A organización territorial dos galaicos

A organización territorial dos galaicos
Este artigo vem motivado em parte pola visita á exposição Galaicos E por várias leituras, nas que acho a faltar uma proposta deste tipo.

Partimos dum paralelismo com a situação da Idade Media. No século V da nossa era desapareceu o Império Romano, as fronteiras deixaram de ser seguras, comezaram a aparecer fortificações para controlar as fronteiras entre os diferentes reinos bárbaros: os passos de montanha, os principais caminhos etc. A construção de castelos continuou até configurar por toda Europa uma paisagem fortificada, na que as as aldeas, as cidades, as residências dos senhores e mesmo algumas granjas isoladas estavam fortificadas. Mas este processo não foi dum dia para outro: a culminação da fortificação ocorreu entre o século XII e XIII, isto supõe entre 700 e 800 anos segundo os territórios. O desenvolvimento da cultura dos castros deveu de ser parecido. Desde o começo cerca do 800 ane até a conquista romana no câmbio de era.

Os castros

O primeiro é que não todos os castros eram a mesma cousa. A função variava dependendo da época e a situação. O segundo, e mais controvertido, é que não todo eram castros.

Haveria castros de vários tipos e com diferentes funções: fortalezas, residências senhoriais, mosteiros etc ao igual que os castelos e paços do feudalismo que variavam desde a função militar estrita até a residência senhorial com pouca fortificação. Os castros da Primeira Idade de Ferro, os mais antigos, seriam o equivalente aos castelos roqueiros que controlavam pontos estratégicos no território.

As citânias

Alguns arqueólogos não concordam coa divisão citânia/castro e o nome técnico delas seria oppidum, plural oppida. Imos a empregar citânia porque o significado de castro grande e monumental está claro, fosse ou não o original. O exemplo mais famoso, entre nos, seria Santa Trega.

Por toda Galiza há uns lugares que Manuel Gago chama castelos valeiros que corresponderiam a uma ocupação estacional no verão. Para aproveitar os pastos de verão, os curros, as estivadas (cultivos milho miudo, entre outros) e outras actividades. A proteção contra ataques seria uma função importante —o verão era a estação da guerra— e de ai que estes lugares ficaram valeiros durante a época imperial e voltassem a ser ocupados á fim do Império. O abandono deveu de ser paulatino, as famílias simplesmente deixaram de subir ao castelo no verão.

As citânias aparecem no registro arqueológico ao mesmo tempo que a influência romana. Não seriam espaços novos: seriam a monumentalização dos castelos valeiros na zona de contacto coa influência do poder romano. Esta influência deu-se na época anterior ao control efectivo como parte duma província romana: por isso os territórios que entraram directamente baixo o controle do estado romano (a Gallaecia lucense) não experimentaram esta fase e não tem apenas citânias. A monumentalidade das citânias correspondia provavelmente cum câmbio político e social, nos territórios afectados. Uma outra consequência seria a separação entre a Gallaecia Lucense e a Bracarense, que dividia aproximadamente a zona com influência romana previa da que começou a se relacionar directamente com Roma depois da conquista.

As aldeias

Uma boa parte ou a maioria da população devia vivir nas aldeias onde ainda vivem os seus descendentes. Um exemplo seria Castrolandin no concelho de Cuntis. O castro era uma residência senhorial com poucas vivendas, o que implica a existência duma população dependente perto do castro. O candidato evidente é a aldeia actual de Castrolandin, que está ao pê do castro. Não deveria ser difícil achar outros casos, o difícil é poder escavar em lugares que ainda estão habitados. Uma proba disto são os topónimos: a cantidade de nomes de lugar ininteligíveis em galego, que não deveriam existir se a sua fundação fosse produto da romanização.

Os encraves

Espaços extra-território, os Hong Kong da época: Brigantium, Baronha, o castro de Punta Langosteira, a Lançada etc. A falta de fontes escritas fai difícil determinar que era cada cousa, mas podemos supor que havia dous tipos de encraves:


  • Os cliff castles que havia por toda a fachada atlântica da Europa. Todos ou uma maioria destes lugares eram obradoiros metalúrgicos: a zona sem escavar nos penedos de Baronha; também Punta Langosteira, na Corunha, donde se acharam restos de trabalho do metal antes de desfazer o castro.

  • As factorias dos fenícios. A cantidade de material de origem fenícia nos castros da nossa costa implica que devia haver assentamentos fenícios assim fossem estacionais. Mas para os achar primeiro temos que busca-los e ter uma ideia do que estamos buscando. O exemplo mais claro seria a Lançada, onde se acharam restos de muros num aparelho que os romanos chamavam opus punicum.