Altermundistas e outros


Há já case um par de meses, numha das assembleias convocadas na rua no processo de preparaçom da greve geral do 29 de Março, falavam alguns da necessidade de participar nos actos convocados polo sindicalismo espanholista, algum incluso afiliado da C.I.G. e em órgaos de direcçom comarcal. Essa mesma noite num dos seus “voceiros” em internet (Ártabra 21), continuavam. O nível era tal, que para dar-lhe justificaçom ao que diziam recorriam ao tempo de militância, chegando um a aludir á antiga militância do seu pai no P.C.E..

Muitos dos que nos tocou passar pola universidade ao começo dos 80, lembramos aquelas assembleias de distrito, intermináveis, e nas que era case impossível chegar a algum acordo, havia-os que gostavam de se escoitar e falavam e falavam, mas também havia-os que nom tinham interesse algum em concretar, a sua “revoluçom” nom era mais que retórica, arranjavam o mundo desde a sua cadeira. Na tarde do 23-F do 81, o que estava sentado ao meu carom dixo-me todo ofendido que “pola nossa culpa iam ter que sair á rua a pelejar” (eu sempre pensei que os golpes de estado davam-os os militares fascistas mas parece que estava errado), fiquei convencido que o problema que tinha era o de sair á rua, porque o de pelejar mais alá das assembleias nom existia para ele.

Contava o de Compostela, porque há uns dias que ardeu a fraga do Eume (mais umha vez a natureza e o nosso património destruídos), e criou-se umha “plataforma em defesa das fragas do Eume”, a primeira assembleia da plataforma foi um autêntico disparate, semelhava mais um grupo de terapia, um “revival” de aqueles tempos de Compostela, havia mais “discípulos de maria” que nas processons desta semana.

Levamos demasiado tempo já no B.N.G. estragando as energias (que boa falta nos fam para afrontar a ofensiva direitista e espanholista que nos abafa) em discussons sem final, agora podemos começar a trabalhar e os achegados á sociedade vam por fim poder falar, mas fora.

Continuará o processo de rê-fundaçom da esquerda iniciado por I.U. há arredor dum ano e seguiram a ir, continuaram nos foros sociais, se rê-fundaram umha e outra vez, ao fim galeguistas galheguistas, nacionalistas ou altermundistas, que mais da!. As vezes escoitar algumha declaraçom é difícil quando há mais contradiçons que palavras, querer dizer todo e nom dizer nada ás vezes nom é doado. É como a cinta de Moebius, pode parecer que tem mais de um lado mas só há um, e por mais voltas que lhe das nom sais dela. Internet é o seu paraíso, com ou sem pseudónimo (depende do nível dos insultos), é como a assembleia mas com teclas.

Os que saiam ganhando em Compostela eram os que queriam que nada mudara, o mesmo que ocorre agora. Umha assembleia, que é o lugar onde opinar e tomar decisons para actuar transforma-se num delírio verborreico para cansar e desmobilizar. É um problema sério, porque há muita gente com ganhas de trabalhar que remata espantada, há que ter as cousas muito claras e verdadeira paciência revolucionaria para sobreviver e seguir trabalhando.

Nom pretendo questionar o altermundismo, senom a quem se apropria de termos como puro marketing, de quem quere vender o que nom é, de quem quere justificar o que nom fai enchendo-o de terminologia. Aos meus anos já vou canso de tanto “guai” e de tanto “revolucionário de café”, dos que falam para que nom se fale, dos que fam para que nom se faga.

Temos trabalho avondo, há muito pais por diante. O tempo vai por a cada um no seu lugar, e nos mentres a trabalhar.