Esgotados de esperar o FIM

Esgotados de esperar o FIM
Colho o título de umha cançom dos Ilegales, porque indica em certo modo o estado de cansaço no que nos atopamos a gente que vivemos do mar na ria de Ferrol, é umha agonia sem limite, na que nunca se acaba de ver nem a saída nem o fim.

Podemos falar em abstracto, mas gosto do concreto e dos dados contrastáveis. Hoje repassando dados de produçom de amêijoa babosa (principal espécie na ria de Ferrol), e comparando com o mesmo período deste ano, voltei a 1998, quando a amêijoa japonesa ainda estava a começar a sua expansom, 2.280.079 quilos em toda Galiza (de 1 de janeiro a 3 de novembro), desses, 630.048 saíram da ria de Ferrol. E neste ano 2020, 364.554 quilos em toda Galiza, dos quais 22.289 saírom da ria de Ferrol. No ano 1998 case um 28 % de toda amêijoa babosa da Galiza, hoje o 6 %. É verdade que a produçom na Galiza caiu um 84 %, mas na ria de Ferrol um 96,5 %, grande parte dessa queda na Galiza e devida à queda na ria de Ferrol. Se quitamos os dados de Ferrol a queda na Galiza, ainda que importante é do 79,3 % de toda a produçom, em Ferrol a perda foi do 96,5%.

Ante isto a Conselharia do Mar esta muda, e fala só de produçom marisqueira em geral, mas a realidade é umha perda continuada de todas as espécies autóctones e expansom da amêijoa japonesa, mas esta última já esta chegando ao seu limite, e agora que?. Mas como do que vou falar aqui é da ria de Ferrol, centrarei-me nela. Aqui nem tam sequer há expansom da amêijoa japonesa, que ainda que aumentou a sua produçom segue a ser muito cativa.

Ligada à essa baixa na produçom há algumhas outras cousas que som importantes salientar. Há 20 anos com umha grande produçom marisqueira a ria de Ferrol dava trabalho direto a mais de 500 profissionais, homes e mulheres que ganhavam um salario digno por um trabalho duro, e que ademais defendiam bravamente o seu trabalho e os seus direitos, e isto último era um grande problema para a Conselharia do Mar. Quando a finais de 2006 começam a se aplicar as restriçons para a extracçom de marisco de zona C (tendo em conta a falta total de EDARs na ria de Ferrol), foram quem de lhe sacar à Conselharia do Mar um acordo muito digno que esmoreceu coa chegada do PP à Junta. Sendo substituído este acordo polas “bateias de reinstalaçom” (começo da perda dos remanentes económicos das Confrarias), a aprovaçom de planos de exploraçom disparatados (por exemplo a abertura continuada do livre marisqueio desde embarcaçom ininterrompido desde o 2011), e a baixada da talha comercial da amêijoa babosa no banco das Pias (de 38 a 35 milímetros). Se partimos de umha ria gravemente estragada polo efeito combinado de vertidos e aterramentos, na que nom se realizam trabalhos reais de regeneraçom, mais alá de pequenos remendos, se lhe somamos as três decisons antes comentadas começamos a ver o porquê da situaçom atual.

Os e as profissionais do mar estám numha situaçom de alta precariedade, o número real de pessoas trabalhando apenas chega ao 10% do total, e ganhando quase só para pagar o seguro, acaba-se o marisco e também a gente que vive dele. Ademais existe um forte cansaço ante a atitude da Conselharia do Mar, que se desentende de todo, ou dispara a qualquer sitio com tal de ter à gente despistada, mas ela nunca é responsável de nada, nem tem responsabilidade algumha na busca de soluçons. A última ocorrência foi na primavera passada, detetou-se umha alta mortalidade no banco marisqueiro das Pias por Perkinsus olseni (um parasita), já aparecera o culpável, o malvado protozoo que matava as amêijoas. O que nom contavam era que esse parasita está presente em quase todas as espécies desde sempre, e que ainda que algo de culpa tem, num banco marisqueiro sam, o efeito que pode ter é pequeno, ou rapidamente recuperável. Se houvera de igual jeito que a escala de Mohs (escala para medir a dureza dos minerais), umha escala para medir a dureza do rosto, a equipa da Conselharia superaria o nível do diamante.

Aqui estamos, esgotados, mas nom rendidos. A defesa do marisqueio e também defesa da ria, de um trabalho e de um jeito de viver, o sector primário tem que sobreviver, nom o vamos entregar. Sabemos ademais que sempre tivemos e temos ao BNG acarom nosso, e também sabemos que até o diamante se pode raiar e romper.