O marisqueio na Galiza
Há já anos que desde a Junta fala-se da profissionalizaçom do sector, mas é isto um trabalho real?,
O marisqueio no nosso pais, passou de ser umha actividade secundaria, um complemento na alimentaçom e nos ingressos familiares, a se converter num oficio. Mas um trabalho que ainda hoje, está muito longe de ser "normal".
É em Portugal onde som chamados apanhadores de marisco onde se evidencia mais a origem deste oficio, vestígio das primeiras actividades humanas de caçar e apanhar. Mas hoje, o marisqueio é muito mais que o simples feito de apanhar o marisco. Há já tempo que é umha actividade de semicultivo, onde se intervém em todo o processo, desde o acondicionamento do substrato até incluso a depuraçom e venda do marisco apanhado.
Das 4.000 pessoas que hoje se dedicam ao marisqueio a pé (sector maioritário do total do marisqueio), a grande maioria som mulheres. E ainda no marisqueio desde embarcaçom, a sua presença é cada vez maior.
Há já anos que desde a Junta fala-se da profissionalizaçom do sector, mas é isto um trabalho real?, ou é simplesmente umha série de "parches", e actuaçons, umhas vezes de maquilhagem o outras claramente contrárias a esta denominaçom?.
O primeiro problema é o estado do meio onde se trabalha, é dizer, os bancos marisqueiros. Bancos que igual que o resto do litoral galego estám a sofrer umha degradaçom brutal. Perdemos de ano em ano zonas de marisqueio e bancos de pesca. Os recheios incontrolados e a falta de estaçons de depuraçom de aguas residuais (EDAR), som os principais responsáveis. Que fai a Junta?, limita-se a fazer as analises de controlo das zonas de marisqueio. Nom há controlo dos recheios nem pressom para a imediata construçom das EDAR. Em vez disso, inventa cousas como a moratória das zonas C (já tratado em outro artigo), que servem para lavar a cara da administraçom, permitem o avance das zonas C, e nom solucionam, se nom que causam problemas ao marisqueio.
O segundo factor a ter em conta som as espécies de moluscos que se capturam. Aqui a actuaçom da Conselharia do Mar nom melhora, temos moluscos muito cotizados e que som símbolo dumha qualidade excepcional em qualquer mercado. O marisco ao igual que o peixe galego vendem, e vendem bem. Entende-se com isto que o trabalho da Conselharia tem que ir no caminho de proteger as nossas espécies, seria o lógico, nom?. Pois nom é assim. Nas hatcheries (centros de reproduçom) que tem a Conselharia do mar a espécie predominante é a ameixa japonesa, originaria de Asia. Espécie que se regala ás Confrarias, nom há mais que visitar a página de "Pesca de Galicia" para ver o espectacular incremento das capturas de a. japonesa. Tem mais qualidade ou melhor preço?, nom, é de pior qualidade e paga-se menos, mas aguanta-o todo (contaminaçom e zonas degradadas). E isto umha política de melhora?. Está claro que junto á moratória das zonas C é outra actuaçom mais contra o sector. Nom é umha medida de futuro, é outro "parche".
Numha mistura destes dos primeiros factores podemos falar das regeneraçons de bancos marisqueiros, levadas a cabo, ou bem directamente desde a Conselharia, ou desde as Confrarias com o apoio desta. É umha medida habitual a regeneraçom de bancos marisqueiros com semente de diferentes espécies, ainda que fundamentalmente com japonesa, prática que começou a ser habitual com o desenvolvimento do plano Galiza (finais do século passado). Se a produçom baixa devido ao deterioro do banco, tem sentido botar semente?, nom seria adequado antes melhorar o banco e a possibilidade de captar semente por si próprio?. Ademais sempre existe o perigo, algumha vez depois confirmado de importar parasites ou outras espécies que "acompanham" á semente.
O terceiro factor, a gestom dos recursos. Hoje a maior parte das Confrarias tenhem assistência técnica,. Umha pessoa encargada do controlo dos bancos, recursos, gestom, elaboraçom e aplicaçons de planos de melhora junto ás mariscadoras e mariscadores. Som as pessoas mais perto do sector e dos recursos. Mas aproveita-se este trabalho de forma eficaz?. Depois de mais de 10 anos, começou-se a finais de 2010 a aplicaçom dum programa unificado de recolhida e tratamento de dados, ainda que muito genérico (para as diferentes modalidades, espécies...) e melhorável, é um passo enorme cara a umha utilizaçom efectiva do trabalho das assistências técnicas. Agora aguardemos que nom tardem outros dez anos em fazer caso á informaçom e trabalho feito.
Queda-nos o fundamental, as mariscadoras e mariscadores. Porque, por muitos, bancos, ameixas e biólogos que tenhamos, se ninguém as apanha, nom há de que falar. Neste colectivo é provavelmente ainda mais clara a política da Junta de desmantelamento do sector, só com mirar os números é mais que evidente. As 4.000 mariscadoras a pé de hoje, há dez anos eram 8.000. Sona um pouco estranho. Como é possível que, sendo um dos principais sectores económicos galegos, com umha produçom vendida antes de apanha-la, perda em tam só dez anos a metade das trabalhadoras e trabalhadores?. Podemos pensar que nom há gente que queira trabalhar de mariscador, mas é o contrário há colas para conseguir permex em todas as Confrarias. Como se entende entom?. Como ocorre no resto dos sectores produtivos deste pais há umha política de desmantelamento, mais ou menos rápida mas continua. Nem as vacas deixam de dar leite, nem o peixe se vai do mar.
Perdemos trabalhadores, mas que passa aos que quedam, e as poucas e poucos que se podem incorporar?. É claro para qualquer pessoa que o trabalho ao ar livre é penoso por depender da meteorologia, chuva, sol, frio..., mas também a posiçom de trabalho e as ferramentas (eu ainda nom conheço nem o sacho nem o ranho ergonómico) fano ainda mais dificultoso. Ante isto o que temos é a prática inexistência de reconhecimento de enfermidades próprias deste trabalho, nem o reconhecimento do risco que tem, com a aplicaçom de coeficientes de reduçom para a cotizaçom a S.S. ( por exemplo, na captura do percebe). É duro ver a mulheres e homens de mais de 60 anos tirando dum ranho, agachar polas pedras, ou velos cavando na praia em pleno inverno metidos no mar e chovendo por eles. Mas a efeitos da S.S. som como qualquer outro trabalhador, mesmo um que trabalhe numha oficina.
Um sector marisqueiro com futuro necessita um compromisso real, só desde umha visom de pais podemos desenhar umha política marisqueira com futuro, que gere riqueza e crie postos de trabalho dignos. Para isso precisamos:
• Controlo dos recheios, remate e posta em funcionamento das EDAR, controlo das indústrias á carom do mar.
• Recuperaçom dos bancos marisqueiros perdidos e/ou danados, executando o exposto no ponto anterior e realizando regeneraçons de praias para o futuro, especialmente a melhora do substrato.
• Utilizaçom por parte da Conselharia de todos os recursos que tem, desde os biólogos de zona até as assistências técnicas, coordenar toda a informaçom e elaborar planos de futuro viáveis e adaptados a cada umha das circunstancias específicas.
• Promoçom das espécies próprias frente ás forâneas, som as que melhor se adaptam ao nosso meio, as de mais qualidade e as mais cotizadas.
• Profissionalizaçom real do sector, que nom consiste em dar um "permex", senom em formar, defender os direitos, reconhecer as enfermidades próprias do oficio, atribuir coeficientes redutores na cotizaçom á S.S. em funçom da penosidade do trabalho. Utilizaçom de maquinaria naqueles trabalhos nos que seja possível (limpeza de algas, arados...) que melhorem o rendimento e limitem os trabalhos duros e penosos. Coordenaçom das mariscadoras, assistências técnicas, Conselharia, para realizar umha gestom do recurso adequada ás características de cada recurso e cada banco.
Se ainda há marisqueio é porque o sector si tem claro que quere seguir adiante, o que nos falta é um governo que o assuma.
O marisqueio no nosso pais, passou de ser umha actividade secundaria, um complemento na alimentaçom e nos ingressos familiares, a se converter num oficio. Mas um trabalho que ainda hoje, está muito longe de ser "normal".
É em Portugal onde som chamados apanhadores de marisco onde se evidencia mais a origem deste oficio, vestígio das primeiras actividades humanas de caçar e apanhar. Mas hoje, o marisqueio é muito mais que o simples feito de apanhar o marisco. Há já tempo que é umha actividade de semicultivo, onde se intervém em todo o processo, desde o acondicionamento do substrato até incluso a depuraçom e venda do marisco apanhado.
Das 4.000 pessoas que hoje se dedicam ao marisqueio a pé (sector maioritário do total do marisqueio), a grande maioria som mulheres. E ainda no marisqueio desde embarcaçom, a sua presença é cada vez maior.
Há já anos que desde a Junta fala-se da profissionalizaçom do sector, mas é isto um trabalho real?, ou é simplesmente umha série de "parches", e actuaçons, umhas vezes de maquilhagem o outras claramente contrárias a esta denominaçom?.
O primeiro problema é o estado do meio onde se trabalha, é dizer, os bancos marisqueiros. Bancos que igual que o resto do litoral galego estám a sofrer umha degradaçom brutal. Perdemos de ano em ano zonas de marisqueio e bancos de pesca. Os recheios incontrolados e a falta de estaçons de depuraçom de aguas residuais (EDAR), som os principais responsáveis. Que fai a Junta?, limita-se a fazer as analises de controlo das zonas de marisqueio. Nom há controlo dos recheios nem pressom para a imediata construçom das EDAR. Em vez disso, inventa cousas como a moratória das zonas C (já tratado em outro artigo), que servem para lavar a cara da administraçom, permitem o avance das zonas C, e nom solucionam, se nom que causam problemas ao marisqueio.
O segundo factor a ter em conta som as espécies de moluscos que se capturam. Aqui a actuaçom da Conselharia do Mar nom melhora, temos moluscos muito cotizados e que som símbolo dumha qualidade excepcional em qualquer mercado. O marisco ao igual que o peixe galego vendem, e vendem bem. Entende-se com isto que o trabalho da Conselharia tem que ir no caminho de proteger as nossas espécies, seria o lógico, nom?. Pois nom é assim. Nas hatcheries (centros de reproduçom) que tem a Conselharia do mar a espécie predominante é a ameixa japonesa, originaria de Asia. Espécie que se regala ás Confrarias, nom há mais que visitar a página de "Pesca de Galicia" para ver o espectacular incremento das capturas de a. japonesa. Tem mais qualidade ou melhor preço?, nom, é de pior qualidade e paga-se menos, mas aguanta-o todo (contaminaçom e zonas degradadas). E isto umha política de melhora?. Está claro que junto á moratória das zonas C é outra actuaçom mais contra o sector. Nom é umha medida de futuro, é outro "parche".
Numha mistura destes dos primeiros factores podemos falar das regeneraçons de bancos marisqueiros, levadas a cabo, ou bem directamente desde a Conselharia, ou desde as Confrarias com o apoio desta. É umha medida habitual a regeneraçom de bancos marisqueiros com semente de diferentes espécies, ainda que fundamentalmente com japonesa, prática que começou a ser habitual com o desenvolvimento do plano Galiza (finais do século passado). Se a produçom baixa devido ao deterioro do banco, tem sentido botar semente?, nom seria adequado antes melhorar o banco e a possibilidade de captar semente por si próprio?. Ademais sempre existe o perigo, algumha vez depois confirmado de importar parasites ou outras espécies que "acompanham" á semente.
O terceiro factor, a gestom dos recursos. Hoje a maior parte das Confrarias tenhem assistência técnica,. Umha pessoa encargada do controlo dos bancos, recursos, gestom, elaboraçom e aplicaçons de planos de melhora junto ás mariscadoras e mariscadores. Som as pessoas mais perto do sector e dos recursos. Mas aproveita-se este trabalho de forma eficaz?. Depois de mais de 10 anos, começou-se a finais de 2010 a aplicaçom dum programa unificado de recolhida e tratamento de dados, ainda que muito genérico (para as diferentes modalidades, espécies...) e melhorável, é um passo enorme cara a umha utilizaçom efectiva do trabalho das assistências técnicas. Agora aguardemos que nom tardem outros dez anos em fazer caso á informaçom e trabalho feito.
Queda-nos o fundamental, as mariscadoras e mariscadores. Porque, por muitos, bancos, ameixas e biólogos que tenhamos, se ninguém as apanha, nom há de que falar. Neste colectivo é provavelmente ainda mais clara a política da Junta de desmantelamento do sector, só com mirar os números é mais que evidente. As 4.000 mariscadoras a pé de hoje, há dez anos eram 8.000. Sona um pouco estranho. Como é possível que, sendo um dos principais sectores económicos galegos, com umha produçom vendida antes de apanha-la, perda em tam só dez anos a metade das trabalhadoras e trabalhadores?. Podemos pensar que nom há gente que queira trabalhar de mariscador, mas é o contrário há colas para conseguir permex em todas as Confrarias. Como se entende entom?. Como ocorre no resto dos sectores produtivos deste pais há umha política de desmantelamento, mais ou menos rápida mas continua. Nem as vacas deixam de dar leite, nem o peixe se vai do mar.
Perdemos trabalhadores, mas que passa aos que quedam, e as poucas e poucos que se podem incorporar?. É claro para qualquer pessoa que o trabalho ao ar livre é penoso por depender da meteorologia, chuva, sol, frio..., mas também a posiçom de trabalho e as ferramentas (eu ainda nom conheço nem o sacho nem o ranho ergonómico) fano ainda mais dificultoso. Ante isto o que temos é a prática inexistência de reconhecimento de enfermidades próprias deste trabalho, nem o reconhecimento do risco que tem, com a aplicaçom de coeficientes de reduçom para a cotizaçom a S.S. ( por exemplo, na captura do percebe). É duro ver a mulheres e homens de mais de 60 anos tirando dum ranho, agachar polas pedras, ou velos cavando na praia em pleno inverno metidos no mar e chovendo por eles. Mas a efeitos da S.S. som como qualquer outro trabalhador, mesmo um que trabalhe numha oficina.
Um sector marisqueiro com futuro necessita um compromisso real, só desde umha visom de pais podemos desenhar umha política marisqueira com futuro, que gere riqueza e crie postos de trabalho dignos. Para isso precisamos:
• Controlo dos recheios, remate e posta em funcionamento das EDAR, controlo das indústrias á carom do mar.
• Recuperaçom dos bancos marisqueiros perdidos e/ou danados, executando o exposto no ponto anterior e realizando regeneraçons de praias para o futuro, especialmente a melhora do substrato.
• Utilizaçom por parte da Conselharia de todos os recursos que tem, desde os biólogos de zona até as assistências técnicas, coordenar toda a informaçom e elaborar planos de futuro viáveis e adaptados a cada umha das circunstancias específicas.
• Promoçom das espécies próprias frente ás forâneas, som as que melhor se adaptam ao nosso meio, as de mais qualidade e as mais cotizadas.
• Profissionalizaçom real do sector, que nom consiste em dar um "permex", senom em formar, defender os direitos, reconhecer as enfermidades próprias do oficio, atribuir coeficientes redutores na cotizaçom á S.S. em funçom da penosidade do trabalho. Utilizaçom de maquinaria naqueles trabalhos nos que seja possível (limpeza de algas, arados...) que melhorem o rendimento e limitem os trabalhos duros e penosos. Coordenaçom das mariscadoras, assistências técnicas, Conselharia, para realizar umha gestom do recurso adequada ás características de cada recurso e cada banco.
Se ainda há marisqueio é porque o sector si tem claro que quere seguir adiante, o que nos falta é um governo que o assuma.