Celtas na Galiza: traços gramaticais que parecem celtas

Celtas na Galiza: traços gramaticais que parecem celtas

Há uma chea de traços na gramática do galego que amosam paralelismos coas línguas celtas. Vou sinalar três nada mais, pola sua importância:

-O mais escandaloso é a existência em todo o gaélico duma diferencia entre ser e estar. A diferença entre bion e . Este traço não existe nas línguas romances fora da Península. Mesmo o catalã não o tem. Na parte das línguas celtas o grupo britónico (bretão, córnico e galês) carece del, e tampouco há indícios de que o galo o tivesse. Trata-se, logo, dum traço que emparenta as linguas gaélicas co romance peninsular: galego-português, astur-leonês, navarro-aragonês e castelhano. Como explica-lo se não há um parentesco?

-A estrutura típica das línguas celtas é VSO (verbo/sujeito/objeto). O verbo diante, que no galego é um fóssil, deixa exemplos abondo nos refrães: Para quem não quere tenho eu muito. Isto é assim mesmo no castelhano; ande yo caliente y ríase la gente; já aparece no Quijote. Não é que todos os refrães sejam assim, é que cando se quer parodiar um refrão copia-se esta estrutura, é a típica. E a estrutura típica dum refrão tem que ser bem antiga. Estes traços aparecem também nas outras línguas do grupo romance hispano, só que o galego tem mais.

-Responder co verbo. Uma característica tão própria do galego que é a maneira enxebre de responder: Foches a casa? Fum. ‘Casualmente’ é a maneira estandar de responder das línguas celtas.Podem-se buscar mais exemplos mas coido que co exposto abonda para amosar que este asunto precisa uma investigação por extenso. De feito a única que se leva feito achou todo tipo de coincidências. Trata-se de Le substrat celtique en castillan et en galicien de Robert Omnes, um filólogo bretão já falecido. O artigo publicou-se no 1999 nas actas dum congresso e os efeitos nas nosas faculdades de filologia ainda estão por ver.

Esta serie de artigos já leva um tempo e considero que chegou o momento de cambiar de enfoque. A esta altura a maioria dos leitores já terão claro que há motivos sérios para pensar que o galego tem um substrato céltico moi importante. Os que não, não vão mudar de opinião por mais exemplos.

Este artigo será o último em tentar demostrar a presença na Galiza duma população que falava gaélico ou uma língua estreitamente emparentada. Nos próximos artigos desta serie vou dar iso por suposto. Cando en diante fale de esa lingua celta do grupo Goidélico que se falou na Galiza chamarei-lhe simplesmente Galaico.

Chegou o momento de ocuparmos das implicações que a presença deses celtas tem para a história da Galiza. Por tanto o próximo artigo desta serie serão um resumo histórico.