A orige de Mosqueira
O artigo de César Varela, As Mezquitas de Galicia II propõe a hipótese de que Mosqueira, tanto em nomes de lugar como em apelidos significaria vigia, no que concordo, sem entrar no que di sobre o topónimo Mezquita. Por tanto, parabéns a César Varela polo seu artigo. Compre sinalar os que me parecem dous grandes acertos:
- Relacionar as formas galegas coas de outras línguas.
- Empregar os apelidos para afinar a hipótese.
Pola contra, á hora de buscar a etimologia, há que criticar a metodologia seguida. Que segue a ser a mesma na maioria dos trabalhos sobre toponímia da Galiza: escolher uma raiz latina e tortura-la até que ela confessar. Convém precisar os problemas:
- Estamos a falar dum vocábulo de orige militar. Se se tratar duma palavra estendida no resto das línguas romances não haveria problema, mas não é o caso.
- De falarmos duma palavra empregada no latim tampouco seria um problema. O galego, como o resto das línguas romances, tem traços abondo de tecnologia militar latina. Mas a palavra tampouco existe no latim.
- O que não é possível é que uma palavra duma língua que não se falava originasse um termo técnico. Mais cando a forma latina moneo e a galega que supostamente deriva dela não se parecer apenas. Mesmo o manter Mosqueira em troques de mosceira aponta cara um celtismo.
Menos se pode crer que uma criação a partires do latim, que por força teria que ser um cultismo, ficasse opaca. O latim era a língua de cultura da Idade Média; a lista de cultos e meio-cultos a latinizar palavras e topónimos, mesmo as que não tinham nada a ver co latim, era longa de mais para permiti-lo. Se Mosca/Mosqueira nada significava para os escrivães da época é porque não vinha do latim.
Pola contra uma olhada a um dicionário de gaélico da Escócia achega, á primeira, uma raiz coa forma e o significado requeridos. Assim no dicionário de MacBain: mosgail waken, arouse, Irish músguilim, músglaim, Middle Irish romuscail, he awoke, musclait, they wake: *imm-od-sc-al, root sec of dùisg.
Por tanto despertar, levantar. Isto casa bem coa idea de posto de vigia que propõe César Varela, mas não é definitivo.
O dicionário de MacLennan precisa que a pronuncia era /mosgil/ que soaria como mosquil no galego. Também nos achega outras duas formas, que aclaram ainda mais a questão: são mosgalach (pronunciado /moscalagh/ ) e mosgalaghd case coa mesma pronuncia.
A primeira é um adjectivo que significa desperto, vigilante. A segunda é o substantivo correspondente; vigília, vigilância. O que cadra exactamente co sentido proposto para Mosqueira.
Os câmbios fonéticos são bem mais simples que no caso do latim. Passar um ‘l’ a um ‘r’ e trivial no galego. E dado que uma palavra galega não pode rematar em ‘gh’ a desaparição do som não tem nada de especial. O ditongo pode-se explicar, tanto no passo ao galego, como numa versão mais antiga da palavra gaélica e precisaria uma investigação mais demorada.
Em conclusão, outra vez, a pouco que se pesquisar o significado dum topónimo, ou de calquer palavra semelhante, no galego, assoma a cabeça o gaélico. E ainda há haver bastantes mais.