A conjura interminável

Apesar de viver num mundo onde “temos mais informaçom” que nunca, as teorias da conspiraçom som cada vez maiores, extravagantes e com mais pessoas às seguir. Mas nem som todas inocentes, há algumhas que som muito prejudiciais, e também há outras com claro interesse e dirigidas.

Nom é isto umha cousa nova, nem sequer deste século. Senom que na medida na que nom se tem informaçom, ou suficiente informaçom de algo, sempre se busca umha explicaçom paralela, aqui podemos encontrar a origem, expansom e consolidaçom das religions. Este tipo de teorias existiu sempre, e foi utilizada muitas vezes desde o poder para distrair ou direcionar a populaçom para um certo ponto. O que esta a ocorrer na atualidade, tem a ver fundamentalmente com duas questons, a capacidade de multiplicaçom das “redes sociais”, mas também à ignoráncia cada vez maior da populaçom especialmente no que respeita às ciências e a tecnologia.

Mas dentro deste conceito há muitas gradaçons. Desde aqueles que simplesmente oferecem explicaçons paralelas, que podem ser mais ou menos elaboradas, como por exemplo a chegada de seres humanos à lua. Outras totalmente irracionais, como a que esta agora de moda, o terraplanismo, precisamente agora que há meios sobrados para desbaratar esta teoria absurda, aqui também poderíamos incluir a dos Chemtrails (as esteiras deixadas polos avions, que supostamente som fumigaçons). Até algumhas muito mais complexas, tanto na sua elaboraçom, como na sua perigosidade, utilizando argumentos pseudo-cientistas (aproveitando a ignoráncia) como as que falam da perigosidade das vacinas (que produzem autismo) ou as da nova tecnologia do 5G. Para chegar ao paroxismo de misturar várias como a que ultimamente difundia um cantante (no sentido mais amplo da palavra), que vinha a dizer que Bill Gates colaborava na fabricaçom das vacinas para o Covid-19, porque iam incluir nela (na vacina) uns nanobots para controlar a todo o mundo através da tecnologia 5G.

E importante destacar as relativas às enfermidades. Do mesmo jeito que aconteceu a meados do século XIV quando apareceu a peste negra em Europa, no que importantes camadas da populaçom, alentadas pola igreja, botavam a culpa a um castigo divino e havia grupos que iam de vila em vila em penitencia, espalhando a doença. Hoje vemos ante a pandemia do Covid-19 repetir-se estas mesmas parvadas, desde setores da igreja católica que de novo vem a origem em um castigo divino, do mesmo jeito que os do DAESH ou ISIS, até quem di que é um vírus criado polos chineses ou os norte-americanos. Existem também outros que optam por negar a existência mesma do vírus, que segundo eles seria umha montagem para os governos controlar a populaçom, isto já ocorrera com a doença da SIDA. Este tipo de reaçons som aproveitadas por gente sem escrúpulos que vendem “medicina alternativa” desde a homeopatia a delinqüentes como Pamies, que propom umha soluçom similar à que oferecera Trump, mas por via oral e nom intravenosa.

O nível de normalizaçom dalgumha destas teorias é incrível, misturando-se com a realidade e sendo apenas distinguíveis para umha pessoa normal. Às vezes é muito complicado distinguir a realidade da ficçom ou a ciência do engano, se umha pessoa se senta simplesmente a ver a televisom e entra em canais de documentais (National Geographic, Discovery Channel...) no meio de documentais científicos ou históricos, atopamos autênticas jóias das teorias conspiratórias. Por citar umha série destas, Alienígenas, com polo menos 12 temporadas e mais de 14 capítulos em cada umha delas, e há mais séries que esta, e das mais variadas temáticas.

Mas criaçom e espalhamento das teorias conspiratórias, som consubstanciais ao ser humano e nom se podem evitar, ou nom?. Muitas vezes é estranho comprovar a permissividade com algumhas delas, quando nom som alentadas e espalhadas. É verdade que temos tendência a buscar sempre explicaçons alternativas a todo o que temos arredor, incluso um mesmo fenómeno observado por várias pessoas é percebido de maneira diferente por todas elas, mas como seres racionais somos também capazes de racionalizar o que percebemos para compreender o nosso entorno, desbotando o irracional que nom nos serve para viver e menos para evoluir social e culturalmente. Mas vemos atitudes que vam desde a indiferença à toleráncia, quando nom a promoçom de algumhas teorias conspiratórias por parte do poder. Quando isto ocorre podemos tirar duas conseqüências, umha primeira é que enquanto estamos coa cabeça nisto nom vemos percebemos com tanta claridade os problemas reais, e umha segunda mais perversa, dar naturalidade a informaçons falsas ou incluso inventadas que utilizam os mesmos canais nas redes sociais e que a populaçom assimila sem questionar. As campanhas eleitorais de Trump em USA ou Bolsonaro em Brasil funcionárom desta maneira, e no estado espanhol é utilizado este método sistematicamente por VOX e agora também polo PP, as famosas fakenews tenhem o terreno já fertilizado. Normaliza e depois todo vale. Só mais umha cousa, há teorias para todos e todas, há que ser muito rigoroso com a informaçom e comprovar antes de difundir, e se informar quando um tem dúvidas. O compromisso e a militáncia estám ligados à seriedade e o rigor.