por suposto o mesmo ocorre em política. Primeiro pom-se a andar o ventilador da merda e se equipara toda opçom, incluindo a quem se quere fazer desaparecer, e a pouca informaçom que se da e só de feitos negativos (nom se informa do trabalho, mas si dos erros). E depois vem a criaçom de umha opçom nova, imaculada, com gente saída do povo, com alternativas para os problemas da vizinhança, muita tv, prensa e rádio e “voila” chega o cambio. Mas isto é conseqüência de que na política também se actua com fé e nom com razom (seguimos umha marca sem mais), se sabemos o que queremos nom seremos enganados.
É muito difícil nadar contra corrente, sempre o foi. Mas, ou mantemos a cabeça fora da água ou renunciamos e nos deixamos levar. Hoje temos que mirar para o sul e ver como os povos som capazes de fazer a sua história e resistir ao sistema que nos afoga e construir com dignidade. Aí nas cabecinhas há algo que nos permitiu chegar até aqui, nom podemos permitir que o durmam definitivamente. Só umha sociedade informada e consciente é capaz de avançar e construir a sua história, só um povo informado e consciente é capaz de se assumir a si mesmo como tal e tomar as suas próprias decisons.
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