Considerações sobre a Historia da Galiza

Considerações sobre a Historia da Galiza

Nos artigos desta serie venho formulando o conceito de que a população da Galiza falava uma língua celta do grupo gaélico antes, durante e despois da conquista romana. A chegada desta língua ao Occidente da Europa pudo ser a finais do paleolítico segundo o Paradigma da Continuidade Paleolítica de Mário Alinei e outros autores. Segundo a Teoria “*Celtic from the West*” de Cunliffe e Koch podia ter chegado coa agricultura ou cós megalitos e não pudo ser mais tarde do Bronze Final. Em calquer caso estamos a falar duma língua ou línguas do grupo céltico que se falariam na nossa terra há mais de 3000 anos no caso mais recente —e menos provável—.
Não é a minha intenção formular agora um marco histórico definitivo —ainda falta para isso— senão chamar a atenção sobre alguns aspectos da nossa historia como nação que é preciso ter em conta. Neste artigo limitarei a umas indicações:

Ilhamento da Meseta: As saídas naturais da Galiza actual cara a Meseta sao tres: Pedrafita, Padornelo e a brecha do Sil, tres passos dous deles de montanha. De passarmos a raia temos o corredor Miranda de Douro-Bragança-Chaves que tampouco é moi chao. Pola contra o corredor do Cantabrico, e o corredor da Chaira portuguesa, comunicam a Galiza sem graves problemas coa costa cantábrica até a Franza e coa enteira fachada atlântica de Portugal. A Consecuencia disto é que Galiza não é, e nunca foi em orige, um território periférico da Península Ibérica senao um chanzo, de importância variável numa rota marítima.

O Mar: A Galiza está situada numa rota comercial entre os finisterres Atlânticos da Europa e as costas de Fenícia, Egipto e Grécia. As mais das influencias formadoras chegaram por essa rota, tanto numa direcção como na outra. A agricultura, os megalitos, os metais etc. Ainda na Baixa Idade Media o comercio dos portos das Rias Baixas (Ponte-Vedra, Redondela, Vigo etc) era por mar co Mediterrâneo e não coa Meseta. Isto mesmo cando havia um reino de Granada e os reinos cristãos não controlavam o estreito.

Romanização feble: A romanização não tivo o efeito que se lhe atribui, que nalgumas versões vai da agricultura até os castinheiros. A questão é delimitar o que trouxeram os romanos como o arado romano ou a maneira de talhar a pedra do que não, ja devia haver arados antes e a pedra também se talhava ainda que doutra maneira. A organização social, a língua, mesmo o modo de habitação não cambiaram substancialmente durante o Império romano. A importância do latim é moito menor do que se adoita pensar, que seja a língua escrita durante um milénio não implica que se falasse. As tres capitais de Braga, Astorga e Lugo mais o acampamento legionário de Leão e a colónia de Chaves são as cidades que havia em toda a província, demasiado pouco para aculturar um território tão populoso como o que descreve Plinio.

Continuidade: A Idade Media antes do ano 1000 (como data de referencia) supõe uma continuação do período dos castros mais que do romano, ainda que permanecem elementos deste último como as cidades, combinados com outros elementos, como a reocupação dos castros. O projecto Repúblicas de homes libres acha a cada passo castelos nos nossos montes que não tem sentido na lógica do feudalismo e que não sabemos bem que funções teriam.

Cluny: Pola contra os câmbios posteriores ao ano 1000 são moito mais importantes do que se adoita crer. É nesse momento cando se produz a plena romanização da lingua e as instituições; e o responsável não foi o Império Romano, foi a Igreja de Roma. O papado passou a controlar as nossas dioceses ao mesmo tempo que patrocinava o caminho de Santiago e que dous herdeiros da —até aquela pouco importante— casa de Borgonha casavam coas herdeiras do rei Afonso VI. O denominador comum de todos estes câmbios foi a orde de Cluny —coa sé central na Borgonha— e seu papel está moi pouco estudado aparte dos panegíricos laudatórios a maior gloria da Igreja.
A maior parte destes pontos mereceriam vários artigos de seu, e tampouco são novos, a Geração Nos ja adiantara uma boa parte, mas co exposto abonda por agora para se fazer uma idea da cantidade de pressupostos errados cos que estamos a enfocar a historia da Galiza.