De convidados a odiados
No começo dos anos 60 do século passado milhares de trabalhadores eram transportados de Turquia a Alemanha e outros países europeus, eram os chamados “trabalhadores convidados”, recebidos até com orquestras nas estaçons de trem. Eram épocas de crescimento e necessitava-se mao de obra, eram bem vindos porque faziam os trabalhos mais pesados e desagradáveis, nom competiam com os nativos e tiravam ganho deles tanto empresários como os respectivos governos. Nom importava nem a cor da pele nem a sua religiom.
Os turcos trabalhavam e voltavam depois Turquia, com um dinheiro que era impossível ganhar no seu pais. Mas chegou um momento em que alguns decidírom que também eles poderiam viver como os europeus, e viver no mesmo pais no que trabalhavam, e incluso trazer à sua família. Aos países europeus com colónias, também chegárom muitos imigrantes, França, Reino Unido, Bélgica... cada um deles recebêrom nativos dos países colonizados e explorados. Mas nom era preciso ter colónias para ter imigraçom, a possibilidade de trabalhar e ter umha vida melhor mobilizou muitas pessoas dos seus países originários, explorados, destruídos ou em guerra.
Excepto os racistas de sempre, aqueles que acreditam ser dumha “raça” superior, apenas houvo conflitos, ainda criando as suas próprias comunidades, ter os suas línguas, vestir diferente... Mas é a crise capitalista, a necessidade de incrementar a exploraçom de recursos e seres humanos a que nos leva à situaçom actual. Por umha banda incrementam-se as guerras “civis” e de rapinha no terceiro mundo, que provocam o empobrecimento e miséria da populaçom que é forçada a escolher entre fugir ou morrer. E por outra a crise capitalista no primeiro mundo leva ao paro e miséria a milhares de pessoas.
O capital sempre tivo recursos é meios (refiro-me aqui aos meios de comunicaçom) para desviar a atençom e culpar. O ressurgimento da ultra-direita em Europa nom ocorre por acaso, nem som as ondas da história. O fascismo é um recurso que sempre guarda o capitalismo na manga, e que utiliza quando considera necessário. Quando precisa mao de obra barata, todo o mundo é bem-vindo, quando o seu próprio desenvolvimento gera crises intensas, há que culpar ao mais débil. Assi enquanto nos matamos entre nos o sistema segue funcionando. Nom som as condiçons objectivas, crise e imigraçom as que criam as condiçons para o desenvolvimento do fascismo, senom que numha sociedade altamente manipulável e facilmente controlada polos meios de comunicaçom, orienta-se à populaçom cara ao inimigo mais fácil e débil, em Europa, os imigrantes.
O problema de despertar a besta do fascismo, é a capacidade de a controlar , e temos exemplos na história do grao de irracionalidade ao que se pode chegar. Em qualquer caso o grande capital nom se vê afectado e incluso melhora em condiçons de guerra, mas o sofrimento ao que se submete à populaçom é brutal. O recurso ao medo é o mais simples e básico na humanidade, enquanto nos privatizam a sanidade, deterioram o ensino e perdemos direitos básicos, metem medo polo ISIS (criado por eles mesmos) e a imigraçom em geral e acentuam as diferenças. Nom há melhor aliado do fascismo que a ignorância, nem pior inimigo que o conhecimento, mas nengum povo está vacinado contra dele.
No caso de Espanha da-se umha situaçom particular. Um período fascista nom pechado, no que se mantivérom as estruturas e incluso as mesmas pessoas que durante o regime franquista, agora rompe-se-lhe a sua paz porque um povo como Catalunha quere decidir livremente a sua vinculaçom com o estado. E num alarde de prestidigitaçom chamam fascistas e supremacistas aos que defendem o direito a decidir e auto-denominam-se democratas eles mesmos por o impedir e animam à polícia ao berro de “a por ellos”. Podemos ver como todos os dias desde os meios de comunicaçom mentem e deformam a realidade sobre Catalunha e cria-se um estado de opiniom muito perigoso, onde os fascistas saem à rua sem problema a “defender Espanha” e onde se permite sair em todos os meios, públicos e privados,a “personagens” e até militares defendendo a Franco e o franquismo, ou o bombardeio de Barcelona, com total impunidade. O fascismo nom está morto, nunca morreu, e é dever da humanidade rematar dumha vez com ele e com quem o alimenta.