Memória Historica: tomarmos em serio a Vicetto e a Murguia
Existe uma discontinuidade entre o nacionalismo galego da Geração Nos e o que se reconstituiu nos anos 60. Esta discontinuidade ve-se especialmente no caso da história. A conta duma focagem supostamente mais científica, o nacionalismo galego passou a ter uma visão da História da Galiza que em pouco diferia da visão oficial espanhola. Nesse processo as obras históricas de Benito Vicetto e Manuel Murguia foram arrombadas como trastos velhos aos que um historiador sério não podia fazer caso.
As obras de Vicetto e Murguia descartaram-se como atrasadas e cando alguém as reivindicava, a Murguia sobre todo, era coa boca pequena. A Vicetto não o reivindicava praticamente ninguém; e quem lhe dera ao nacionalismo galego de hoje ter um historiador coa projeção pública e a influência popular que tivo no seu dia Vicetto.
Mas ainda a dia de hoje Murguia e Vicetto continuam a ser olvidados e a consequência disto foi que o nacionalismo galego era, e ainda é, ignorante da sua tradição historiográfica e mesmo da sua história.
Tampouco é cousa de negar os defeitos; não toda a obra destes autores tem o mesmo nível. Os prólogos de Murguia não interessam grande cousa a um leitor de hoje. E calquer leitor que começar a História de Galicia de Vicetto polo princípio vai pensar que lhe estão a tomar o pelo. Vicetto apresenta uns personagens para explicar as origes da Galiza que a dia de hoje casam mais com Tolkien que co que entendemos por história.
Mas um livro de história não é uma novela de detectives, e começarmos polo princípio não é obrigatório. E o realmente importante das histórias de Vicetto e Murguia está mais adiante.
Dous Exemplos:
Um exemplo é que a o nacionalismo desconhecia a idea do Reino da Galiza como uma entidade permanente durante toda a Idade Média e boa parte da Moderna, mesmo cando não tinha um rei de seu. É coa publicação do livro A memória da Nación. O reino de Gallaecia de Camilo Nogueira de 2001 que o tema volta ter importância. Pois bem, na história de Vicetto, não paga a pena por exemplos; é um tema constante.
Outro exemplo é a moita importância que tanto Vicetto como Murguia concedem ao Reino Suevo da Galiza. Mesmo chegam a publicar a boa parte das fontes. Mas as obras sobre o reino dos suevos adoitam citar uma bibliografia que não vai mais atrás do livro Galicia Sueva de Casimiro Torres de 1977. Ê que Torres tem uma visão da Galiza Sueva que difire no substancial da de Murguia?. Mais bem não.
E logo não seria melhor debatermos sobre os originais?